Publicado em 11 de janeiro de 2025 às 17:44
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou trechos do projeto de lei das eólicas em alto mar, ou PL das offshores, aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado.>
Alguns dos chamados jabutis, dispositivos sem ligação com o tema principal do texto, foram derrubados pelo Executivo. Foram vetados, por exemplo, artigos que ampliavam a contratação de usinas termelétricas a gás e a carvão, sob a justificativa de que os trechos poderiam trazer custos excessivos, aumentando tarifas para consumidores.>
A Presidência afirmou, ainda, que a possível ampliação da contratação de fontes fósseis não seria compatível com os compromissos internacionais assumidos pelos país e com as políticas públicas voltadas para mitigação das mudanças climáticas.>
Os vetos foram publicados em edição extra do Diário Oficial da União no fim da noite desta sexta-feira (10).>
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Adecisão pelos vetos foi tomada após uma série de manifestações do governo -- incluindo um parecer do Ministério da Fazenda contra todos os jabutis. Houve posicionamentos no mesmo sentido emitidos pela pasta do Meio Ambiente e pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).>
O MMA afirmou em posicionamento oficial emitido há menos de um mês que o projeto, da forma como estava, "prorroga a contratação de termelétricas a gás natural e carvão até 2050, contradiz os esforços climáticos do país, como o Acordo de Paris, e representa um retrocesso ambiental, econômico e político".>
Um dos pontos do texto permitia, na prática, que fosse concretizada a contratação obrigatória de uma série de usinas termelétricas -em grande parte, no chamado regime inflexível. Nesse modelo, elas operam de forma ininterrupta (sendo remuneradas por isso), algo visto por associações de consumidores como excessivamente caro e poluente.>
A pressão pelo veto foi intensificada em dezembro por um grupo de 12 associações, como Frente Nacional dos Consumidores de Energia e Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).>
O grupo enviou carta ao governo no mês passado dizendo que os jabutis traziam consequências graves para o setor elétrico, para empresas, para o meio ambiente e para a sociedade em geral. De acordo as entidades, as emendas geram um custo de, no mínimo, R$ 545 bilhões até 2050, o que corresponde a um custo anual de cerca de R$ 22 bilhões e aumento de 9% na tarifa de energia elétrica.>
"Esses custos adicionais agravarão a situação dos consumidores brasileiros, que já enfrentam uma das contas de energia mais altas do mundo, além de pressionarem a inflação, em contrariedade aos esforços do governo federal para estabilizar a economia", afirmam as entidades.>
Além das termelétricas, o projeto de lei prevê outros itens estranhos à proposta. Por exemplo, a expansão de 4,9 GW (gigawatts) de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). A crítica de associações é que a contratação compulsória, sem planejamento adequado, agrava ainda mais a sobreoferta atual de energia no Brasil e aumenta a dificuldade para equilibrar oferta e demanda.>
Entidades que representam as PCHs, no entanto, defendem o projeto dizendo que ele contrata pequenas hidrelétricas no lugar de parte das usinas a gás previstas na lei da Eletrobras, o que, dizem as entidades, pouparia recursos e cortaria emissões em relação ao arcabouço atual. Mas a contratação das PCHs está no mesmo parágrafo das térmicas e, portanto, só pode ser vetado ou sancionado em conjunto.>
Além disso, as emendas prorrogam a entrada em operação de unidades de micro e minigeração distribuída, que permitem aos consumidores gerar a sua própria eletricidade e que recebem subsídios integrais até 2045. "Tal prorrogação, que beneficia uma minoria privilegiada às custas da maioria dos consumidores, certamente aumentará ainda mais os encargos setoriais, que já alcançaram R$ 40,3 bilhões em 2023, 13,5% das tarifas residenciais", afirmam as entidades.>
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