Reporter / [email protected]
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 11:52
Há três anos, a família do perito criminal aposentado Celso Marvila Lima convive com o luto e a dor de não poder realizar um velório ou sepultamento. Marvila desapareceu no dia 3 de agosto de 2022, e as investigações concluíram que ele foi assassinado, mas, até hoje, seu corpo não foi encontrado. Quatro pessoas foram presas pelo crime.>
Celson Marvila, que tinha 64 anos quando desapareceu, trabalhou por 42 anos na Polícia Civil e se aposentou em 2020. Quando sumiu, ele era presidente do Jockey Clube do Espírito Santo, localizado em Itaparica, Vila Velha.>
Segundo a Polícia Civil, o Inquérito Policial foi concluído em dezembro de 2022, e as buscas pelo corpo foram encerradas. Entretanto, podem ser retomadas caso surjam novas informações que indiquem a localização dos restos mortais. As informações podem ser passadas de forma anônima através do Disque-Denúncia 181. >
Conforme a Polícia Civil, Marvila passou o dia do seu desaparecimento no clube. Na manhã do dia 4 de agosto, sua caminhonete, uma Mitsubishi L200 4x4, foi encontrada incendiada em uma estrada de chão em Xuri, Vila Velha. Moradores da região passaram na noite anterior e viram a caminhonete pegando fogo. >
>
No interior da caminhonete, a perícia encontrou um celular bastante avariado. Não foi informado, todavia, se o aparelho pertencia ao aposentado, nem se foi possível recuperar algum material que ajudasse nas investigações.>
Desde o desaparecimento, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros trabalharam nas buscas pelo corpo do perito no terreno do bairro Jockey de Itaparica. As ações tiveram apoio da equipe de buscas com cães K9 e com máquinas de escavação. >
As investigações da Polícia Civil concluíram que Celso Marvila foi assassinado dentro do Jockey Clube. O delegado Tarik Souki, na época titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, contou em coletiva de imprensa realizada em dezembro de 2022, que o perito aposentado foi capturado e morto em um pavilhão cuidado por um dos suspeitos. >
De acordo com o delegado Tarik, o perito aposentado foi morto no dia 3 de agosto de 2022, entre 17h e 18h30. Isso porque, às 17 horas, três funcionários viram a vítima pela última vez e, às 18h46, a caminhonete de Marvila sai do Jockey Clube e é levada até o local onde foi encontrada incendiada.>
A Polícia Civil acredita que, nesse meio tempo, a vítima foi capturada e morta em um dos pavilhões que fica na parte mais baixa do Jockey Clube.>
Por imagens de videomonitoramento de um shopping que fica próximo do local, a polícia descobre que às 18h39 o carro da vítima é levado até esse pavilhão. Nesse tempo, o carro de outro comparsa estaciona e fica por cerca de cinco minutos. Em seguida, sai acompanhado do carro de Marvila.>
Conforme apontado pelas investigações que analisaram mais de 300 horas de imagens de videomonitoramento, o corpo do perito foi provavelmente levado por outro veículo até um local – ainda não identificado – diferente de onde a caminhonete da vítima foi achada incendiada, no dia 4 de agosto.>
Segundo o delegado Tarik Souki, das seis pessoas apontadas como envolvidas no crime, cinco estavam no local e no mesmo horário do crime no Jockey Clube.>
Apesar de ser difícil determinar o que cada um fez, por falta de confissões, de acordo com investigações, a polícia conseguiu determinar que dos cinco que estavam no local, três deles participaram diretamente na execução e eliminação dos vestígios.>
Marvila, que era presidente do Jockey Clube há cerca de um ano, passou a suspender títulos de inadimplentes e de outros sócios, pois o local estava em processo de venda de algumas áreas por valores milionários.>
Segundo o titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha da época, delegado Tarik Souki, o Jockey Clube já havia vendido a parte dos fundos por R$ 40 milhões e estava em processo para venda da parte da frente, pelo valor de aproximadamente R$ 140 milhões.>
Tarik Souki
Delegado e titular da DHPP Vila Velha na épocaA pessoa citada pelo delegado seria o sargento Wenos Francisco dos Anjos, do Corpo de Bombeiros , conforme A Gazeta apurou. Ele estava no Jockey Clube no dia que o perito foi morto, junto a outros suspeitos. A Polícia Civil explicou a relação entre os detidos e qual teria sido a participação de cada um no homicídio, cuja execução teria tido o envolvimento direto de três pessoas, incluindo um bombeiro e um policial.>
Ao todo, seis pessoas chegaram ser presas suspeitas de envolvimento no crime, sendo que quatro delas tiveram denúncia oferecida pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e respondem por participação no desaparecimento do perito.>
O sargento do Corpo de Bombeiros, Wenos Francisco dos Anjos, era quem tinha a maior desavença por conta da suspensão de títulos do Jockey Clube. O irmão dele, Wesley Francisco dos Anjos, também era sócio do local e não estava satisfeito com a administração de Marvila. O soldado Lucas dos Santos Lage apenas participou por ser muito amigo dos irmãos. >
O gerente do Jockey Clube, Milton Candido da Silva Filho, também era muito próximo do sargento. Sem as confissões dos envolvidos, a Polícia Civil não conseguiu informações que apontem a premeditação do crime. O que se sabe é que já havia uma desavença anterior>
Ainda em dezembro de 2022, quando a Polícia Civil divulgou detalhes das investigações, o delegado Tarik Souki, afirmou que não restam dúvidas que o perito aposentado Celso Marvila foi assassinado. Ele explica que os suspeitos usaram métodos antigos para cometer o crime.>
Carregando o nome do pai, Celso Marvila Lima Júnior afirma que o sentimento de impunidade é constante e nunca passa. Para a família, os dias seguem sempre marcados pelo luto e pela dor.>
Celso Marvila Lima Júnior
Filho de Celso MarvilaSem um corpo, a família teve dificuldades para conseguir uma certidão de óbito. Com o homicídio comprovado, foi possível entrar com um processo de morte presumida e eles agora aguardam a Justiça aceitar para, enfim, terem o documento. >
Celso Marvila Lima Júnior
Filho da vítimaO Tribunal de Justiça foi procurado para dar mais informações sobre o andamento do processo. Assim que houver retorno, o texto será atualizado. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta