Publicado em 4 de agosto de 2025 às 12:25
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) vai passar a ser monitorado por tornozeleira eletrônica a partir desta segunda-feira (4/8), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).>
Em sua decisão, Moraes também determinou novas medidas cautelares contra o senador, que descumpriu a proibição de sair do país.>
Do Val viajou para Orlando, nos Estados Unidos, por 10 dias, e retornou nesta segunda-feira. Segundo a TV Globo, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) no aeroporto de Brasília assim que desembarcou. >
O senador estava proibido de viajar para o exterior desde agosto do ano passado, quando Moraes determinou a apreensão de seus passaportes e o bloqueio de R$ 50 milhões de sua conta. >
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Ele é alvo de um inquérito por supostamente promover uma campanha de ofensas e ataques contra o STF e delegados da PF. >
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Segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, Marcos do Val deixou o Brasil em 23 de julho por Manaus, em um voo para Miami. >
Na mesma data, o magistrado determinou o uso da tornozeleira eletrônica pelo senador, além de recolhimento domiciliar no período noturno de segunda a sexta-feira e recolhimento integral nos fins de semana, feriados e dias de folga.>
Segundo o ofício, Do Val teria utilizado um passaporte diplomático, que não foi apreendido em agosto de 2024, para a viagem. >
O senador chegou a encaminhar um pedido ao STF para viajar com a família a Orlando em 15 de julho, mas o requerimento foi negado por Moraes.>
Segundo o ministro relator do caso, não existia motivo para revogar as medidas cautelares, já que a investigação da qual do Val é alvo ainda está em curso e "não se tratava de situação extraordinária a justificar a flexibilização". >
Em um vídeo gravado em Orlando no fim de julho e compartilhado com o Uol, o senador afirmou não ter "motivos para fugir" e afirmou ter informado o STF sobre os detalhes da viagem. >
"Não tem nada de ilegal, não estou fugindo e comuniquei a todos os órgãos [sobre a viagem]. Comuniquei ao Ministério Justiça, ao STF, Alexandre de Moraes, comuniquei todo mundo que nem precisava comunicar", diz na mensagem. >
Em sua decisão, Moraes defende que, diante dos descumprimentos, se tornou necessária a adoção de medidas cautelares adicionais, além do uso da tornozeleira e do recolhimento domiciliar.>
O senador teve todas as suas contas bancárias bloqueadas, assim como seu salário e as verbas de seu gabinete. >
Do Val já havia tido suas contas bancárias e parte de seus bens bloqueados em agosto do ano passado, mas um desbloqueio parcial foi autorizado posteriormente para acesso a alguns rendimentos.>
Por "permanecer desrespeitando" as medidas cautelares, o magistrado reinstituiu todos os bloqueios, com menções específicas sobre o bloqueio do salário, de chaves Pix e de veículos do senador. >
"Efetivamente, a decretação do bloqueio de contas bancárias do investigado, bem como de seus bens móveis e imóveis, mostra-se necessária diante da continuidade de suas condutas ilícitas", escreveu Moraes, na decisão.>
"A manutenção do livre acesso aos recursos financeiros possibilita que o investigado continue se beneficiando economicamente de sua prática delitiva, razão pela qual o bloqueio revela-se medida cautelar adequada e proporcional para assegurar a efetividade da investigação ora em curso.">
O magistrado também determinou o "cancelamento" e "devolução" do passaporte diplomático e reafirmou a proibição de utilizar as redes sociais "diretamente ou por intermédio de terceiros", que já havia sido decretada. >
Marcos do Val acumula uma série de polêmicas e falas controversas. >
Em fevereiro de 2023, Do Val disse em uma transmissão ao vivo nas redes sociais que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a participar de um golpe de Estado.>
Em entrevista à revista Veja, o parlamentar detalhou que Bolsonaro o procurou em 9 de dezembro de 2022 propondo uma forma de tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se manter no poder.>
A ideia de Bolsonaro, segundo contou o senador, era que Do Val gravasse uma conversa sua com Alexandre de Moraes, com o objetivo de descredibilizar o ministro. Isso seria o pretexto para executar o golpe.>
O senador disse à revista que denunciou a proposta de golpe ao próprio Moraes.>
"Não somos íntimos, mas temos um excelente relacionamento. Por isso e também por dever cívico e de consciência —, relatei a ele o que estava acontecendo. Era a coisa certa a ser feita", afirmou.>
Em entrevistas posteriores, às emissoras GloboNews e CNN Brasil, Do Val mudou detalhes de sua versão, afirmando que o presidente apenas escutou a ideia, mas não o coagiu a participar. O plano teria sido apresentado, no encontro, pelo então deputado federal Daniel Silveira.>
Ainda segundo o senador, Bolsonaro teria assentido com a cabeça e, ao final, dito apenas que esperaria por uma resposta de Do Val sobre sua possível participação.>
Logo após a repercussão do episódio, Do Val anunciou que iria renunciar ao mandato de senador e se afastar de forma definitiva da vida política.>
Poucas horas depois, porém, ele voltou atrás e disse que a decisão foi anunciada "num momento de muita raiva" após ter sido chamado de "traidor" nas redes sociais.>
Em junho de 2023, poucos dias antes da primeira operação da PF contra Do Val, no âmbito da investigação atual, ser autorizada pelo STF, o senador usou o Twitter (agora X) para compartilhar trechos que seriam de relatórios sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).>
Nas fotos divulgadas, há páginas impressas com trechos pintados na cor verde.>
No texto que acompanha as imagens, o senador declarou que os documentos mostravam "a prevaricação dos ministros Flávio Dino, GDias [Gonçalves Dias, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI], Alexandre de Moraes e do presidente Lula".>
"Agora vocês vão entender o medo que o governo Lula estava e porque eles estavam tentando de tudo para não ter a CPMI [Comissão Parlamentar Mista de Inquérito]", escreveu.>
Na postagem, ele se refere à CPMI dos Atos Antidemocráticos, que foi instalada no Congresso Nacional no final de maio e da qual ele próprio faz parte como parlamentar.>
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