Publicado em 6 de novembro de 2020 às 22:38
Após ter atuado como observador convidado das eleições norte-americanas esta semana, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, disse não ter visto nenhum sintoma de fraude no pleito, como tem afirmado o presidente e candidato à reeleição presidencial, Donald Trump. >
Desde a última quarta-feira (4), o presidente americano tenta que a apuração dos votos seja interrompida e pede a recontagem de votos, alegando, sem apresentar provas ou indícios, que o Partido Democrata tenta fraudar a votação que determinará quem liderará os Estados Unidos pelos próximos quatro anos. Ainda na quarta-feira, mesmo sem a contagem de todos os votos ter acabado, Trump se declarou o vencedor.>
Nos Estados Unidos, Barroso visitou locais de votação no Estado de Maryland e em Washington D.C. e conversou com mesários, eleitores e autoridades eleitorais. Ele relatou a experiência em entrevista coletiva em Vitória, nesta sexta-feira (6), após participar do 8º Fórum Liberdade e Democracia. >
"Não me cabe fazer juízo de valor sobre os dirigentes de outros países. O que posso dizer é que, pelo que eu vi, o sistema me pareceu funcionando adequadamente, não vi nenhum sintoma de fraude. Houve um problema operacional, que é a possibilidade que há nos Estados Unidos de as pessoas fazerem o voto antecipado", avaliou o ministro. >
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O voto pode ocorrer tanto antes das eleições, comparecendo à seção eleitoral ou pelo correio. Nessas eleições, em razão da pandemia de Covid-19 e do fato de os Democratas incentivarem seus eleitores a votar antecipadamente, houve uma grande quantidade de votos antecipados cerca de 100 milhões , e eles passaram a ter um peso muito relevante. Já o partido Republicano, que tem uma posição mais negacionista em relação à pandemia, convocou as pessoas a comparecer e votar no dia oficial, 3 de novembro.>
"Houve maior quantidade de votos Republicanos no dia das eleições, e mais votos Democratas na votação antecipada. E esses votos antecipados é que estão definindo o resultado das eleições. Mas a votação antecipada era prevista na regra do jogo, então tentar dizer que ela é fraudulenta ou inválida não me parece um argumento indefensável", comentou o ministro.>
Ele acrescentou que esta postura de contestar o resultado das urnas não é exclusivo dos Estados Unidos. >
"Em quase toda parte do mundo, com muita frequência, quem perde tem uma retórica depreciativa do sistema. Mas uma coisa que eu aprendi na vida como juiz é a separar declarações retóricas que faz parte da política , dos fatos. Lido com fatos e provas. Geralmente a retórica faz parte de uma fumaça e temos que olhar além da fumaça, se estivermos no Judiciário.">
Barroso também criticou os candidatos que têm insistido promover aglomerações, como as registradas no Espírito Santo, mesmo com as recomendações dos cuidados necessários para a prevenção da Covid-19. >
"A nossa recomendação é que os candidatos evitem as aglomerações, que, em caso de necessidade de reunião, façam em lugar aberto, com distanciamento social e máscara. Queremos que a eleição seja uma festa a ser comemorada e não um momento de disseminação da doença. Lamento se as pessoas estiverem descumprindo isso".>
Ele também falou sobre o papel da Justiça Eleitoral neste controle. "As normas de distanciamento são ditadas pelos municípios. O que podemos fazer é ditar as recomendações e não admitir que o eleitor vote sem máscara. E não é uma questão de livre arbítrio, é uma proteção de terceiros. O uso da máscara revela muito sobre quem a utiliza", frisou. >
O ministro Luís Roberto Barroso detalhou como vai funcionar a votação nas eleições de 15 de novembro, que terão que observar os protocolos de prevenção para a Covid-19. >
Questionado sobre sua avaliação sobre o uso do fundo eleitoral para financiamento de campanhas pela primeira vez nas eleições municipais, o presidente do TSE opinou que não considera este o modelo ideal, mas que ainda assim é melhor do que o anterior, que permitia o financiamento por empresas. >
O fundo eleitoral em 2020 teve um custo de R$ 2 bilhões, em recursos públicos, para todo o país.>
"Sou a favor do financiamento por pessoas físicas, junto com o fundo partidário, que já existia, e horário de rádio e TV gratuitos. Aí criou-se o fundo eleitoral. Não sou a favor dele, e sim de mecanismos alternativos de financiamento. Mas acho ele menos ruim do que o financiamento por empresas, que é primo da corrupção. R$ 2 bilhões é muito dinheiro, mas a democracia tem um custo", afirmou.>
Ele destacou que esta semana o TSE liberou a realização de show virtual com artista a chamada live para arrecadação de recursos para campanha. No entanto, nesse tipo de evento não pode haver pedido expresso de votos.>
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