Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 22:12
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou, na segunda-feira (07), a prisão preventiva do empresário José Carlos Marcondes Soares, denunciado na Operação Rubi, deflagrada em 2019 após suspeitas de superfaturamento de contratos e pagamento de propinas na Prefeitura de Presidente Kennedy. Na época, o caso levou à prisão a então prefeita da cidade, Amanda Quinta (sem partido). >
Soares estava preso em Linhares desde agosto deste ano, por descumprir as medidas cautelares estabelecidas pela Justiça. Segundo o pedido de prisão do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), ele ainda teria praticado os crimes de violação de domicílio, constrangimento, coação e desobediência.>
Ele é sócio da empresa Limpeza Urbana Serviços LTDA, que prestava serviço de limpeza ao município de Presidente Kennedy. De acordo com a denúncia, ele e o irmão (que também é sócio da empresa) pagavam propina a José Augusto de Paiva, ex-secretário de Desenvolvimento de Presidente Kennedy e marido da prefeita afastada Amanda Quinta. O Ministério Público denunciou o empresário por associação criminosa, corrupção ativa e falsidade ideológica.>
José Soares chegou a ter a prisão decretada em 2019, ficou foragido, mas a Justiça revogou a prisão, a pedido da defesa. Segundo seu advogado, Gualtemar Soares, o empresário atuava com a parte operacional da empresa e cabia ao irmão dele, Marcelo Marcondes Soares, conversar com clientes e prefeituras.>
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"O irmão dele foi delator neste processo e acusou o José como responsável pelo esquema. Só que ele coordenava a parte operacional da empresa, são 600 funcionários. Quem conversava com os prefeitos era o irmão dele", argumenta.>
Como o caso envolve uma prefeita, que tem foro privilegiado, o processo tramita no Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Em agosto, o relator do caso, desembargador Fernando Antônio Zardini, decretou a prisão do empresário alegando que ele havia se encontrado com outro acusado e também não teria chegado em casa até as 18h, conforme determinação judicial.>
José Carlos ficou preso por 90 dias, mas, em julgamento realizado pela Sexta Turma do STJ, por unanimidade, os ministros decidiram que não houve descumprimento de medida cautelar e que, por isso, o réu deveria ser posto em liberdade imediatamente.>
O relator do pedido foi o Ministro Antônio Saldanha Palheiro. No primeiro julgamento, no último dia 24, a Ministra Laurita Vaz pediu vista do processo, mas votou favorável pela ilegalidade da prisão.>
A defesa de José Carlos destacou que a prisão do empresário foi precipitada e arbitrária. Além de ele não ter descumprido nenhuma medida imposta pela Justiça capixaba, não foi lhe dado o direito ao contraditório, ou seja, José Carlos não teve a oportunidade de apresentar provas de que não tinha descumprido nada, afirmou o advogado Gualtermar Soares.>
Até a publicação desta reportagem, o empresário ainda não havia sido solto.>
A Operação Rubi apurou direcionamento de contratos e pagamento de propinas em prefeituras do Sul do Espírito Santo. A primeira fase, deflagrada em maio de 2019, focou despesas da Prefeitura de Presidente Kennedy, apesar de cumprimentos de mandados também em Piúma, Marataízes e Jaguaré. A segunda fase da investigação, em outubro de 2019, teve Piúma como centro.>
Na primeira fase, foram presos em flagrante, por suposto recebimento de propina no valor de R$ 33 mil, a prefeita de Presidente Kennedy, um secretário do município, um contador, um empresário e um motorista.>
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