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Morte de mãe que foi visitar filho em cadeia ainda é mistério no ES

Morte de mãe que foi visitar filho em cadeia ainda é mistério no ES

Há seis meses, Junia Souza Damasceno Bonfim foi encontrada morta perto do Complexo de Xuri, em Vila Velha. Exame cadavérico descarta violência sexual, mas não indica causa da morte

Publicado em 29 de novembro de 2021 às 20:58

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Seis meses se passaram desde que a morte de Junia Souza Damasceno Bonfim, de 52 anos, foi confirmada. Em maio deste ano, a dona de casa ficou desaparecida por nove dias até que o corpo dela foi encontrado perto do Complexo de Xuri, em Vila Velha, onde ela foi para visitar o filho detido, de 29 anos. Até o momento, o caso ainda é mistério para a Polícia Civil, já que, segundo a corporação, no resultado do exame cadavérico, a causa da morte ficou indeterminada "devido ao adiantado estado de decomposição em que o corpo foi encontrado". Apesar de a vítima ter sido encontrada sem algumas peças de roupa, o laudo apontou que ela não sofreu violência sexual.

Junia Souza Damasceno Bonfim foi encontrada morta em Vila Velha, aos 52 anos
Junia Souza Damasceno Bonfim foi encontrada morta em Vila Velha, aos 52 anos. (Acervo pessoal)

A Polícia Civil também afirmou que o caso é investigado pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM) e que, até o final da tarde desta segunda-feira (29), nenhuma prisão relacionada ao caso havia sido feita. "Outros detalhes não serão divulgados", concluiu a corporação, em nota.

Corpo de Junia Souza Damasceno Bonfim foi encontrado em uma área de mata entre o Complexo de Xuri e a BR 101, em Vila Velha
Junia foi encontrada com as mesmas roupas e chinelos que usava no dia do desaparecimento. (Rodrigo Gomes)

Filha da vítima, a universitária e auxiliar administrativa Thaís Damasceno Bonfim, de 20 anos, admitiu restar pouca esperança à família. Atualmente, depois de seis meses de espera, ela ainda cobra por esclarecimentos a respeito do caso. "Seis meses é muito tempo para não saber de nada, não ter colhido depoimento e não ter suspeito. A polícia não está correndo atrás e isso entristece o coração. Tenho certeza que se fosse a mãe de algum deles, isso já estava resolvido há muito tempo", disse.

Segundo a jovem, ela que conseguiu algumas imagens do trajeto feito pela mãe no dia do desaparecimento, até a entrada em um ônibus perto da Rodoviária de Vitória. "No entanto, até hoje, eu não prestei depoimento. Está tudo parado e nunca me dão retorno", reclamou.

Mãe desaparece após sair para visitar filho em presídio
Junia pegou o ônibus perto da Rodoviária de Vitória para ir até o Complexo de Xuri, em Vila Velha. (Reprodução | TV Gazeta)

Segundo a jovem, a mãe dela era uma pessoa muito amorosa e dedicada, que não tinha desavenças com ninguém.

Aspas de citação

Eu não suspeito de ninguém e não faço ideia do que aconteceu. Se a polícia, com muito mais acesso e conhecimento do que eu, diz que não sabe... como eu vou saber?

Thaís Damasceno Bonfim
Auxiliar administrativa e universitária
Aspas de citação

FILHO FOI TRANSFERIDO APÓS A MORTE

Segundo a filha Thaís Damasceno Bonfim, a mãe chegou a pedir, mais de uma vez, a transferência do filho detido para outro presídio, fora do Complexo de Xuri, em Vila Velha, por questões de segurança. "Ela fez várias tentativas e não conseguiu. Porém, quando ela morreu, no outro dia, eles o transferiram", afirmou.

Demandada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) esclareceu que "realiza a transferência de presos visando o controle das unidades e de acordo com o número de vagas disponíveis". A pasta também garantiu que possui infraestrutura adequada para monitorar as áreas que fazem parte dos complexos.

A Sejus informou ainda que "o caso foi registrado em uma área externa, às margens da BR 101, fora do Complexo de Xuri. A investigação do crime está sendo conduzida pela Polícia Civil", e esclareceu "que é responsável pela guarda e proteção das unidades prisionais do Estado, que possuem infraestrutura de segurança adequada para o monitoramento intramuros e nas áreas que fazem parte dos Complexos que são de sua responsabilidade".

Corpo de Junia Souza Damasceno Bonfim foi encontrado em uma área de mata entre o Complexo de Xuri e a BR 101, em Vila Velha
Corpo de Junia Souza Damasceno Bonfim foi encontrado em uma área de mata entre o Complexo de Xuri e a BR 101, em Vila Velha. (Rodrigo Gomes)

NOVE DIAS DESAPARECIDA: RELEMBRE O CASO

A dona de casa Junia Souza Dasmasceno Bonfim, de 52 anos, desapareceu no dia 13 de maio deste ano, após sair da própria casa no bairro Caratoíra, em Vitória. Pouco antes das 13h, ela chegou a entrar em um ônibus na cidade, para ir visitar o filho detido no Complexo de Xuri, em Vila Velha.

Para chamar a atenção para o desaparecimento, a família chegou a fazer uma passeata no Centro da Capital. Nove dias depois, no sábado (22), o corpo dela foi encontrado por agentes penitenciários em um matagal próximo do presídio. Segundo policiais, faltavam algumas peças de roupa.

Mãe desaparece após sair para visitar filho em presídio
Familiares e amigos cobraram respostas sobre o desaparecimento de Junia. (Reprodução | TV Gazeta)

Devido à avançada decomposição do corpo, não foi possível identificá-la imediatamente. No entanto, no Departamento Médico Legal (DML), a filha Thaís Damasceno Bonfim disse que acreditava ser a própria mãe, devido às roupas e ao chinelo, que eram iguais aos que a dona de casa usava.

No dia 25 de maio, a Polícia Civil confirmou a identidade por meio de um exame de DNA e de arcada dentária. Segundo a família, Junia não chegou a fazer a visita ao filho que estava preso no Complexo de Xuri. O enterro foi realizado no dia seguinte, no Cemitério de Santo Antônio, em Vitória.

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