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Prefeito de Marechal Floriano quer barrar comissão que pode cassar seu mandato

Prefeito de Marechal Floriano quer barrar comissão que pode cassar seu mandato

Comissão Processante instituída pela Câmara de Vereadores apura denúncias de supostas irregularidades cometidas por Lidiney Gobbi

Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 16:11

Lidiney Gobbi, prefeito de Marechal Floriano
Lidiney Gobbi também é alvo de uma CPI na Câmara de Marechal Floriano Crédito: Instagram/Reprodução

O prefeito de Marechal Floriano, Lidiney Gobbi (PP), entrou com pedido na Justiça estadual visando à suspensão de um procedimento administrativo de que é alvo na Câmara de Vereadores da cidade da Região Serrana do Espírito Santo.

Ajuizada em 24 de novembro, a ação tenta barrar os trabalhos da Comissão Processante criada na Casa de Leis para apurar denúncias de infrações político-administrativas relacionadas à gestão de publicações de despensas de licitação no portal oficial do município, entre julho e outubro de 2025. Um dos desfechos da atuação do colegiado pode ser a cassação do mandato do prefeito.

A decisão referente ao pedido liminar protocolado pela defesa de Lidiney Gobbi foi publicada no último dia 1º. No documento, o juiz da 1ª Vara de Domingos Martins, Jefferson Antonio Rodrigues Bernardo, afirma que, antes de decidir sobre a solicitação do prefeito, é necessária a manifestação do Ministério Público Estadual (MPES) no processo.

"Considerando que o mandado de segurança com pedido de liminar busca a anulação do ato de constituição da Comissão Processante instaurada pela Câmara Municipal de Marechal Floriano, destinada à apuração de supostas infrações político-administrativas atribuídas ao prefeito, e tendo em vista o potencial de grave instabilidade política e institucional que a controvérsia pode acarretar ao município, revela-se imperiosa a intervenção do Ministério Público", afirma o magistrado.

O MPES foi procurado, na tarde desta segunda-feira (8), para confirmar se já havia sido oficialmente notificado da decisão judicial que pede para o órgão ministerial se manifestar sobre o caso. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.

A defesa do prefeito também foi procurada sobre o pedido à Justiça. O advogado Rogério Wanderley do Amaral confirmou que o requerimento trata sobre suspensão da Comissão Processante que investiga o chefe do Executivo. Ele ainda afirmou que os autos seguem pendentes de decisão, por ainda aguardar a manifestação do MPES.

Denúncia aceita na Câmara

Conforme mostrou reportagem de A Gazetano último dia 28, a Comissão Processante da Câmara de Vereadores de Marechal Floriandecidiu dar seguimento às apurações de denúncias apresentadas contra Lidiney Gobbi.

Em reunião plenária, os três membros do colegiado acolheram, à unidade de votos, a íntegra do relatório em que são atribuídas ao prefeito infrações político-administrativas relacionadas à gestão de publicações de dispensas de licitação no portal oficial do município, entre julho e outubro de 2025.

Tanto no pedido à Justiça quanto em sua defesa preliminar no processo de que é alvo no Legislativo municipal, o prefeito questiona a validade das provas citadas no documento. O chefe do Executivo ainda sustenta inexistência de fracionamento ilegal de contratos e aponta suposto impedimento do relator do caso na Comissão Processante, Diogo Endlich de Oliveira (Podemos), sob o argumento de que o vereador teria atuado como “investigador e julgador” ao produzir o relatório que serviu de base à denúncia.

Conforme o relatório aprovado na Comissão Processante, a acusação contra o chefe do Executivo se baseia, entre outros elementos, em documentos que incluem capturas de tela, vídeos, metadados de arquivos e registros de ferramentas de monitoramento de páginas, “indicando um padrão sistemático de alterações nas publicações”.

Ainda em sua defesa preliminar, o prefeito negou qualquer manipulação visando dar prejuízo aos cofres públicos. Também conforme o relatório, Lidiney sustenta que eventuais divergências no portal decorreram de falhas técnicas do sistema.

Parecer contesta alegações do prefeito

O parecer aprovado pela comissão afasta essas teses. Os membros entenderam que o processo de cassação é regido especificamente pelo Decreto-Lei 201/67, com natureza político-administrativa própria, distinta da ação de improbidade. Disseram ainda que as mudanças trazidas pela Lei 14.230/2021 não afastam, por si só, a possibilidade de apuração de infrações previstas no decreto. A comissão também concluiu que o relator atuou no exercício regular da função fiscalizatória do vereador, utilizando apenas documentos públicos, e que isso não configura impedimento ou nulidade do procedimento.

O relatório destaca também que as contratações citadas na denúncia e rebatidas pela defesa — inclusive aquelas envolvendo empresas de construção e manutenção, mencionadas em série de dispensas de licitação — serão analisadas com maior profundidade na fase de instrução, diante de indícios de objetos similares e valores que, somados, podem apontar fracionamento indevido de despesas. Para os membros da comissão, a defesa não apresentou elementos suficientes para afastar, de plano, a necessidade de apuração.

Com a rejeição das preliminares, o processo entra agora na fase instrutória, em que poderão ser produzidas novas provas pela acusação e pela defesa.

Prefeito também é alvo de CPI

Paralelamente ao processo de cassação, o prefeito também passou a ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Marechal Floriano.

Além do procedimento na Comissão Processante, os vereadores aprovaram, conforme noticiou o colunista Leonel Ximenes, de A Gazeta, a instalação de uma CPI para apurar possíveis irregularidades atribuídas ao prefeito, na execução de contrato com uma empresa que presta serviços ao município na área da Saúde.

A criação da CPI foi proposta pelo vereador Pastor Adriano (Solidariedade) e recebeu o apoio de oito dos 11 parlamentares, ficando de fora os três vereadores que integram a própria Comissão Processante.

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