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Polícia prende 4 suspeitos por desaparecimento de perito em Vila Velha

Polícia prende 4 suspeitos por desaparecimento de perito em Vila Velha

Operação para o cumprimento dos mandados de prisão no Jockey Clube e no bairro Ataíde, em Vila Velha, foi realizada pela Polícia Civil e Guarda Municipal no início da manhã desta quarta-feira (21)

Publicado em 21 de dezembro de 2022 às 07:58

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Celso Marvila Lima, de 64 anos, desaparecido desde quarta-feira (3)
Celso Marvila Lima, de 64 anos, desaparecido desde 3 de agosto. (Reprodução/Fabrício Christ)
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

Quatro suspeitos de participação no desaparecimento do perito aposentado da Polícia Civil Celso Marvila Lima  foram presos na manhã desta quarta-feira (21). Outros dois suspeitos, segundo a Polícia, já tinham sido presos anteriormente, totalizando seis pessoas. O policial foi visto pela última vez no dia 3 de agosto de ano e, até o momento, não há pistas sobre o paradeiro dele.

A operação da Polícia Civil em parceria com a Guarda Municipal aconteceu por volta de 4h da madrugada. Os mandados de prisão temporária foram cumpridos no Jockey Clube de Vila Velha e no bairro Ataíde. A informação foi confirmada à reportagem da TV Gazeta pelo delegado Romualdo Gianordoli, chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Os nomes dos quatros presos não foram divulgados, mas a reportagem da TV Gazeta apurou a função de cada um deles: um funcionário do Jockey Clube, de 40 anos; um sargento do Corpo de Bombeiros, de 49 anos; a namorada dele — que também é cozinheira do Jockey Clube —, de 27 anos; e o irmão do bombeiro, de 44 anos. Os suspeitos foram levados para o DHPP, onde passam, na manhã desta quarta-feira, pelos procedimentos antes de serem encaminhados para um presídio. Mais detalhes das prisões serão apresentados em entrevista coletiva na tarde desta  quarta-feira.

Segundo apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os mandados de prisão são pelo crime de homicídio.

Quem é Celso Marvila

Além de ter feito parte do quadro da Polícia Civil capixaba por 42 anos, se aposentando em 2020, Celso Marvila Lima é presidente do Jockey Clube do Espírito Santo, localizado em Itaparica, Vila Velha. Relatos de funcionários apontam que ele era querido no local, além de frequentador assíduo do centro hípico.

"Ele é uma pessoa muito querida, nunca ficamos sabendo de nada contra ele. Estamos aflitos com a falta de notícias e respostas", relatou um dos funcionários, que preferiu não se identificar na época.

Ainda segundo testemunhas, Marvila passou o dia inteiro no Jockey Clube, no dia 3 de agosto, antes de desaparecer. "Quando fui embora, depois das 18h, o carro dele continuava no estacionamento e o vi andando pelo espaço. Pelas imagens do veículo queimado, parece ser a mesma caminhonete", afirmou.

A Mitsubishi L200 4x4 em que Celso estava foi localizada por populares em Xuri, Vila Velha, completamente destruída. Após ser abandonado, o veículo foi incendiado em uma estrada de chão na região. Desde então, Marvila não foi mais visto.

Operação para localizá-lo

Para encontrar o policial aposentado, a Polícia Civil deflagrou uma operação no dia 1º de setembro, dentro do Jockey Clube. Com apoio do Corpo de Bombeiros, cães farejadores e uma retroescavadeira, equipes vasculharam a região, porém Marvila não foi localizado.

Polícia faz buscas em terreno perto do Jockey Clube à procura de pistas sobre o desaparecimento do perito Celso Marvila(Oliveira Alves)

Policial preso

Durante a ação, um policial militar reformado foi preso em flagrante por tráfico de drogas. Policiais estiveram na casa do soldado Lucas dos Santos Lage, de 35 anos, para cumprimento de mandados de busca e apreensão relacionados à investigação do desaparecimento do perito – inclusive, o carro dele, um Audi, foi apreendido na operação. No entanto, como foram encontradas drogas no imóvel. Lucas acabou detido, autuado por tráfico e encaminhado ao presídio.

No documento da audiência de custódia que manteve o policial militar preso, a juíza Raquel de Almeida Valinho destacou que "há investigações em curso em desfavor de Lucas, por suposto envolvimento" no caso do perito Celso Marvila, "razão pela qual entende por necessária a custódia cautelar, nesse momento".

Procurada por A Gazeta, a defesa do policial disse à época que Lucas dos Santos Lage nega envolvimento com tráfico de drogas, e informou que a droga apreendida na casa dele era somente para uso pessoal.

Questionada sobre o possível envolvimento do militar com as investigações relacionadas ao caso do perito aposentado, a defesa negou "qualquer participação com relação ao homicídio" de Celso Marvila Lima, informou, em nota. Disse ainda que outras informações estão impossibilitadas de serem divulgadas, tendo em vista as investigações ocorrem sob o segredo de justiça.

Segunda prisão

Menos de um mês depois, houve uma nova operação no bairro Jockey de Itaparica, em Vila Velha, no dia 28 de setembro. Um dos gerentes do Jockey Clube, identificado como Milton Candido da Silva Filho, de 40 anos, foi preso durante a ação, em um imóvel que fica no terreno onde foram realizadas as buscas.

Na época, a juíza Raquel de Almeida Valinho, que determinou pela prisão preventiva do suspeito, informou que a prisão em flagrante dele "se deu em decorrência de investigação policial anterior a respeito de crime de homicídio contra um perito criminal da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, bem como de cumprimento de mandado de busca e apreensão".

Terreno do bairro Jockey de Itaparica alvo de operação da Polícia Civil nesta quarta-feira (28)
Terreno do bairro Jockey de Itaparica alvo de operação da Polícia Civil em 28 de setembro. (Leitor A Gazeta)

Responsável pela defesa de Milton Candido da Silva Filho, o advogado João Gualberto afirmou à época que a prisão do cliente – vista como "excessiva" pelo profissional – não tem relação com o desaparecimento do perito Celso Marvila Lima. De acordo com a Sejus, o suspeito continua preso no Centro de Detencão Provisória de Vila Velha.

"Essa desvinculação precisa ser feita. Esse caso precisa ser investigado, pois trata-se de uma pessoa desaparecida, mas está sob sigilo e não vou me manifestar. A ocorrência do meu cliente não tem vinculação. A defesa dele vai ser feita no processo para defender os interesses dele", disse.

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