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Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 13:37
- Atualizado há 4 anos
A deputada federal Soraya Manato (PSL) recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em janeiro deste ano. Vacinada com a Coronavac, a parlamentar bolsonarista capixaba afirmou que preferia ter sido imunizada com vacina de outro fabricante. Médica ginecologista, a parlamentar divide as atividades no plenário da Câmara dos Deputados com a atuação em hospitais particulares da Serra, onde os funcionários estão sendo vacinados contra a doença provocada pelo novo coronavírus. >
A declaração foi concedida à coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, neste domingo (21). Procurada por A Gazeta, nesta segunda (22), Soraya Manato confirmou que foi vacinada e disse que, se pudesse escolher, tomaria a vacina Sputnik V, da Rússia. "É a vacina que, mundialmente, foi comprovada como o insumo com a maior eficácia", disse a parlamentar.>
Nos bastidores, o imunizante russo é chamado de "vacina de Bolsonaro", já que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), tem se movimentado para acelerar a liberação da vacina. A Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, foi denominada pelo presidente como "vacina chinesa de João Doria", governador daquele Estado. >
A Sputnik não teve seu uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até o momento, apenas a Coronavac e a vacina da Universidade de Oxford receberam o aval do órgão regulador. Pesquisas apontam que a eficácia da Sputnik, em casos sintomáticos de Covid-19, é de 91,6%. A eficácia geral da Coronavac é de 50,38%, ou seja, os vacinados têm 50,38% de chance de não adoecer. Caso contraia o coronavírus, o imunizante oferece 100% de eficácia para não adoecer gravemente e 78% para prevenir casos leves. >
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Ainda segundo a Folha de S. Paulo, a deputada foi vacinada no dia 25 de janeiro, no primeiro dia em que a vacinação para trabalhadores da saúde foi aberta no Espírito Santo, e deve tomar a segunda dose nesta segunda. No Estado, até esta segunda, 81% dos trabalhadores da saúde receberam a primeira dose da vacina, de acordo com o painel da Secretaria de Saúde.>
Soraya atende pacientes em dois hospitais da Serra, Metropolitano e Meridional. De acordo com a parlamentar, ela atua como médica às segundas-feiras e às sextas-feiras e, devido a esses atendimentos, recebeu a vacina. "Atendo, em média, 50 pacientes por semana, também tive que ser imunizada. A orientação do Hospital (Metropolitano) era de imunizar todos os médicos e estou cumprindo esse protocolo", justificou. >
A Coronavac era, entre as vacinas contra a Covid-19, uma das mais criticadas pela base bolsonarista, devido ao posicionamento do presidente. A discussão gerou trocas de farpas entre defensores do governo e João Doria (PSDB).>
Soraya publicou, em novembro do ano passado, uma postagem nas redes sociais em que destacava um "evento adverso grave" durante os testes da Coronavac – após o suicídio de um dos voluntários que realizava o teste da vacina. A morte do homem não teve a ver com o imunizante. >
Apesar de dizer que preferia a Sputnik, a parlamentar disse que não é contra nenhuma vacina. "Não tem nada a ver com o Doria [a preferência por outra vacina]. Tanto que sou da comissão externa do coronavírus da Câmara e visitamos o Instituto Butantan e a Fiocruz (...) Temos que valorizar essas instituições", disse a deputada para a Folha. "[Preferia outro imunizante] por causa de referências. Mas não tive problema algum, nenhuma reação", afirmou.>
Nas redes sociais, a deputada bolsonarista faz a defesa do tratamento precoce com o uso de cloroquina e ivermectina contra a Covid-19, medicamentos que não possuem comprovação científica de eficácia contra a doença. A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), inclusive, não recomendam o tratamento precoce. >
O Facebook de Soraya tem uma série de posts defendendo o uso da cloroquina e fotos de reuniões com integrantes do governo, em que, segundo ela, foram agendas para solicitar o medicamento para municípios do Espírito Santo. >
"Não sou crítica de nenhuma vacina, muito pelo contrário. Nunca dei declaração nesse sentido. Sou uma defensora de vacinas, tanto que tenho projeto de lei anterior à pandemia de que os pais têm obrigação de vacinar os filhos", afirmou à Folha. A parlamentar disse ainda que defende o tratamento precoce para ele e para todos, assim como a vacina. "Um é para tratar e o outro para prevenir.">
Nos pareceres e nos votos que embasaram a aprovação do uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford em janeiro, servidores e diretores da Anvisa defenderam a ciência e a segurança das vacinas e refutaram a existência de tratamento precoce contra a Covid-19. >
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