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Mulher do ES é resgatada após ser mantida em cárcere pelo marido em MG

Mulher do ES é resgatada após ser mantida em cárcere pelo marido em MG

Vítima casou com o suspeito há cerca de nove meses e relatou aos policiais que convivia com agressões, abusos e ameaças; crime ocorreu em Governador Valadares (MG)

Publicado em 18 de abril de 2024 às 11:38

Uma moradora de Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, foi resgatada após ser mantida em cárcere privado pelo marido na cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais. O crime aconteceu na última quinta-feira (11). Após denúncias, a Polícia Militar mineira foi até a casa onde a vítima estava e a encontrou debilitada, sentada no chão, chorando e trêmula. A reportagem de A Gazeta não vai divulgar o nome da mulher para preservá-la, e o  nome do homem não havia sido divulgado até a publicação desta matéria,

Segundo a PM, o local era de difícil acesso para os militares e também impossível de sair de lá sem alguma ajuda externa. A residência possuía muros altos de todos os lados e era totalmente coberta por telhado. A vítima conseguiu se comunicar primeiramente por uma pequena fresta entre o muro da fachada e o portão de entrada e disse que estava presa ali por uma semana e que apenas o esposo tinha as chaves do imóvel.

Trancada sem água e sem comida

Em relato aos militares, ela disse que o homem saía todos os dias para trabalhar e a deixava sozinha, trancada, sem comida e sem água potável. Ele também confiscou o celular dela e permitia apenas que ela fizesse ligações para os pais na presença dele. Ainda que o indivíduo controlava tudo que ela fosse dizer ao telefone, a impedindo de pedir ajuda.

Naquele mesmo dia, a mãe dela contou que iria visitar a filha na cidade. Depois, o marido saiu de perto para resolver uma demanda de serviço, e a mulher ligou imediatamente para a Polícia Militar pedindo ajuda e aos pais para contar toda a situação.

Ao chegarem ao local, os policiais perceberam que não havia como arrombar nenhum dos portões da casa porque eram de metal resistente e estavam completamente fechados. Os agentes solicitaram, então, uma escada e conseguiram retirar a vítima por uma parte do telhado.

Relatos de abusos

Em segurança, a vítima disse que residia em Baixo Guandu e que há cerca de nove meses se casou com o homem. Depois disso, o casal se mudou para Governador Valadares, onde ela não tinha nenhum parente ou amigo. Ela contou que desde o início do relacionamento o marido é agressivo. Em datas anteriores foi agredida com socos, empurrões, tapas, mordidas e puxões de cabelo.

A mulher relatou que o homem também fazia torturas psicológicas, com humilhações, diminuindo a autoestima dela. Ouvia ele dizer que ela não tinha valor, que não era ninguém e que de nada adiantava ela procurar ajuda, pois era amigo de pessoas influentes na sociedade.

Vítima tinha medo de ser exposta

Apesar do histórico, ela sempre escondeu o que acontecia dos pais. Perguntada sobre o motivo de não revelar os abusos, ela respondeu que o marido a obrigava a manter relações sexuais com ele e outras pessoas, e que ele fazia registros em vídeos e fotos. Ela tinha medo porque o marido ameaçava expor as imagens, caso ela contasse algo.

Ela queria que as mídias fossem apagadas, mas o marido a levou de volta para Governador Valadares e depois disso reteve o celular dela, documentos pessoais e a deixou trancada.

A vítima foi levada para um hospital de Governador Valadares, onde recebeu atendimento médico. A PM solicitou atendimento psicológico para a vítima e também apoio da assistência social. Ela foi orientada sobre a necessidade de solicitar as medidas protetivas de urgência para garantir a integridade física e psicológica.

O pai dela foi até o hospital para buscar a filha e levá-la embora após a alta médica. O marido não foi localizado pelos policiais.

A reportagem de A Gazeta procurou a Polícia Civil mineira para obter mais informações sobre o andamento do caso. "As investigações terão continuidade na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher e maiores informações serão repassadas posteriormente", respondeu a corporação em nota.

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