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Conversa mal-entendida gerou ligação que terminou com chacina em ilha de Vitória

Conversa mal-entendida gerou ligação que terminou com chacina em ilha de Vitória

A polícia identificou seis autores do crime, sendo dois menores, e deu detalhes sobre como aconteceu a chacina na Ilha Doutor Américo, que resultou na morte de quatro pessoas

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 13:59

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Autores de chacina em ilha de Vitória
Autores de chacina em ilha de Vitória. (Divulgação/Polícia Civil)

Uma conversa mal-entendida foi a causa da ligação que terminou com a chacina na Ilha Doutor Américo Bernardes, em Vitória, onde quatro jovens foram mortos e dois ficaram feridos. A informação foi passada pela Polícia Civil, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (26), onde foram dados detalhes sobre a conclusão do inquérito do crime. Seis pessoas foram indiciadas e a pena pode chegar a 150 anos de prisão para cada um.

No crime, ocorrido no dia 28 de setembro, foram mortos Pablo Ricardo Lima Silva, Wesley Rodrigues Souza, Yuri Carlos de Souza Silva e Victor da Silva Alves. Além deles, outros dois jovens ficaram feridos.

O secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre Ramalho, deu detalhes da conclusão do inquérito, em conjunto com o delegado titular da DHPP de Vitória, Marcelo Cavalcanti. Segundo eles, os jovens de Santo Antônio se encontraram com outros dois de Cariacica na ilha. Eles estariam no local buscando lazer com consumo de cerveja e maconha.

Em um determinado momento, segundo a polícia, as vítimas até conversaram com os dois jovens, pedindo seda (papel) para uso de maconha, material que foi compartilhado por eles. Depois disso, os grupos se separaram. Foi aí que tiveram início os fatos que causaram a chacina.

Ilustrações simulando como ocorreu a chacina na ilha Dr. Américo
Ilustrações simulando como ocorreu a chacina na ilha Dr. Américo. (Amarildo)

A CONVERSA

Os jovens de Santo Antônio começaram a conversar, e um dos jovens de Cariacica, ouvindo o assunto, deduziu que eles seriam de uma facção criminosa de Vitória, rival do tráfico de Porto de Santana.

“Neste momento, ele ligou (um menor de 17 anos) para Felipe Domingos Lopes, o Boizão, liderança do tráfico em Porto de Santana, que se juntou com mais quatro indivíduos que pegaram um barco e saíram em direção à ilha. Quando chegaram lá, desembarcaram e já tinham a informação de que as vítimas estavam desarmadas, o local onde estavam e que poderia pertencer a essa facção de Vitória”, disse o delegado Marcelo Cavalcanti.

No local, apenas três das seis vítimas foram rendidas. Isso porque os outros três tinham ido a Santo Antônio buscar cerveja e drogas para consumo. No entanto, ao voltarem, os jovens também foram rendidos. Segundo o delegado, eles foram ameaçados e subjugados por pelo menos 30 minutos. Durante a ação, um dos autores ligou para uma pessoa do celular de uma das vítimas, para perguntar quem seriam e se teriam envolvimento com a facção criminosa.

VÍTIMAS NÃO TINHAM LIGAÇÃO COM FACÇÃO RIVAL

De acordo com as investigações, a pessoa que atendeu o telefone negou que os jovens tivessem ligação com alguma organização. E mesmo de posse dessa informação, os jovens foram executados.

“Mesmo assim, tendo essa negativa, foram feitos os vídeos que foram divulgados, e o Felipe Boizão resolveu executar as vítimas, sendo seguido pelos outros quatro, com exceção do Adriano, que não atirou, pois tinha certeza que as vítimas não eram envolvidas”, disse o delegado. “Esse fato é comprovado pela perícia, pois ele estava com uma arma de calibre 9mm e nenhuma cápsula desse tipo foi encontrada no local”, completou.

Durante as investigações, o delegado informou que um menor de 17 anos foi induzido por Felipe Domingos Lopes a se entregar e dizer que era o autor do crime, fato que foi descartado pela polícia.

“O menor que fez a ligação foi usado na investigação pelo Felipe, que mandou que o jovem viesse até a delegacia e dissesse que foi o autor do crime, algo que foi descartado na investigação. Nós fizemos uma série de perguntas e em todas elas as respostas eram erradas, as informações não batiam”, disse.

Ainda assim, o delegado informou que o menor, apesar de não ter efetuado disparos, foi indiciado como autor do crime por ter passado informações que levaram à morte das vítimas. "Entendemos que a participação dele foi determinante para que o crime fosse realizado", destacou o delegado.

OS INDICIADOS

De acordo com a polícia, seis homens foram indiciados e já são réus em ação penal, sendo dois menores de idade. Três deles estão presos, dois estão foragidos e para um deles a polícia aguarda um mandado de apreensão da Justiça. São eles:

Felipe Domingos Lopes, vulgo "Boizão". Está preso e é um dos autores da chacina na ilha, segundo a polícia. (Divulgação/Polícia Civil)

Felipe Domingos Lopes, vulgo “Cara de Boi” ou “Boizão”, de 22 anos. Segundo a polícia, ele foi o responsável pela ordem do crime, além de ser o primeiro a atirar contra as vítimas. Foi preso em 26 de outubro;

Adriano Emanoel de Oliveira Tavares, vulgo "Balinha" ou "Da Bala" é apontado como coautor do crime. (Divulgação/Polícia Civil)

Adriano Emanoel de Oliveira Tavares, vulgo “Balinha” ou “Da bala”, de 22 anos. Segundo a polícia, é coautor do crime. Foi preso no dia 02 de outubro;

Werick Sant'Anna dos Santos da Silva, vulgo "Mamão". (Divulgação/Polícia Civil)

Werick Sant’ Anna dos Santos da Silva, vulgo Mamão, de 18 anos, foi o responsável por pilotar o barco, além de ser um dos executores, segundo a polícia. Foi preso no dia 03 de outubro.

Victor Bertholini Fernandes, vulgo Vitinho. (Divulgação/Polícia Civil)

Victor Bertholini Fernandes, de 19 anos. Foi um dos executores do crime, de acordo com a polícia. Está foragido.

Além deles, dois adolescentes de 17 anos foram indiciados. Um deles foi um dos executores do crime e também está foragido. O outro, foi o responsável por informar a Felipe Domingos Lopes, o Boizão, a localização das vítimas e que elas teriam ligação com uma facção criminosa rival.

Eles foram indiciados pelos crimes de homicídios consumados e tentados triplamente qualificados, por motivo torpe, cruel e meio que dificultou ou impossibilitou a defesa das vítimas; associação para o tráfico; e, para os maiores, corrupção de menores. Segundo o delegado, se somadas, as penas podem chegar a 150 anos de prisão para cada um.

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