Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 06:02
A região onde o adolescente de 17 anos foi morto há anos é dominada pelo Primeiro Comando de Vitória (PCV), que atua com outra organização criminosa, o seu braço armado, o Trem Bala. O projeto de expansão deles tem provocado, nos últimos anos, mortes e conflitos em vários bairros de Vitória. Partiu deles, segundo o governador Renato Casagrande, os ataques a ruas e avenidas da Capital.>
Durante a manhã e tarde desta sexta-feira (14) ruas de Vitória e bairros da Serra vivenciaram cenários de guerra, com depredações de veículos e lojas, ônibus e carros incendiados, vias interditadas, atendimento público suspenso em escolas, unidades de saúde, comércio fechado. Em meio ao conflito, uma população refém do medo.>
Fato semelhante já havia sido registrados em algumas destas avenidas, como a Leitão da Silva, em ocasiões anteriores, assim como nos bairros Alagoanos, Caratoíra, Piedade, Fonte Grande, Ilha do Príncipe, dentre outros. O mais recente conflito ocorreu no início deste mês, com intensa troca de tiros que envolveu as comunidades da Piedade, Fonte Grande e Moscoso. Desde então, a região que reúne os bairros da Penha, Bonfim, São Benedito, Consolação, Gurigica e Itararé está ocupada pela Polícia Militar por tempo indeterminado.>
Por trás desta dominação do PCV estão três dos criminosos mais procurados no Estado, que ainda não foram presos e comandam o tráfico no Estado. Trata-se de Geovani de Andrade Bento, o Vaninho, de 24 anos, Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, de 27 anos, e Alan Rosário Oliveira, o Gordinho, de 31 anos. De acordo com investigações da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual (MPES), os três são as lideranças que comandam, fora do presídio, o PCV. >
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São eles que têm determinado as principais ações que resultam em conflitos nos bairros de Vitória e em outras cidades capixabas. E foi de lá que partiram as ordens para os ataques de hoje. "Foi uma reação foi em decorrência do enfrentamento que tiveram a partir da atuação da Polícia Civil, quando um jovem de um grupo criminoso perdeu a vida. Vieram atormentar as vias públicas", explicou Casagrade.>
O jovem morto é Caio Matheus Silva Santos, de 17 anos. Ele era morador do Bairro da Penha, onde vivia com a mãe, o padrasto e mais quatro irmãos. Sua família nega a sua participação no tráfico, mas as investigações a que a reportagem teve acesso apontam que ele era ligado aos líderes do Primeiro Comando de Vitória (PCV). Em algumas das fotos divulgadas nas redes sociais nesta sexta-feira (14) ele aparece portando armas e com a simbologia de membros da cúpula da facção.>
Seu apelido entre os membros da organização criminosa era Três Bocas, ou TB. Nas redes sociais é informado que era muito próximo a Marujo, principal liderança do PCV em liberdade. Segundo as investigações, o adolescente era chamado de "filho do homem", mesma identificação que também utilizava nas redes sociais. No final da tarde foi divulgado que o velório dele será realizado no Beco do Trem Bala, que é o braço armado do PCV.>
Foi a morte de Caio, explicou Casagrande, que gerou a série de ataques. "Uma liderança perdeu a vida no confronto com a polícia e isto causou uma reação dos grupos criminosos, que foi imediatamente combatida pela polícia", relatou Casagrande.>
Além do grupo do PCV, há outra resistência, que segundo a investigação da Polícia Civil, é liderada pelos "Irmãos Veras". Teriam sido eles que lideraram o ataque ao morro do Moscoso e a Piedade no início do mês, o que causou conflitos com as lideranças do PCV, uma vez que em decorrência da ação, a polícia ocupou a região do Bairro da Penha, com a Operação Anoxia, por tempo indeterminado.>
Há ainda outro grupo autônomo em Andorinhas, que não aceita a liderança do PCV, criando uma facção local. Atuam na região do bairro conhecida como Mangue Seco.>
Confrontos que o governador garante estar enfrentando. "A polícia atuou e continuará atuando para ter resultados positivos. A luta contra o crime é difícil, diária, porque o crime se organiza muito, e estamos para realizar este enfrentamento, com muita intensidade. Se os bandidos quiserem causar quaisquer transtornos, vamos atuar com firmeza.>
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