Publicado em 6 de julho de 2020 às 20:59
As duas distribuidoras de energia que operam no Espírito Santo solicitaram empréstimos junto ao programa Conta-Covid, criado em maio para socorrer empresas do setor elétrico no país, e que trará impactos na conta de luz a partir de 2021. A lista das concessionárias requerentes foi divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta segunda-feira (6).>
A EDP Espírito Santo, concessionária de distribuição que atende 1,58 milhão de consumidores em 70 municípios do Estado, comunicou ao mercado que pediu um empréstimo de R$ 219,42 milhões. Já a Empresa Luz e Força Santa Maria, que atende 110 mil consumidores em 11 municípios capixabas, informou para A Gazeta ter solicitado empréstimo no valor de R$ 21,9 milhões.>
Pela regra do programa, os custos dessa ajuda em meio a pandemia do novo coronavírus serão pagos pelo próprio setor e pelos consumidores de forma diluída nas contas de luz a partir de 2021. Esse foi o mecanismo encontrado pelo governo para evitar um aumento generalizado nas tarifas de energia no país ainda neste ano que poderiam chegar aos 15%.>
Segundo a Aneel, ainda não é possível mensurar o impacto do empréstimo na conta de luz dos capixabas nos próximos anos. O órgão disse que só terá essa informação quando ocorrerem os próximos processos de reajuste tarifário das empresas. O da EDP é no dia 7 de agosto e o da Santa Maria, em 22 de setembro.>
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Pela resolução normativa que criou a Conta-Covid, a EDP ES poderia solicitar empréstimo de até R$ 244,8 milhões, enquanto a Santa Maria poderia pedir até R$ 21,9 milhões. O cálculo leva em conta a previsão de redução na arrecadação em cada distribuidora neste ano. >
A EDP informou que as definições da Aneel acerca do reajuste anual serão tomadas em agosto, "quando os valores da Conta-Covid deverão ser considerados em benefício do consumidor, diluindo custos ao longo de cinco anos em vez de considerar esses valores em 12 meses". >
"A EDP implementou várias medidas para minimizar os efeitos gerados pela pandemia na sociedade, mas mantendo o fornecimento de energia com elevados padrões de qualidade aos consumidores capixabas, em especial no fornecimento de energia aos serviços essenciais. A adesão à Conta-Covid tem como objetivo aliviar os impactos da crise nas contas de luz pagas pelos consumidores, além de preservar a liquidez do setor de energia elétrica", informou a empresa para A Gazeta.>
A Luz e Força Santa Maria afirmou que o "valor será diluído nas contas de energia elétrica a partir de setembro de 2021 por cinco anos através de um encargo criado para este fim". A Santa Maria reforçou ainda que a operação foi uma alternativa para beneficiar os consumidores e evitar aumentos de tarifa neste momento de crise. >
Na prática, o empréstimo será para antecipar ao setor os custos adicionais que seriam cobrados aos consumidores neste ano e divididos por 12 meses. Esses valores agora serão diluídos em 65 meses, a partir de 2021. >
Entre os custos adicionais que já seriam cobrados neste ano estão o aumento da energia de Itaipu (que acompanha a variação do dólar), da cota da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a remuneração de novas instalações de transmissão de energia.>
Sem repassar esses custos para os consumidores neste ano, as concessionárias de distribuição passariam por sérias dificuldades financeiras, já que, segundo a Aneel, o consumo de energia caiu 14% em todo país desde março, ao mesmo tempo que a inadimplência saltou de 3% para 12%, já que muitas pessoas perderam o emprego ou tiveram salários reduzidos. >
Tudo isso tem afetado o caixa das distribuidoras, que funcionam como arrecadadoras no setor elétrico cerca de 80% do que elas recebem é repassado para outros elos da cadeia, como transmissoras, geradoras e até mesmo para o próprio governo, por meio de impostos. Assim, dificuldades nas concessionárias de distribuição podem se tornar uma crise em toda a cadeia.>
"A Conta-Covid endereça os problemas vivenciados pelas distribuidoras, ao lhes garantir recursos financeiros necessários para compensar a perda de receita temporária em decorrência da pandemia e protege o resto da cadeia setorial ao permitir que as distribuidoras continuem honrando seus contratos", informou a Aneel.>
A Conta-Covid é um programa de empréstimos para distribuidoras que já soma R$ 14,8 bilhões solicitados para 50 concessionárias de distribuição no país, segundo a Aneel. Os pedidos precisam ser aprovados pela agência antes do desembolso. >
Os valores são provenientes de um pool de bancos públicos e privados coordenados pelo BNDES. Os recursos da Conta-Covid serão repassados às distribuidoras de energia através de operação financeira centralizada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).>
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