O Brasil é o segundo maior produtor de café conilon do mundo e caminha para, até o final da década, ultrapassar o Vietnã. O Espírito Santo, apesar de responder por apenas 0,5% do território brasileiro, é responsável por 70% do conilon produzido no país. Trata-se da principal cultura do nosso agronegócio, estando em mais de 60 mil propriedades. Portanto, qualquer ligeira mexida no ponteiro mundial do conilon tem enorme impacto na economia capixaba. E é justamente isso o que vem acontecendo nos últimos anos.
Muito embora 2025 esteja sendo de forte queda nas exportações na comparação com 2024, é necessário lembrar que o ano passado foi completamente fora da curva (o mundo todo veio buscar café aqui por causa das quebras de safra em sequência na Ásia) e que estamos ainda muito acima das exportações registradas em 2023, que foi um ano bom para a cafeicultura capixaba. Uma das mais importantes explicações para o que está acontecendo atende pelo nome de Ásia, continente que abriga 4,9 bilhões de pessoas, cerca de 60% da população mundial. Índia e China, gigantes da economia e da demografia, puxam a fila. Importante dizer que o consumo de café vem avançando por lá nas últimas décadas. Na China, a tradição é beber chá.
“O consumo global do conilon cresce cerca de 3% ao ano, ritmo maior que o do arábica (na casa de 2%). A expansão é impulsionada pela Ásia, onde o consumo aumentou cerca de 25% na última década, muito em função do café solúvel. A Europa segue o mesmo caminho, com as indústrias de cápsulas e blends, que exigem a incorporação de mais conilon", explicou Juliana Quintela, Analista de Produtos de Commodities da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, que vem ao Estado participar da Feira Internacional do Café Conilon, em Jaguaré, Norte do Espírito Santo (vai até sábado, 29). "O Espírito Santo é o principal polo e um modelo mundial de produção. A cadeia está organizada, produz com qualidade e entrega padronização, que é fundamental para a compra em larga escala”.
Desde setembro de 2024, contratos de conilon são negociados pela B3. Quintela reforçou a necessidade de, em um mercado cada vez mais internacional, a cadeia estar por dentro dos serviços financeiros prestados. "É uma das commodities com maior destaque global hoje. Esse avanço exige mais gestão de risco e o uso de operações financeiras para proteção (cambial, por exemplo)".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.
