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Nas redes sociais, políticos do ES defendem adiamento do Enem

Nas redes sociais, políticos do ES defendem adiamento do Enem

Ministro da Educação disse que calendário está mantido. Bolsonaro diz que pode haver adiamento, mas ainda para este ano

Publicado em 14 de maio de 2020 às 18:21

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Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está mantido para outubro, mesmo com a pandemia. (Adriana Toffetti/A7 Press/Folhapress)

Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus e a suspensão das aulas presenciais nas escolas, as inscrições para o Enem foram iniciadas nesta segunda-feira (11) e o ministro da educação, Abraham Weintraub, afirmou que o calendário não será alterado. Em sua rede social, o ministro  sugeriu que os estudantes procurem outras ferramentas para se preparar.  

Alguns parlamentares capixabas têm se manifestado contrários à decisão, entendem que a manutenção da data desconsidera a realidade dos estudantes do país, marcada por uma desigualdade que se agrava com os reflexos da pandemia. As postagens destacam que muitos estudantes não possuem acesso à internet e que dez dos 19 países que possuem provas para acesso à universidade já adiaram ou cancelaram os exames. O senador Fabiano Contarato (Rede) pediu que o Ministério Público Federal tome providências.

Weintraub chegou a dizer que o exame não foi feito para corrigir desigualdades, mas apesar da posição do Ministério da Educação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu que as provas podem ser adiadas, desde que sejam aplicadas ainda este ano. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), contou que no encontro que teve com Bolsonaro nesta quinta-feira (14) fez apenas um pedido: o adiamento do Enem.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de acordo com o secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo, admite a possibilidade de flexibilização.

O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung fez uma postagem afirmando que manter a data do exame nacional vai na contramão dos princípios básicos que devem ser seguidos em meio à crise: "preservação das vidas, respeito aos sonhos dos jovens e o compromisso de não deixar ninguém para trás."

Do Senado, Fabiano Contarato (Rede) chegou a solicitar ao Ministério Público Federal providências para o adiamento das provas. “Caso o exame seja levado a efeito, milhares de estudantes que não têm acesso à internet e, portanto, aos meios de educação a distância ficarão extremamente prejudicados”, disse em postagem nas redes sociais. O senador pede o adiamento do exame enquanto perdurar a suspensão das aulas presenciais.

Os deputados federais Felipe Rigoni (PSB) e Helder Salomão (PT), também utilizaram seus canais de comunicação para manifestar desaprovação ao calendário. No Twitter, Rigoni postou que a “a pandemia escancarou as desigualdades presentes no Brasil” e muitos estudantes continuam sem acesso à internet e materiais de estudo.

O petista Helder Salomão questionou como os estudantes vão se preparar para fazer a prova. “A maioria dos estudantes não tem condições de acompanhar o ensino a distância, e por vários fatores. Muitos não têm acesso à internet. Não têm smartphones nem computador. Alguns nem TV têm em casa. Fora que nem todos têm acesso aos materiais escolares. Como eles irão se preparar para o Enem? Vou lutar para que o Exame Nacional do Ensino Médio seja adiado.”

Na Assembleia Legislativa do Estado o assunto veio à tona em duas sessões virtuais realizadas nesta semana. A deputada petista Iriny Lopes repudiou a permanência das datas durante a sessão realizada nesta terça-feira (12). Nas redes, a parlamentar postou um texto comparando a decisão do ministro com a realidade de outros países que possuem exames de acesso à universidade.

“De 19 países com exames de acesso à universidade semelhantes ao Enem, dez, nesta pandemia, já adiaram ou cancelaram suas provas, entre eles EUA, Espanha, China e Rússia. Portanto, o Brasil se coloca de novo como exceção negativa no mundo”, escreveu.

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#AdiaEnem O governo federal, na contramão do que é feito no mundo, quando se trata de exames de acesso à universidade, insiste em manter a data do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Abriu inscrições de hoje até 22 de maio, com provas previstas para os dias 1º e 8 de novembro, e as digitais, para 22 e 29 de novembro. Esta é mais uma ação de um governo negacionista, que nega a pandemia Covid-19 e que, portanto, sabota as ações na saúde, de auxílio emergencial, bem como de socorro às empresas, e agora quer negar também os impactos desta pandemia na educação. Nenhuma escola está funcionando presencialmente, seja ela pública ou privada, assim como qualquer cursinho popular. Portanto é absurdo manter a realização do Enem para novembro. 11,5 mil mortos no Brasil e o ministro da Educação não só manteve a data do exame como afirmou que ele “não é para fazer justiça”. Ou seja, evidencia a política segregacionista e mais uma sabotagem deste governo autoritário, que tem por objetivo acabar com o acesso universal ao ensino superior, de retornar ao tempo em que somente os ricos tinham acesso às universidades públicas. O Enem é o maior exame vestibular do país e o segundo do mundo, atrás somente do exame de admissão do ensino superior da China. O exame foi criado em 1998 por Fernando Henrique Cardoso, mas apenas para medir a qualidade do ensino. Foi o ex-presidente Lula que transformou o Enem em passaporte de entrada dos jovens no ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), instituído em 2009. Hoje, o Sisu é uma das principais formas de acesso à universidade. De 19 países com exames de acesso à universidade semelhantes ao Enem, dez, nesta pandemia, já adiaram ou cancelaram suas provas, entre eles EUA, Espanha, China e Rússia. Portanto, o Brasil se coloca de novo como exceção negativa no mundo: primeiro ao negar a pandemia e pouco fazer para evitar a disseminação em massa do novo coronavírus. Agora, o governo Bolsonaro também nega o que tem sido adotado no por países em outras áreas, dentre elas a educação. O adiamento não fará se perder uma nova geração de profissionais como diz a propaganda oficial. O coronavírus sim! Foto: Ellen Campanharo

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Na sessão seguinte, nesta quarta-feira (13), o deputado Bruno Lamas (PSB) usou seu tempo de fala para defender o adiamento e lamentar declarações do ministro da Educação. “É lamentável a fala do ministro quando fala ‘não vamos ouvir essa esquerda que não quer a realização das provas’, isso é lamentável porque a educação está acima de opiniões”, disse. Para o parlamentar, as provas deveriam ser adiadas “pelo menos até janeiro”.

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"É um absurdo manter o Enem em novembro", reage Bruno Lamas O deputado Bruno Lamas (PSB) reagiu hoje (dia 12), em sessão virtual, na Assembleia Legislativa, à decisão do governo federal de manter em novembro a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mesmo com todo o prejuízo causado pela pandemia do coronavírus (Covid-19) aos estudantes. "O Enem tem de ser prorrogado pelo menos para janeiro. Muitos alunos da rede pública não têm condições de comprar computadores, ter acesso à internet. E, por conta da pandemia, ficaram impossibilitados de participar de um curso preparatório realizado dentro da escola", declarou. E completou: "Eles (os alunos da rede pública) não podem participar de cursinho particular. Então, ficam em desvantagem e são prejudicados na disputa". O Ministério da Educação segue afirmando que a prova não será adiada, mesmo após a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) entrarem com pedido de liminar solicitando o adiamento do Enem junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para Bruno, "é preciso trazer tranquilidade e equilíbrio aos estudantes neste momento de maior importância para a vida escolar dos alunos". As inscrições para prova começaram ontem (dia 11) e vão até o dia 22 deste mês. O exame está marcado para os dias 1 e 8 de novembro, na sua versão imprensa, e 22 e 29 do mesmo mês, na sua versão digital.

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