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Posição de Bolsonaro contra isolamento é ato político, diz Casagrande

Posição de Bolsonaro contra isolamento é ato político, diz Casagrande

Presidente tem mantido discurso contrário ao de governadores e autoridades de saúde ao incentivar reabertura do comércio, diminuindo o isolamento social em tempos de pandemia do coronavírus

Publicado em 27 de março de 2020 às 20:05

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Renato Casagrande e Jair Bolsonaro
Governador Renato Casagrande fez críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro. (Reprodução)

O governador Renato Casagrande (PSB) classificou como um ato político a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de continuar se colocando contra as medidas de confinamento social e estar reiteradamente defendendo o isolamento vertical. Além disso, endossa manifestações de comerciantes pela reabertura de estabelecimentos, em meio à pandemia do coronavírus

Para o socialista, o presidente tem tratado os assuntos importantes do Brasil como uma luta política, e não sabe buscar um consenso, uma relação harmoniosa debatida e construída com mais pessoas.

"Nós poderíamos estar todos com uma mesma posição, porque não tem ninguém que não sem interesse em reativar a economia. Mas também queremos proteger as vidas. O presidente sempre coloca esse dilema no confronto. Ele agora está falando somente para aquele grupo de pessoas que são apoiadores incondicionais dele. Mas a sociedade hoje está com medo, preocupada se o que está acontecendo lá fora possa acontecer aqui. Lideranças do mundo todo, que pensavam como ele, voltaram atrás. O próprio presidente Trump, em quem ele se espelha, está vendo a realidade, e agora está tomando medidas de isolamento".

Casagrande frisou que o trabalho durante a pandemia terá um alto custo, mas deve ser feito de forma responsável.

"O isolamento vertical poderá ser usado por nós aqui na hora em que a gente acalmar essa situação e controlar o contágio. Aí você pode ir separando e atuando com os grupos de risco. Mas, nesse momento, o isolamento horizontal é fundamental para controlar o vírus. Quanto mais gente circular, mais contágio."

USO ELEITORAL 

O governador também afirmou que se reuniu nesta sexta-feira (27) com os prefeitos do Estado, por videoconferência, e pontuou a necessidade de que não seja dado um cunho eleitoral às medidas da pandemia.

"Pedi para tomarmos decisões uniformes. Teve prefeito que fechou por 60 dias, e agora tem prefeito que quer liberar. Tem um decreto estadual que suplanta os municipais. Estou vendo pré-candidatos a prefeito ou vereador organizar carreata (pela reabertura do comércio). Mas é preciso tirar a disputa eleitoral nesse momento e cuidar da política que salva as pessoas", argumenta.

Nesta sexta, o prefeito de Muqui, Renato Prúcoli, autorizou a abertura provisória do comércio no município do Sul do Estado, de segunda (30) a quinta (02), alegando ter feito uma negociação com os pequenos comerciantes.

O governador fez ressalvas à medida. "O pedido é que os prefeitos dialoguem com os comerciantes, para que possam vender de portas fechadas, usar delivery. Se nós relaxarmos agora, podemos entregar o jogo no último minuto. Pode vir uma segunda onda contra a economia. A primeira onda é essa, que a gente controla. A segunda onda, nós não controlamos, não é decisão do governador nem do presidente. Trabalhadores e empresários vão querer fechar para salvar suas próprias vidas. A pressão é grande, mas temos que dialogar com franqueza com as pessoas", disse.

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