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Publicado em 4 de agosto de 2025 às 21:52
Um perfil no Facebook com nome e imagem do senador Marcos do Val (Podemos) publicou foto de uma tornozeleira eletrônica logo após o parlamentar ser proibido de usar redes sociais, inclusive de terceiros. O post, com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e feito em primeira pessoa, foi retirado do ar em seguida.>
Caso tenha sido feita por Do Val, a publicação pode levar o parlamentar à prisão ao representar o descumprimento de ordens de Alexandre de Moraes.>
O senador foi alvo de medidas do STF ao desembarcar em Brasília nesta segunda-feira (4). Ele estava de férias nos Estados Unidos sem autorização da Corte.>
Nesta segunda, o ex-presidente Jair Bolsonaro, também investigado pelo STF, teve prisão domiciliar decretada pelo ministro por suspeita de descumprir determinações, como não publicar em redes sociais, nem de terceiros.>
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Alexandre de Moraes impôs diversas medidas cautelares a Marcos do Val, após considerar que o senador descumpriu determinações anteriores ao ter viajado aos Estados Unidos sem autorização da Corte. Entre as medidas está o uso de tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar do senador no período da noite, das 19h às 6h, de segunda a sexta-feira, e integral aos fins de semana, feriados e dias de folga.>
Também foi determinado o cancelamento e devolução do passaporte diplomático do senador, a proibição da utilização de qualquer rede social por intermédio de terceiros e o bloqueio do salário e da verba de gabinete.>
O ministro do STF já havia advertido que “o descumprimento de qualquer uma das medidas cautelares implicará na revogação e decretação da prisão”.>
Na publicação do Facebook, cujo texto sugeria que o próprio Marcos do Val estivesse escrevendo em sua defesa, também havia críticas a Moraes pelas medidas impostas ao senador. O perfil tinha a foto do senador e o nome dele, mas com grafia sem o "do". >
Postagem em página com nome de Marcos do Val
“Não é sobre mim. É sobre calar uma Nação. Hoje, preso dentro da minha própria casa, usando uma tornozeleira eletrônica, faço questão de afirmar ao Brasil e ao mundo:
Não cometi crime algum. Não fui denunciado. Não fui investigado por nenhum ato ilícito. Nada — absolutamente nada — pesa contra mim.
E mesmo assim, me colocaram sob vigilância, como se a verdade fosse uma ameaça.
O que está sendo violado aqui não é apenas minha liberdade pessoal, mas a própria Constituição Federal do Brasil.
Sem processo. Sem culpa. Sem sentença.
Apenas a decisão de um ministro — Alexandre de Moraes — que tenta transformar a Justiça num instrumento de medo.
Mas isso não cala um homem. Isso tenta calar milhões.
Essa tornozeleira que hoje prende o meu corpo, na verdade, tenta acorrentar algo muito maior: a consciência de um povo que está acordando.
Ela não mede distância.
Ela mede o quanto um sistema está disposto a ir para silenciar quem se recusa a abaixar a cabeça.
Ela não apita contra criminosos.
Ela denuncia o quanto a liberdade se tornou incômoda para quem se alimenta do poder absoluto.
Tive que escolher entre aceitar a injustiça ou me curvar para manter minha paz.
E escolhi a verdade — ainda que isso custasse minha liberdade.
Porque isso não é contra um senador.
É contra tudo o que um brasileiro livre representa.
Mas a tornozeleira não diminui minha voz.
Pelo contrário: ela amplifica o grito de cada patriota que jamais será escravizado pelo medo.”
Marcos do Val passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica a partir desta segunda-feira por ter descumprido a proibição de sair do país. O capixaba viajou para Orlando, nos Estados Unidos, por 10 dias, e, assim que retornou ao país, foi alvo de uma ação da Polícia Federal, no aeroporto de Brasília. >
O senador estava proibido de viajar para o exterior desde agosto do ano passado, quando Moraes determinou a apreensão de seus passaportes e o bloqueio de R$ 50 milhões de sua conta. Ele é alvo de um inquérito por supostamente promover uma campanha de ofensas e ataques contra o STF e delegados da Federal.
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A decisão do ministro do STF aponta que Marcos do Val deixou o Brasil em 23 de julho por Manaus, em um voo para Miami, e na mesma data, Moraes determinou o uso da tornozeleira eletrônica pelo senador. Segundo o documento, o capixaba teria utilizado um passaporte diplomático, que não foi apreendido em agosto de 2024, para a viagem.>
O senador chegou a encaminhar um pedido ao STF para viajar com a família a Orlando em 15 de julho, mas o requerimento foi negado por Moraes. O ministro argumentou que não existia motivo para revogar as medidas cautelares, já que a investigação da qual o capixaba é alvo ainda está em curso e "não se tratava de situação extraordinária a justificar a flexibilização".>
A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a assessoria e com o próprio senador para comentar a publicação no Facebook, mas não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestações. >
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