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Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 17:29
- Atualizado há 5 anos
O deputado estadual Sergio Majeski (PSB) usou o plenário da Assembleia Legislativa para rebater uma ação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que o acusa de enriquecimento ilícito ao utilizar os serviços de um assessor de gabinete para entrar com processos na Justiça que, segundo o MP, são de cunho pessoal. Majeski defendeu que os casos analisados não tratam de assuntos particulares e são relativos ao mandato parlamentar. O deputado afirmou ainda "algumas pessoas" que integram órgão ministerial "usam o cargo muito bem pago pelo dinheiro público para perseguir desafetos". >
Majeski se tornou réu em uma ação de improbidade administrativa, movida pelo Ministério Público. Um então servidor comissionado, que é advogado, atuou no caso em que o deputado processou três pessoas indiciadas pela Polícia Civil por disseminar conteúdo falso nas redes sociais contra o parlamentar. Para o promotor de Justiça Rafael Calhau Bastos, a ação teve cunho pessoal e, por isso, Majeski não poderia ter se utilizado dos serviços do assessor.>
“Não foi um ataque ao cidadão Sergio Majeski, mas sim ao trabalho como parlamentar”, argumentou o deputado, defendendo-se, durante o discurso, da acusação.>
A publicação nas redes sociais, em 2017, atribuía falsamente a Majeski a frase "Quero acabar com a doutrinação cristã. Meu projeto é proibir o uso da Bíblia sagrada". Na época, a investigação da Delegacia de Crimes Cibernéticos, da Polícia Civil, apontou para uma possível participação de servidores ligados ao então presidente da Prodest (Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado) Renzo Colnago, na propagação do conteúdo. Renzo nega acusação. >
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O outro processo citado na ação do MPES é uma em que Majeski questionou o governo estadual, apontando irregularidades na contratação de professores em designação temporária (DTs). O parlamentar também rebate que essa ação, na qual utilizou o servidor-advogado, tenha cunho pessoal. "Onde é que eu estou lucrando com isso ou o que essa ação tenha a ver comigo?", questionou.>
O parlamentar disse que falta isonomia ao Ministério Público e criticou o acordo feito pelo órgão com um servidor fantasma – que recebia salário sem trabalhar –, lotado no gabinete do deputado José Esmeraldo (MDB), poupando-o de responder pela irregularidade na Justiça. A informação foi publicada pelo colunista Vitor Vogas. Segundo a coluna, o servidor se comprometeu a devolver parte do salário recebido durante o período em que esteve fora do Legislativo e a pagar uma multa.>
O acordo foi assinado pelo promotor de Justiça Rafael Calhau Bastos, o mesmo que apresentou a ação de improbidade contra Majeski. Para o deputado, enquanto o membro do MP faz acordo com servidor fantasma, adota "preciosismo" no caso em questão.>
"É a mesma coisa que o Ministério Público dizer que pode ter servidor fantasma, sim. E se alguém descobrir, depois a gente faz um acordo e as pessoas pagam uma multa. Este promotor acha que eu estou acuado. Não estou", discursou.>
Sergio Majeski (PSB)
Deputado estadualO deputado afirma que vai exigir tratamento isonômico do MP e que não descarta ir ao Tribunal de Justiça (TJES), ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou mesmo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também cobrou que a promotoria investigue outros assessores da Assembleia que prestaram serviços advocatícios para deputados, como mostrou reportagem de A Gazeta.>
"Esperamos ansiosamente o mesmo tratamento aos demais casos da Assembleia, que o senhor promotor fez um acordo perdoando funcionários fantasmas, que dê tratamento isonômico, que ele denuncie todos os outros deputados e seus advogados com o mesmo rigor. Eu não tenho medo, nós podemos ir agora com essa ação para o TJES, para o STJ, para o STF e não terá problema. Há muita coisa a ser esclarecida, a população irá saber desse projeto pari passu (simultaneamente)", afirmou.>
Por meio de nota, o MPES informou que o promotor propôs, assim como no caso do funcionário fantasma lotado no gabinete de Esmeraldo, um acordo de não persecução cível a Majeski e ao então assessor que atou como advogado nas ações contestadas, o que levaria ao encerramento da questão na Justiça. "A proposta, porém, não foi aceita", diz o texto, que ressalta ainda que a tese de perseguição é "leviana". >
Majeski, no ano passado, chegou a mencionar o oferecimento do acordo e justificou a recusa: "Não aceitamos porque seria a mesma coisa que confessar que tínhamos feito algo de errado”, afirmou, em vídeo divulgado na ocasião.>
Veja a nota do MPES, na íntegra:>
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informa que o Poder Judiciário deu prosseguimento à ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pela Promotoria de Justiça Cível de Vitória em face do deputado e de seu então assessor. Informa ainda que, conforme determina a legislação vigente, o MPES propôs a ambos um acordo de não persecução cível, antes do ajuizamento da ação. A proposta, porém, não foi aceita. Assim sendo, o MPES declara que demonstrará a verdade dos fatos no curso do processo, oportunidade em que os réus poderão fazer o uso da ampla defesa e do contraditório, conforme lhes garante a Constituição Federal de 1988 e a legislação processual vigente. Ademais, a tese de perseguição não procede e se mostra leviana, posto que a atuação ministerial está estritamente pautada pelas regras legais vigentes.>
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