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Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 16:31
A Petrobras fez uma reestruturação em seu portfólio de energias de baixo carbono, reduzindo a ambição em projetos de geração renovável e posicionando a energia eólica offshore como uma prioridade de longo prazo. >
Em linha com essa nova estratégia, que prioriza o equilíbrio com a demanda e a evolução regulatória do mercado, a companhia manteve apenas um projeto-piloto no Rio de Janeiro, retirando assim planos mais amplos de desenvolvimento em outras regiões, como o Espírito Santo.>
No geral, o plano de negócios da Petrobras 2026-2030 prevê investimentos de US$ 4 bilhões na carteira em implantação alvo do segmento de gás e energias de baixo carbono. A petroleira definiu que, em energias de baixo carbono, serão priorizados, neste quinquênio, etanol, biodiesel, biometano, diesel R, SAF e biobunker, em linha com o avanço regulatório e o mercado, aproveitando as sinergias com as operações da companhia.>
O projeto previsto para o litoral Sul do Espírito Santo foi anunciado em 2023 pela Petrobras e previa a implantação de um parque eólico offshore. Até o plano de negócios 2025-2029, anunciado no final do ano passado, a companhia ainda tinha no radar os projetos Espírito Santo I e Aracatu, oportunidades mapeadas que na época ainda precisavam avançar em regulações e leilões para chegar à etapa de projetos comerciais.>
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A companhia agora ajustou seu investimento, pois avalia que é crucial entrar no momento correto do mercado para não perder dinheiro, diminuindo a ambição de curto prazo em geração renovável. A redução no capital previsto para energias de baixo carbono foi quase que exclusivamente em geração, incluindo a eólica offshore. Os projetos ficaram para o fim da fila, com entrada no segmento prevista só para depois de 2031.>
As informações foram divulgadas no início da semana durante workshop para jornalistas sobre transição energética. >
A gerente geral de Transição Energética no Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), Roberta Mendes, informou que a estatal está concentrando seus esforços em um projeto-piloto de eólica offshore no Rio de Janeiro. Essa iniciativa difere de um parque eólico comercial, pois o objetivo principal é atrelar a geração de energia próxima às plataformas do pré-sal para aumentar o fator de recuperação do óleo.>
O piloto no Rio de Janeiro envolve a análise geotécnica do subsolo offshore para gerar e levar energia eólica diretamente à plataforma, sem a necessidade de desenvolver cabos elétricos de longo percurso, que também exigem desenvolvimento tecnológico.>
A manutenção desse projeto e o recuo de outros, como o que seria desenvolvido no Sul do Espírito Santo, refletem a seletividade da empresa, que tem direcionado esforços de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) apenas para projetos de eólica offshore que façam sentido para o negócio.>
Dentro da estratégia de diversificação rentável da Petrobras, a energia eólica offshore está posicionada atrás entre as alternativas, prevista só para depois de 2031. >
A alocação de recursos e tempo segue uma lógica escalonada. Apresentação feita pelo gerente de Gestão Integrada da Transição Energética, Carlos Marçal, mostra que a Petrobras prioriza as rotas que já possuem maturidade regulatória muito grande e demanda de mercado clara. Dessa forma, as alternativas que estão na frente da fila são o biodiesel, biorrefino, etanol, biometano, entre outros.>
Os biocombustíveis e o biorrefino (como biodiesel, bioetanol e SAF) são a prioridade atual, sendo o foco nos primeiros cinco anos do novo plano, seguidos pela solar e a eólica onshore, que devem entrar em 2026. Soluções como captura de carbono (CCS) e armazenamento de energia (baterias) estão previstas para 2028, com o hidrogênio de baixa emissão de carbono um pouco mais deslocado no tempo.>
A eólica offshore segue essa lógica e se encontra no final da lista, pois a empresa precisa evoluir em termos de medição e pesquisa para que o negócio se torne rentável. Além disso, a companhia justificou que a demanda por novas energias de geração está baixa no curto prazo, citando a pequena sobreoferta de energia renovável.>
A Petrobras explica que essa sobreoferta cria um problema para o Operador Nacional do Sistema (ONS), sendo que adicionar mais energia ao grid no curto prazo é visto como uma complicação, podendo causar blecautes por excesso de energia.>
Os projetos de eólica offshore constam no escopo dos estudos dentro da área de pesquisa e desenvolvimento. Segundo a Petrobras, o Plano de Negócios 2026-2030 foca na alocação de investimentos relacionados a esse segmento a partir de iniciativas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), as quais permitem a busca por soluções tecnológicas e de diferentes elos da cadeia de suprimentos, ao mesmo tempo em que desenvolve internamente as competências técnicas e a redução de incertezas relacionadas ao avanço desse tipo de empreendimento.>
Nesse sentido, destacam-se estudos na costa brasileira atualmente em curso, como a avaliação do potencial eólico offshore ao longo da costa do país, com foco na medição dos ventos oceânicos por meio da tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging). Nesse escopo, sobressai-se o desenvolvimento do sistema anemométrico-meteoceanográfico flutuante Bravo (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore). Com a Bravo, a Petrobras visa ao avanço tecnológico desse equipamento nacionalmente desenvolvido para estágio de maturidade comercial (estágio 3), atendendo aos critérios do "Carbon Trust Offshore Wind Accelerator Roadmap for The Commercial Acceptance of Floating LiDAR Technology". >
Esses e outros estudos e desenvolvimentos tecnológicos trazem dados e informações fundamentais para novas iniciativas de PD&I no segmento, por exemplo, a Planta Piloto de Eólica Offshore do Rio de Janeiro.>
Dessa forma, a Petrobras afirma que segue realizando estudos preliminares para aprimorar seu conhecimento interno a respeito do potencial eólico e características ambientais nas diversas regiões da costa brasileira, inclusive no Sul do Espírito Santo.>
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