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Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 17:17
A denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) sobre a morte do perito aposentado Celso Marvila Lima revela conversas entre os denunciados pelo crime. Os relatos fazem parte das provas obtidas durante a investigação e comprovam que o assassinato foi premeditado, além de motivado por discordâncias com a venda milionária do Jockey Clube, em Vila Velha. >
Os quatro denunciados por envolvimento no crime são:>
Na “nuvem” (armazenamento digital) do WhatsApp do ex-perito, continha um documento com proposta no valor de R$ 148 milhões para a compra do Jockey Clube. Como os associados são cotistas, receberiam um valor proporcional ao número de cotas que possuíssem, em eventual venda.>
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Na denúncia do MPES, consta que Wenos não teria recebido qualquer valor referente à venda de um terreno do Jockey Clube, avaliado em R$ 38 milhões. A situação o desagradou profundamente, conforme áudios recuperados do celular dele, nos quais comenta sobre Celso Marvila.>
Uma conversa ocorrida após o crime, de um companheiro de trabalho de Wenos, mostra a suspeita em relação à morte do perito aposentado. O homem não teve o nome divulgado na denúncia, mas o documento mostra que o sargento já teria relatado a ele a intenção de matar o perito aposentado.>
O MPES aponta que Wenos uniu-se ao irmão Wesley, a Milton (gerente do Jockey Clube), a Lucas e a outras pessoas não identificadas para matar a vítima, com o objetivo de vingar o prejuízo que entendia ter sofrido. Além de lucrar, fazendo com que pudesse ter participação na futura venda.>
Trechos de mensagens de áudio extraídos de conversas do telefone de Lucas e transcritos durante a investigação evidenciam a proximidade entre os dois militares envolvidos no crime.>
O MPES afirma que os denunciados escolheram o dia 3 de agosto de 2022 para a prática do homicídio, a ser cometido nas dependências do Jockey Clube, onde Wenos era responsável por um dos pavilhões. Uma interceptação telefônica feita em setembro revela o provável horário em que a morte ocorreu.>
Na transcrição feita pelos investigadores é possível notar que Celso Marvila estava prestes a deixar o Jockey Clube para comprar medicamento para a esposa, quando acabou assassinado.>
Outra conversa telefônica, do dia seguinte ao crime, mostra uma mensagem enviada por Lucas, dizendo que iria levar um "negócio" para uma pessoa. O MPES entende que seria o anel da vítima – uma joia peculiar com formato de ferradura – com o qual o denunciado queria fazer um cordão. >
Já no dia 13 de agosto, uma interceptação telefônica revela que Lucas foi informado que o cordão estava quase pronto. Durante diligências cumpridas na casa dele, em 1 de setembro, o anel de Celso Marvila foi encontrado na residência do policial militar, junto com armas, drogas e um celular. >
Diante de todos os diálogos e das imagens de videomonitoramento coletadas, o Ministério Público do Espírito Santo concluiu que o crime ocorreu por volta das 17h30 do dia 3 de agosto de 2022, de forma premeditada e por motivo torpe. >
O órgão pediu que a prisão temporária dos denunciados seja convertida em preventiva e que eles respondam pelo homicídio de Celso Marvila, pela subtração do anel de ouro dele, por fraude processual e por ocultação de cadáver.>
O advogado João Gualberto, que faz a defesa de Milton Cândido, informou que ainda não teve acesso aos autos e assim não há como se manifestar no momento. O espaço está aberto para caso os outros advogados queiram se manifestar. >
A reportagem de A Gazeta procurou o Ministério Público, questionando sobre o fato de a Polícia Civil ter prendido seis pessoas e o MPES ter denunciado quatro. Sobre isso, o órgão enviou uma nota, alegando que, por meio da Promotoria Criminal de Vila Velha, "informa que os nomes em tela não foram indiciados pela Autoridade Policial". Destacou ainda que a participação de outras pessoas não está excluída, conforme consta na própria denúncia ajuizada. >
Também em nota, o Corpo de Bombeiros Militar informou que a Corregedoria da Corporação aguarda o andamento do Processo Criminal, que tramita na Justiça Comum, para adotar as medidas cabíveis em âmbito administrativo e/ou criminal militar.>
A Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, informa que na conclusão do inquérito policial, quatro pessoas foram indiciadas pelo crime de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, furto qualificado (anel da vítima) e fraude processual. No andamento da investigação, não foi possível juntar elementos técnicos suficientes para comprovar a participação dos outros dois envolvidos, bem como outras pessoas. >
Atualização (23/01 - 13h24): a versão anterior deste texto apresentava o nome de todos os seis presos durante as investigações da Polícia Civil, mas como não houve o indiciamento de duas pessoas, apenas os nomes dos quatro citados na denúncia foram mantidos. >
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