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Terras raras: como fica o ES se Brasil usar esse trunfo contra o tarifaço

Terras raras: como fica o ES se Brasil usar esse trunfo contra o tarifaço

Na avaliação de economista, exploração de terras raras permitiria ao Estado diversificar sua balança comercial, gerar empregos qualificados, estimular investimentos tecnológicos e mitigar os impactos de tarifas, que começam a valer nesta quarta (6)

Publicado em 6 de agosto de 2025 às 08:16

Você conhece os benefícios da areia monazítica? A praia da Areia Preta é famosa por seus poderes medicinais, comprovados cientificamente por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Um conjunto de 17 elementos químicos chamado de terras raras tem ganhado destaque nas última semanas devido ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ao Brasil. A medida entra em vigor nesta quarta-feira (6).

No último dia 30, a Casa Branca publicou a ordem executiva confirmando os 40% de tarifas adicionais, que, somando com os 10% do início do ano, resultam em 50% de taxa para exportação. E junto à publicação, veio uma lista com quase 700 produtos que ficaram de fora da sobretaxação, o que foi considerado, por muitos setores exportadores do Espírito Santo, um alívio. 

Pelo interesse norte-americano nesse grupo de minerais, essenciais para indústria automotiva, de energia, chips de computadores e outras aplicações, as terras raras têm sido apontadas como um trunfo para ampliar as conversas entre Brasil e Estados Unidos.

Pesquisas em terras raras são feitas no Brasil
Pesquisas em terras raras são feitas no Brasil Crédito: Camila Cunha/SGB

Na segunda-feira (4), inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil pode discutir a inclusão da explorações de terras raras e minerais críticos nas negociações com o governo dos Estados Unidos sobre o tarifaço.

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Terras raras: como fica o ES se Brasil usar esse trunfo contra o tarifaço

Mas como fica no Espírito Santo se a exploração das terras raras ganhar volume? O Estado tem concentração dessas riquezas principalmente no Litoral Sul, além da Região Serrana.

Para o economista e membro do Conselho de Economia do Espírito Santo, Vaner Corrêa, o Espírito Santo tem potencial significativo para se tornar um polo estratégico na exploração de terras raras, insumos críticos para tecnologias de ponta, como ímãs permanentes, turbinas eólicas, veículos elétricos e eletrônicos. Esses minerais são fundamentais em setores com alto valor agregado global.

"Explorar essas reservas com critérios de sustentabilidade e refino local permitiria ao Estado diversificar sua balança comercial, gerar empregos qualificados, estimular investimentos tecnológicos e mitigar os impactos de tarifas impostas por grandes potências sobre nossas exportações primárias", afirma.

Terras raras no ES

Cobiçadas pela indústria mundial, terras raras correspondem a um grupo de 17 elementos químicos que podem ser essenciais para indústria automotiva, de energia, chips de computadores e outras aplicações. E os Estados Unidos demostraram interesse nesses minerais do Brasil.

No país, vários Estados têm potencial para a presença de terras raras no solo. O Espírito Santo, por exemplo, tem potencial em pesquisa e exploração no tema, concentrando dois dos minerais desse grupo: cério (Ce) e samário (Sm), segundo Marcos Tadeu Orlando, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e representante da universidade no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT).

O que são terras raras?

As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos: lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, lutécio, escândio e ítrio (Y), de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Aspecto metálico dos elementos de terras raras beneficiados
Aspecto metálico dos elementos de terras raras beneficiados Crédito: Picasa/SGB Educa

Papel dos minerais na economia

O economista Vaner Corrêa destaca ainda o fato de que a credibilidade da moeda e da economia brasileira depende da capacidade do Estado em preservar sua integridade institucional e monetária.

"Nesse sentido, um projeto mineral de alta especialização pode atuar como um amortecedor econômico e uma fonte de fortalecimento institucional ante choques externos, inclusive tarifários", diz.

Corrêa lembra que do ponto de vista econômico mais imediato há o impacto que este tipo de extração e produção pode causar ao meio ambiente marinho. E que isso talvez seja o maior empecilho da extração e produção.

"Mas, caso a prospecção seja positiva, e houver um tipo de pacto capixaba, isto pode ajudar a colocar o Espírito Santo no radar nacional e internacional como potência mineral emergente — muito além do granito, agora também das terras-raras", finaliza.

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