Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 06:01
O novo corte na taxa básica de juros anunciado pelo Banco Central nesta quarta-feira (5), de 4,5% para 4,25%, tornou ainda mais difícil para os consumidores investir em renda fixa. Por conta da inflação e das taxas de administração dos bancos, quem tem aplicações na poupança, Tesouro Direto e fundos DI, por exemplo, pode acabar perdendo dinheiro. Especialistas avaliam que, nesse cenário de Selic baixa, para ter algum lucro ou mesmo manter o poder de compra, será preciso aceitar algum risco ou abrir mão da liquidez, que é a possibilidade de resgatar o recurso em um período mais curto.
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A poupança, que é a mais conhecida forma de guardar dinheiro, hoje está rendendo 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR), que no momento está zerada. Apesar de não cobrar taxas ou Imposto de Renda (IR), o rendimento anual da caderneta não supera nem a inflação. Com isso, por mais que o valor no extrato da conta pareça maior depois de um tempo, o poder de compra daquele dinheiro é reduzido.
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Nesse cenário, o especialista em renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, afirma que, para escolher onde investir a partir de agora será necessário avaliar quanto a pessoa tem e qual tempo ela está disposta a deixar aquele recurso render. "Quanto maior o prazo e mais puder alongar, maior o retorno que ela poderá ter", diz.
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Segundo ele, algumas alternativas boas atualmente são os fundos multimercados, que tem risco intermediário. Esses fundos mesclam diversos tipos de ativos como ações, moedas, juros e até renda fixa.
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Para quem quer e pode se arriscar mais, Lang aconselha o mercado de ações. "A gente acredita que a economia deve voltar a crescer. Então, o mercado de ações, como acompanha o lucro das empresas, deve continuar a subir. O único problema é que é preciso ter um prazo de investimento mais longo. Apesar de ser possível fazer resgates em poucos dias, quanto maior o tempo, maior a chance de ter um resultado muito bom", afirma.
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De fato, no início do ano a Bolsa de Valores de São Paulo bateu vários recordes - ultrapassando os 118 mil pontos. Porém, com o avanço do coronavírus, começou a apresentar resultados negativos.
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Lang avalia, porém, que a queda nas bolsas de valores provocadas pelo vírus será um evento passageiro cujo efeito não deve durar mais do que algumas semanas. "A perspectiva ainda é muito boa para as ações contanto que haja essa disciplina de manter o investimento por um prazo um pouco maior", afirma.
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Quem não pretende abrir mão da renda fixa tem algumas alternativas, mas Renan Lima, economista e sócio da Alphamar Investimentos, alerta que será preciso "esquecer" o dinheiro investido por algum tempo. Ele afirma que é possível manter o nível de segurança alto e preservar o poder de compra investindo em renda fixa pré-fixada ou atrelada à inflação.
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No caso da pré-fixada, é acordado em contrato um valor fixo de rendimento e um prazo. Mesmo que haja alteração da Selic nesse período, para cima ou para baixo, a taxa permanece a mesma. No outro caso, o rendimento é hibrido: indexado à inflação e a uma taxa pré-fixada.
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"Em geral, se a pessoa fica até o vencimento (até o prazo final acordado) há um prêmio, uma porcentagem extra. Mas é preciso ser paciente e aceitar ficar sem o dinheiro por aquele período", diz.
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Outro ponto que deve ser observado é se, ao final, haverá ou não cobrança de Imposto de Renda sobre o lucro. Os investimentos em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) - que podem ser pré ou pós-fixados - e os debêntures incentivados são isentos. Já os fundos multimercados seguem alíquota regressiva, ou seja, quanto maior o tempo de investimento menor é a porcentagem de imposto cobrado. Já no caso das ações e dos fundos de ações, a porcentagem é fixa, de 15% sobre os rendimentos.
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