Repórter de Economia / [email protected]
Publicado em 1 de janeiro de 2021 às 14:41
- Atualizado há 5 anos
"Ixi! A internet caiu de novo". No celular, as mensagens não chegam e o vídeo trava. Já em casa, a luz vermelha, ou em alguns casos laranja, do modem indica que a conexão foi perdida. >
A qualidade da internet 4G e também da banda larga está acumulando queixas dos usuários e não é de hoje. Parece até piada, enquanto na Terra as queixas só aumentam, quem quiser, tentar, uma navegação de mais qualidade, pode se alistar para uma nova expedição à Lua. >
Lá a Nokia, em parceria com a Nasa, vai instalar o serviço de quarta geração. Talvez, quem enfrenta problemas para usar a web no planeta terrestre pode ter uma chance de não sofrer com o serviço ruim e ainda visitar a deusa lunar chinesa revelada no filme Caminho da Lua, da Netflix.>
Nos últimos dias, os problemas de internet, telefonia móvel e até fixa se tornaram ainda mais evidente com caladões que têm ocorrido. Na última quinta-feira (17), cerca de 3 milhões de usuários da Vivo ficaram sem rede por conta de um problema de infraestrutura, com rompimento de cabos ópticos. Em novembro, usuários de Claro e Vivo relatam dificuldades para fazer ligações e acessar a internet na Grande Vitória.>
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Com o home office e as medidas de isolamento social no ano da crise da Covid-19, o consumo de internet cresceu exponencialmente e muita gente tem dependido tanto do 4G quanto do serviço fixo para trabalhar. Mas desde quando os primeiros casos da doença foram relatados pelo país, muita coisa mudou. Inclusive o preço da navegação. >
O pacote de internet ficou 12,18% mais caro no ano, na Grande Vitória, conforme mostra o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação para esse produto no território capixaba está bem acima da nacional, que acumula alta de 8,51% no mesmo período.>
Com mais gente em casa, trabalhando em home office, ou mesmo afastada da escola ou do emprego usando os serviços de streaming, a sensação que o consumidor tem é que a internet piorou significativamente ao mesmo tempo em que é preciso desembolsar mais pelo serviço.>
Esse conjunto de fatores fez a demanda por conexões em redes fixas e móveis saltar em quase 50% em muitos locais do país, o que provocou instabilidade e sobrecarga da estrutura utilizada pelas operadoras. >
O advogado tributarista Leonardo Duarte Bertuloso, 38 anos, mora e trabalha em Bento Ferreira, em Vitória. Ele conta que tanto a banda larga que tem em casa quanto a que tem no trabalho vivem dando problema. >
Leonardo Duarte Bertuloso
advogadoLeonardo comenta ainda que não é incomum a banda larga dar problema. Em alguns dias, é quase impossível usar a internet porque o sinal está muito fraco, o que prejudica o seu trabalho, já que precisa de internet para baixar e subir processos nos sites da Justiça. O advogado chegou a contratar um link dedicado de internet para não ter mais problemas, porém , com a pandemia teve que reduzir despesas e voltou para um prestadora de serviço tradicional.>
"Agora estou pensando em contratar um pacote de dados maior para se, porventura, a internet falhar eu rotear os dados para o computador. A todo o momento eu preciso me resguardar para algo que não deveria dar problema ou quase nenhum", desabafa. >
O especialista em tecnologia e comentarista da rádio CBN Vitória, Gilberto Sudré, lembra que com as operadoras não estavam preparadas para suprir a demanda.>
"Muitas operadoras não tinham como aumentar a infraestrutura ou passaram por problemas técnicos tentando melhorar a existente. Mesmo com o esforço delas para ampliar a rede e melhorar o serviço, estamos usando cada vez a internet. O uso intensivo de videoconferências, lives e aplicativos de comunicação acaba superando a capacidade atual da infraestrutura delas", aponta.>
O mestre em redes de computadores e professor de sistema de informação da UCL, João Paulo Chamon, lembra que o caso da internet fixa é ainda pior do que o da móvel. Diferente da conexão móvel, na banda larga as operadoras sabem onde o cliente está e qual a capacidade dele. Dessa forma ela consegue identificar as necessidades de cada região e projetar uma infraestrutura que atenda aquele público.>
"Na internet móvel, existe uma característica inerente da tecnologia que impossibilita o atendimento total do usuário. Quando você assina o plano de celular você pode estar consumido em qualquer lugar. Acaba que a operadora tem que ter uma sobre taxa de instalação, ou seja instalar uma capacidade maior do que a população de um determinado local precisa, porque também tem que levar em consideração o deslocamento de outras pessoas para lá", aponta.>
No caso do Espírito Santo, por exemplo, de acordo com dados da Anatel, todos os municípios capixabas têm cobertura 4G, porém isso não significa que a conexão seja de qualidade ou que tenha sinal em todo o município. (Veja mapa com a operadoras que têm cobertura 4G em cada cidade do Estado)>
A mudança no perfil de consumo trouxe problemas para as operadoras, que não estavam preparadas, e, principalmente, para o usuário que contava com uma velocidade de internet, mas recebe outra muito inferior. >
De forma geral, a Anatel estabelece dois parâmetros sobre a qualidade da internet que precisa chegar ao consumidor. A primeira é a média do mês. A segunda é a taxa de transmissão instantânea (medida a cada acesso do usuário).>
Na média mensal, as empresas precisam fornecer uma velocidade relativa de 80% do pacote contratado. A Anatel disponibiliza um site que permite aferir a velocidade da internet por meio da Entidade Aferidora da Qualidade de Banda Larga (EAQ) - clique aqui para acessar.>
Mas a transmissão instantânea tem outra regra. Ela permite que as operadores entreguem no mínimo 95% em até 40% das medições.>
Dados da Anatel mostram que neste ano moradores do Espírito Santo fizeram 3.173 reclamações sobre conexão de internet entre janeiro e novembro no órgão, um avanço de 40% em relação ao mesmo período do ano passado que registrou 2.262 queixas.>
Em dezembro de 2019, foi aprovado um regulamento que deve entrar em vigor em 2021. De acordo com ele, a Anatel vai monitorar a entrega da velocidade contratada e a taxa média de velocidade entregue nos municípios brasileiros. >
A regra ainda extinguirá a meta mínima de 80% da velocidade contratada. As prestadoras passarão a ser avaliadas de acordo com o cumprimento de suas ofertas e classificadas em selos de qualidade A, B, C, D ou E. >
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