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Candidatos conhecidos da Grande Vitória receberam mais do fundo eleitoral

Candidatos conhecidos da Grande Vitória receberam mais do fundo eleitoral

Enquanto candidatos a prefeito das  maiores cidades do ES receberam mais de R$ 1 milhão pelo fundo de financiamento de campanhas, alguns nomes do interior do Estado receberam só R$ 5 mil. Veja quem mais recebeu

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 21:31

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Mais de R$ 61 milhões são provenientes do Fundo Eleitoral
Mais de R$ 31 milhões que sustentam campanhas no Estado são provenientes do Fundo Eleitoral. (Divulgação)

Com o primeiro turno das eleições de 2020 praticamente batendo à porta, – a votação será no domingo (15) – o fundo eleitoral para financiamento de campanhas mostrou ser a principal fonte de recursos para os candidatos no Espírito Santo, como era de se esperar. E, conforme os dados das prestações de contas, os partidos privilegiaram na distribuição de verbas candidatos veteranos na política e caciques locais, principalmente os que buscam o cargo de prefeito.  

No Espírito Santo, os partidos já destinaram R$ 31,7 milhões do fundo eleitoral aos candidatos. Os dados foram compilados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até a última terça-feira (10). Entre os 10 que mais receberam dessa verba no Estado, todos são candidatos a prefeito nas cidades da Grande Vitória e ficaram com quantias acima de R$ 500 mil. 

No topo estão os candidatos da Capital Lorenzo Pazolini (Republicanos), com R$ 1,33 milhão, e Neuzinha (PSDB), com R$ 1,25 milhão. Pazolini ficou com 36% da verba distribuída pela legenda – tanto pela direção estadual, como pela nacional – até agora. Deputado estadual, embora tenha se filiado ao partido em abril, ele tem proximidade com os dirigentes estaduais do Republicanos, como Erick Musso e Roberto Carneiro.

Já Neuzinha recebeu 52% do fundo eleitoral repassado pelo PSDB. Vereadora em seu quinto mandato, a candidata a prefeita também é presidente do PSDB de Vitória e 1ª tesoureira do PSDB Mulher Nacional.

Na terceira posição está o candidato Fabrício Gandini (Cidadania), que recebeu R$ 1,065 milhão do fundo eleitoral. Para ele, foram R$ 915 mil de seu próprio partido, e R$ 150 mil do PSL, legenda do vice da chapa, Nathan Medeiros.

O valor foi o mesmo repassado a candidatos próprios do PSL, como Amarildo Lovato, em Vila Velha, e Joel da Costa, em Cariacica. Já outros cinco candidatos a prefeito no Estado receberam menos do próprio partido do que a campanha de Gandini. 

Depois dele, como 4ª maior arrecadação do fundo eleitoral no Espírito Santo está João Coser (PT), ex-prefeito e ex-presidente estadual do partido, que recebeu R$ 1,031 milhão. 

O fundo eleitoral foi criado em 2017, após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir doações de empresas, e é alimentado por recursos públicos, do Tesouro Nacional. Com um valor de R$ 2 bilhões para 2020 para todo o país, todos os partidos têm direito a uma cota. No entanto, a divisão considera o número de deputados federais e senadores das siglas. 

A desigualdade na distribuição repete o que ocorreu em 2018, primeiras eleições com uso de um fundo especial para o financiamento de campanha. A média de recursos públicos a candidatos já eleitos antes foi cinco vezes maior do que aquela recebida por novatos, segundo dados do jornal "O Globo".

É comum que na distribuição de verba sejam privilegiados candidatos a prefeito, que têm campanhas mais caras. No caso da Capital e de Vila Velha, por exemplo, há também a propaganda eleitoral na TV, que gera um custo de produção. Os candidatos a vereador, muitas vezes, recebem dos partidos apenas doação de material.

Entre os que disputam as Câmaras municipais, também há desigualdade. O valor médio é de R$ 3,8 mil. Mas a candidata a vereadora em Cariacica Flávia da Diane (Rede) chegou a receber R$ 89,5 mil do fundo eleitoral. Patrícia Crizanto (PSB), em Vila Velha, teve R$ 82,7 mil. Entre os que menos receberam estão Antônio Lima (PL), de Presidente Kennedy, que teve R$ 75, e Marcos Macena (PSD), de Governador Lindenberg, com R$ 44,75.  Há ainda quem não tenha recebido nada.

O FUNDO ELEITORAL POR PARTIDO

Entre os partidos, PSB, Republicanos, Rede, PT, PSDB e PL foram as siglas que mais distribuíram recursos do fundo eleitoral a candidatos no Espírito Santo, todas acima de R$ 2 milhões. Nessa conta estão tanto as transferências feitas pelas direções nacionais dos partidos, como também as estaduais e as municipais.

PSB do governador Renato Casagrande (PSB) foi o que mais repassou dinheiro do fundo eleitoral: R$ 4,2 milhões. O dinheiro foi para candidatos do PSB e também para nomes de outros 10 partidos. O Republicanos, do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, vem na sequência, com R$ 3,69 milhões, e que também beneficiou 5 outras siglas.

Também vale destacar que os partidos não distribuem dinheiro do fundo eleitoral só para os seus filiados. Assim como ocorreu na chapa de Gandini, citada acima, a maioria das siglas também destinou recursos para candidatos de outros partidos aliados.

Muitas vezes isso ocorre pelo fato de o partido ter a vaga de vice em uma chapa. A direção nacional do Republicanos, por exemplo, doou R$ 100 mil para a campanha de Reginaldo Quinta (DEM), em Presidente Kennedy, muito mais do que o próprio partido do candidato, que doou R$ 20 mil. O Republicanos é o partido da vice, Geovana Quinta. A sigla também doou R$ 50 mil para Guerino Zanon (MDB), de Linhares, devido ao vice, Bruno Marianelli.

O mesmo fez o PP, partido de Jorge Carreta, que disputa como vice, e doou R$ 100 mil para a campanha de Max Filho (PSDB), em Vila Velha. O valor é quase o mesmo doado pelo PSDB, que repassou R$ 122,5 mil.

FUNDO ELEITORAL: A FORMA POSSÍVEL

Em passagem pelo Espírito Santo na última semana, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, detalhou sua posição sobre o uso de recursos públicos para campanhas eleitorais, com o fundo eleitoral. Para ele, embora não seja o modelo ideal, esta opção é melhor do que a anterior, que permitia o financiamento por empresas. 

"Sou a favor do financiamento por pessoas físicas, junto com o fundo partidário, que já existia, e horário de rádio e TV gratuitos. Aí criou-se o fundo eleitoral. Não sou a favor dele, e sim de mecanismos alternativos de financiamento. Mas acho ele menos ruim do que o financiamento por empresas, que é primo da corrupção. R$ 2 bilhões é muito dinheiro, mas a democracia tem um custo", afirmou.

Ele destacou que o TSE liberou a realização de show virtual com artista – a chamada live – para arrecadação de recursos para campanha. No entanto, nesse tipo de evento não pode haver pedido expresso de votos.

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