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Plano de investimento da Petrobras serve de alerta para o Espírito Santo

Serão investidos US$ 109 bilhões entre 2026 e 2030. O ES, que disputa com São Paulo a posição de segundo maior produtor de petróleo do país, pouco é citado

Vitória
Publicado em 29/11/2025 às 03h00
Anna Nery
Navio-plataforma Anna Nery, da Petrobras, na Bacia de Campos. Crédito: Carlos Alberto Silva

A Petrobras divulgou, na noite de quinta-feira (27), o seu Plano de Negócios 2026-2030. Trata-se de uma carteira de US$ 109 bilhões (R$ 578 bilhões no dólar atual) para o período. Levemente abaixo do plano do ano passado, 1,8% menor, mas ainda muito robusto. As 163 páginas do documento que detalha os investimentos trazem recados importantes para o Espírito Santo. O Estado, que disputa com São Paulo a posição de segundo maior produtor de petróleo do país, pouco é citado no planejamento estratégico da companhia.

Mais de US$ 60 bilhões irão para exploração e produção de óleo e gás, fundamentalmente no pré-sal. São esses aportes que permitirão uma operação de longo prazo. Entre os projetos citados como grandes geradores de valor, aparece, entre os ativos capixabas, apenas o Parque das Baleias, ainda assim referindo-se à integração de poços feita em 2025. Para 2026 e 2027, nada por aqui é citado. O campo de Búzios, na Bacia de Santos (no mar do Rio de Janeiro), é a maior aposta. O investimento, somente em exploração, será de US$ 7,1 bilhões. Serão 40 novos poços entre 2026 e 2030, nenhum deles no Espírito Santo.

É bem verdade que boa parte do planejamento passa pelas palavras "otimização", "eficiência" e "produtividade". A Petrobras fará investimentos em estruturas já existentes e alguma parte disso deve vir para o Parque das Baleias, no Espírito Santo. Mas nada está dito no documento. Assim como a previsão de revitalização de plataformas e da implantação de novas. É sabido que a estatal estuda a instalação de mais uma plataforma no Espírito Santo, mas o planejamento 2026-2030 ainda não confirma nada.

Sobre gás natural e descarbonização, nenhuma novidade. O documento apenas relata que um projeto de armazenagem de carbono está em estudo no Espírito Santo. Sobre o futuro da Unidade de Tratamento de Gás de Anchieta, que está parada, nenhuma palavra.

De meados da década passada para cá, a produção de óleo vem caindo forte no Espírito Santo. Em 2014, a extração média de óleo ficou em 367 mil barris por dia. Em 2024, foi de 154,9 mil barris/dia, encolhimento de 57,8% em dez anos. Em 2025, com a entrada de Maria Quitéria, nova plataforma da Petrobras, houve um avanço, mas as estimativas é de que, a partir de 2027, a produção torne a cair. Uma das maiores diferenças notadas entre a década passada e a atual é justamente a queda dos investimentos em exploração no Estado.

A indústria do petróleo responde por mais de 20% do PIB industrial do Estado. É bem verdade que já dependemos muito mais da atividade, inclusive sob o ponto de vista da arrecadação, o que é bom, mas a pauta do pós-petróleo é para lá de urgente no Espírito Santo.  

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