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Quem era o adolescente morto que desencadeou ataques em Vitória

Quem era o adolescente morto que desencadeou ataques em Vitória

Caio Matheus Silva Santos, de 17 anos, foi morto na manhã desta sexta-feira enquanto acontecia uma operação do Core, da Polícia Civil, no bairro do Bonfim, em Vitória. O jovem aparece em vídeos segurando fuzis

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 16:22

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Caio Matheus Silva Santos, jovem morto durante operação em Vitória. (Reprodução)

manhã de terror em Vitória, com diversos casos de vandalismo espalhados em diferentes pontos da capital, deixou muitos moradores da cidade assustados. Criminosos encapuzados quebraram vitrinesônibus, automóveis e obrigaram comerciantes a fecharem as portas. 

Moradores do bairro Bonfim fizeram um protesto na Avenida Maruípe e disseram que o motivo da manifestação é a morte de um jovem de 17 anos, durante uma operação da Polícia Civil, que acontecia na região.

O jovem é Caio Matheus Silva Santos, morador do bairro da Penha. Caio morava com a mãe, que está grávida de sete meses, o padrasto e mais quatro irmãos. Ele é o mais velho dos filhos. A família, que é de São Paulo, se mudou para o Espírito Santo em 2011, em busca de trabalho.

Nas redes sociais circulam imagens de Caio segurando fuzis, em festas supostamente promovidas por traficantes. O padrasto de Caio, o serralheiro Altemar Alves Lima, 32, disse que o jovem gostava de tirar fotos com armas. 

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Ele brincava dizendo que as meninas ficavam doidas quando o cara aparecia armado. Tinha cabeça fraca, sabe. Ele não era flor que se cheira, tinha amigos no tráfico, mas nada justifica o que fizeram com ele

Altemar Alves 
Padrasto
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Segundo a versão da família, o jovem estava no alto de uma pedra, fumando com amigos, quando a polícia chegou. "Não teve confronto, não teve nada. A polícia viu eles fumando e já atirou. Ele ainda conseguiu correr, mas tinha tomado um tiro no peito, então caiu. Essa história de tiroteio é mentira, eles já foram para matar quem estivesse ali", disse Jocasta Santos, 30 anos, tia do jovem. 

Uma mulher que protestava nesta manhã de sexta-feira (14) na Avenida Maruípe, próximo da entrada do bairro Bonfim, afirmou que Caio não estava armado no momento do crime.  Foram os próprios moradores que o levaram para o hospital.

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Eu vi a hora em que ele morreu. Eram 7h da manhã, eu estava indo levar meu filho na escola e vi os policiais com o fuzil, mirando no morro. Ouvi o disparo, olhei para cima e vi o menino caindo. Ele estava com o celular na mão, não estava armado. Eu fui falar com os policiais e disse que o menino não estava fazendo nada, mas me trataram com violência. Fomos nós que socorremos ele, levamos para o hospital, mas ele não resistiu. Por isso, a comunidade se revoltou

Autônoma de 38 anos
Moradora do bairro do Bonfim
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Caio não estudava e nem trabalhava. Segundo o padrasto, o jovem largou os estudos e fazia alguns bicos. "Ele só gostava de curtir, sabe. Ir pra festa, dançar. Eu falava com ele pra ele se ajeitar na vida, arrumar um serviço, mas ele não escutava muito. A mãe dele tinha medo que algo ruim pudesse acontecer com ele", comentou.

 Em um dos vídeos que circulam na internet, duas mulheres choram pela morte de um rapaz, que supostamente seria Caio. À reportagem, familiares do jovem negaram que o rapaz que aparece caído seja Caio. "Não é ele e nem sabemos quem são as pessoas em volta chorando", disse a tia. 

José Darcy Santos Arruda, delegado-geral da Polícia Civil do Estado. (Ricardo Medeiros)

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL

Em coletiva no Quartel de Maruípe, o chefe da Polícia Civil, José Arruda, disse que a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) fazia uma operação no Bonfim para cumprimento de mandados de prisão. Já no fim da ação, quando os policiais desciam o morro, foram surpreendidos por um grupo de criminosos armados. De acordo com Arruda, apenas um disparo, mas não havia registro de que alguém tivesse sido baleado.

“Eles estavam terminando a operação e houve a necessidade de se fazer um disparo, quando foram surpreendidos por vários rapazes fortemente armados. Todos correram, o tumulto se dissolveu. Naquele momento não foi registrado nenhum óbito”, afirma o chefe da PC.

Policiais do Core, da Polícia Civil, estavam realizando uma operação no bairro do Bonfim. (Vitor Jubini)

Segundo ele, momentos depois, os policiais receberam a informação de que uma pessoa havia dado entrada no Hospital São Lucas com uma perfuração por disparo de arma de fogo.

“Pode ter sido neste momento (da operação), pode ter sido depois, pode ser que alguém se aproveitou da situação e matou o rapaz. Tudo está sendo investigado. Vamos ver o laudo cadavérico, ouvir as pessoas. As operações já estão sendo organizadas para ter certeza do que aconteceu”, disse Arruda.

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