Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 13:58
Como previsto por especialistas do setor, a Selic teve nova queda e passou de 4,5% para 4,25%. O corte foi anunciado nesta quarta-feira (5) pelo Banco Central, que sinalizou que essa mínima histórica deve se estabilizar após cinco quedas seguidas. >
Como a Selic é a taxa básica da economia, essa redução tem sido utilizada como política de governo para tentar acelerar a economia. O objetivo é incentivar, por um lado, empresas a tomarem empréstimos para investir e gerar empregos e, do outro, encorajar o consumo aumentando a oferta de crédito.
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Para especialistas, no entanto, o crescimento econômico não tem acompanhado as expectativas. Apesar da redução substancial na taxa de juros nos últimos anos, a economia não tem respondido como o esperado.
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"A redução que houve ano passado já era para ter injetado muito dinheiro na economia. Essa redução (da Selic) não está sendo acompanhada do crescimento do país. Temos que avaliar o que essa redução tem trazido de bom para a economia. Reduzir por reduzir não adianta", avalia o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon), Sebastião Demuner.
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Para ele, os bancos não estão baixando as taxas de juros nominal na mesma proporção da Selic e, por isso, os consumidores não estão utilizando tanto o crédito. Sem crédito e num cenário de desemprego ainda forte, o consumo não aumenta.
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Essa também é a análise do economista Antônio Marcus Machado. "Esse novo corte foi uma medida acertada porque mostra coerência política. Mas, não deve fazer crescer a economia no curto prazo. Para que chegue ao bolso do cidadão, os bancos têm que rever e ampliar a redução de juros", diz. >
Ele pondera, no entanto, que a taxa de juros baixa tem tido, pelo menos, o efeito de reduzir o gasto governamental com a dívida, que é atrelada à Selic. "Se o mercado não consegue gerar essa retomada da economia, o governo reduz gasto com a dívida e tem recursos para gastar com atividades importantes de natureza social", afirma.
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Ambos economistas avaliam que, mesmo em um cenário de dólar alto, não há risco de aumento importante na inflação no momento. "A inflação está acomodada. Como ainda temos o desemprego elevado, mesmo com o juro baixo não haverá muita demanda de produtos. E sem demanda, não há aumento de preços. Há um 'colchão de desemprego', muita gente ainda está fora do mercado consumidor", explica Antônio Marcus.
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A Selic baixa também influencia como o país se coloca no mercado internacional. Enquanto a taxa era alta, muitos estrangeiros investiram no país por conta do grande rendimento do capital financeiro. No entanto, em um cenário de baixa histórica, os investidores têm saído do Brasil e procurado outros locais, com rendimentos iguais e com risco menor.
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Além disso, o mercado internacional passa por um momento de instabilidade com a epidemia de Coronavirus, na China, e com o Brexit, na Europa. Especialistas acreditam que, caso a crise global se agrave, será necessário aumentar a taxa de juros para tentar atrair novamente esses investimentos internacionais.
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