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Amigo de Pazolini, presidente da Câmara de Vitória diz que vai ser independente

Amigo de Pazolini, presidente da Câmara de Vitória diz que vai ser independente

Davi Esmael (PSD) está no terceiro mandato e é a primeira vez que comanda a Casa. Ele se identifica como "conservador, mas não fundamentalista" e, como vereador, pretende priorizar pautas de cunho religioso

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 02:00- Atualizado há 3 anos

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Prefeito e presidente da Câmara tem relação de amizade
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), ao lado do presidente da Câmara da cidade, Davi Esmael (PSD). ( Instagram/@daviesmael)
Autor - Iara Diniz
Iara Diniz
Repórter de Política / [email protected]

A amizade entre o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e o presidente da Câmara da Capital, Davi Esmael (PSD), não é escondida por eles. Os dois são amigos de longa data, desde a faculdade de Direito na FDV, onde estudaram juntos em 2000.

Mas essa relação pessoal, segundo Davi, não vai ser transposta para o Executivo e o Legislativo: “Esse tempo de faculdade, que eu e Lorenzo estivemos um ao lado do outro, nos ensinou a importância de conduzir a relação entre os Poderes de forma independente".

Davi Esmael está em seu terceiro mandato consecutivo como vereador e se tornou, nesta legislatura, o parlamentar mais antigo da Casa.

Estreante no comando da Câmara, ele presidiu uma agitada primeira sessão de votação em 2021, com convocação extraordinária e projetos votados de forma relâmpago. O rito, ressaltou o presidente, obedeceu ao regimento interno da Casa. As propostas, como a Reforma da Previdência municipal, foram enviadas por Pazolini. A maioria dos vereadores decidiu que a votação seria em regime de urgência, 15 minutos após os textos serem protocolados.

Cristão e de perfil conservador, Davi vê com bons olhos a nova composição da Câmara, representada por ideologias diferentes, com parlamentares do Patriota e do PSOL. E diz que pretende fazer dos projetos de cunho religioso uma prioridade durante o mandato de vereador, mas sem dar tratamento especial a eles enquanto presidente. “Sou religioso, mas não sou fundamentalista”, frisou. O fundamentalista é um religioso que acredita nos seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem diálogo.

Questionado pela reportagem em entrevista concedida para A Gazeta nesta quinta-feira (07), após longo período de silêncio, o presidente da Câmara recusou-se a falar sobre o projeto que reduziria de 15 para oito o número de assessores que cada vereador teria direito a partir de 2021. 

A resolução foi aprovada em maio do ano passado, inclusive com apoio de Davi, mas não teve a redação final publicada pela Câmara e acabou sepultada. O vereador, na ocasião ainda não alçado ao comando da Câmara, não participou da última sessão de 2020, que foi decisiva para o desfecho do projeto. Outros 10 vereadores também não compareceram.

Confira os trechos da entrevista de Davi Esmael:

INDEPENDÊNCIA ENTRE PODERES

"Eu e o Lorenzo [Pazolini] somos amigos de um tempo advindo da faculdade de Direito. Nos bancos da faculdade, a gente aprendeu que os Poderes são independentes e harmônicos. A amizade com ele facilita a harmonia e o conhecimento em Direito facilita o entendimento da independência. Vai ser bem diferente do último biênio, em que os Poderes brigavam. A harmonia permite o diálogo.”

NOVA COMPOSIÇÃO DA CÂMARA

"O nível de debate e a qualidade da Câmara de Vitória vai melhorar muito nessa nova legislatura. A presença de pessoas que pensam diferente é importante para construir projetos de interesse público na cidade. A ausência de vereadores rotulados de esquerda, durante a legislatura passada, não foi positiva. Temos outros pontos de vista agora. Estou extremamente animado com isso, com essas diferentes opiniões, e o respeito com que elas têm sido apresentadas. Não acho que vamos ter problema na condução de matérias por causa dessas divergências. Karla [Coser] e Camila [Valadão] pensam ideologicamente diferente do Davi, vereador. Mas, enquanto presidente, vou garantir o local de fala delas na Câmara" 

VOTAÇÃO RELÂMPAGO NA PRIMEIRA SESSÃO DA CÂMARA

"Aquela sessão foi uma convocação regimental feita pelo prefeito. Eu me apresentei para o trabalho, cumpri o regimento, possibilitei a fala, inclusive, de pessoas interessadas no debate. As pessoas falaram à vontade, na forma que o regimento prevê. A fala foi garantida a todos. A solicitação do adiamento de uma matéria é submetida ao parlamento. Foi uma decisão do colegiado, da maioria de vereadores, para que a votação acontecesse naquele dia. Alguns projetos foram votados naquele dia e terminaram na manhã seguinte, então os pedidos [de adiamento] foram parcialmente atendidos. Pensar diferente não significa ter vontade atendida, o que mantém a vontade dos vereadores não é a vontade do presidente, mas o que o regimento diz. Não cabe ao presidente desobedecer o regimento."

TEMPO PARA LER O PROJETO

"Naquele dia, todos os vereadores foram convocados para uma reunião às 14h com o secretário de Fazenda e o procurador, todos foram convidados, independentemente da proximidade ou não com o prefeito. Eu fui da oposição na última legislatura e nunca fui convidado para ir à prefeitura. Nós recebemos um projeto que previa alguns avanços na proposta que foi sepultada na Câmara na legislatura passada, e fizemos aquilo a que nos foi convocado. A convocação obedeceu aos procedimentos, os ritos regimentais, e qualquer um que estava lá teve a oportunidade de fala garantida. Há um ano que se debate isso no país, não tinha grande complexidade para entender o texto legal. Votar a Reforma da Previdência era importante."

BANDEIRA RELIGIOSA

"Cada vereador tem suas bandeiras e irá trabalhar com elas. A partir do momento que a bandeira vira um projeto, ela vai tramitar. O conservadorismo, aquilo que entendo como expressão de fé, é uma bandeira do Davi. Eu sou conservador, sou cristão, acredito na inerrância da Bíblia, crio os meus filhos dessa forma. Enquanto vereador, pretendo levar isso para a Câmara, por meio de projetos. Enquanto presidente, vou tratar todos os projetos como manda o regimento. Sou conservador, mas não sou fundamentalista."

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