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Publicado em 3 de agosto de 2021 às 20:55
Ex-assessor de Gerson Camata, Marcos Venicio Moreira Andrade já havia confessado que matou o ex-governador e ex-senador. O crime foi cometido em dezembro de 2018. Mas nesta terça-feira (3) Marcos Venicio sentou no banco dos réus para ser julgado. O destino dele vai ser decidido por sete juradas. >
Em frente ao juiz Marcos Pereira Sanches, ele contou sua versão de como foi o dia do crime: "Tinha esperança de conversar com ele e, lamentavelmente, causei uma tragédia inimaginável. Um sofrimento terrível para família dele e para mim".>
"Não tinha intenção de matá-lo de forma alguma", complementou. A tese da defesa é de que o assassinato não foi premeditado, como acusa o Ministério Público Estadual (MPES).>
Marquinhos, como é conhecido, chegou a interromper o depoimento, chorando, ao se recordar do momento em que sacou a arma.>
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"Eu chamei o senador para conversar por dez minutos e ele fez um gesto obsceno com a mão, disse que não tinha nada para falar comigo. Esperei dez anos para conversar com ele e fiquei surpreso com a reação", afirmou.>
Foi nesse momento que Marcos Venicio sacou a arma e atirou contra o senador, segundo o réu. Ele disse que nem sabia atirar. "Nunca dei um tiro, não sabia que tinha acertado" relatou.>
Na sequência, contou que entrou na loja de um amigo sem saber que Camata havia morrido. E foi nessa loja que aguardou a chegada do delegado (hoje deputado estadual) Danilo Bahiense, a quem entregou arma. >
Marcos Venicio alegou que estava com a arma usada no dia do crime, que foi comprada 15 anos antes, por que iria até a Polícia Federal renovar o registro. Ele transportava a arma sem ter autorização para fazer o transporte, segundo informou o juiz.>
O réu disse que arma ficou guardada em casa durante anos, enrolada em uma blusa de lã.>
Marquinhos, como é conhecido, relatou que havia quase 10 anos queria conversar com Camata sobre denúncias feitas pelo próprio ex-servidor contra o então senador ao jornal "O Globo" em 2009.>
Como as acusações, de caixa dois e rachid – ficar com parte dos salários dos funcionários, prática conhecida também como rachadinha – não foram provadas, Camata processou Marcos Venicio por danos morais. Devido a isso, a Justiça bloqueou R$ 60 mil da conta do réu.>
O crime ocorreu no dia seguinte ao Natal, em 26 de dezembro de 2018. Gerson Camata havia acabado de comprar um livro e cumprimentava conhecidos em uma calçada na Praia do Canto, em Vitória, quando foi abordado por Marcos Venicio, ex-assessor dele. Aos 77 anos, o ex-governador foi morto com um tiro, um crime que chocou o Espírito Santo. >
Marcos Venicio foi detido em flagrante horas depois do assassinato e, no dia seguinte, a prisão foi convertida em preventiva. Ele é mantido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II.>
Em 2019, o ex-assessor confessou o crime em interrogatório prestado ao juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Na ocasião, afirmou que não premeditou o crime e que saber que tirou a vida do ex-chefe é uma “tortura diária”. "O presídio é muito duro, mas mais duro ainda é saber que tirei a vida dele", disse Marcos Venicio, de acordo com a transcrição das declarações prestadas por ele em juízo.>
Assessor de Camata por 20 anos, Marquinhos, como é conhecido, foi denunciado pelo MPES pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Marcos Venicio relatou ao juiz que abordou a vítima para questionar sobre um processo judicial por danos morais movido por Camata, em que o ex-assessor teve cerca de R$ 60 mil na conta bancária bloqueados pela Justiça.>
Ainda em 2019, o ex-assessor foi pronunciado – decisão para conduzi-lo a júri popular – pelo juiz Moulin. A decisão sobre a condenação ou não de Marcos Venicio vai ser tomada pelos jurados e a sentença será proferida pelo juiz de Direito.>
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