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Em reunião com Alckmin, empresários do ES pedem negociação para adiar tarifaço

Em reunião com Alckmin, empresários do ES pedem negociação para adiar tarifaço

Superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) participou da reunião liderada por Geraldo Alckmin que debateu os impactos da tarifa de 50% imposta pelos EUA

Publicado em 15 de julho de 2025 às 19:07

Representantes de vários setores da indústria se reuniram com o vice-presidente Geraldo Alckmin
Representantes de vários setores da indústria se reuniram com o vice-presidente Geraldo Alckmin Crédito: Agência Brasil

Os impactos da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros foram tema de uma reunião realizada na manhã desta terça-feira (15) entre o governo federal com o setor produtivo.

O encontro do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais foi liderado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Com participação de representantes de empresários do Espírito Santo do setor de rochas ornamentais, um dos principais impactados pelo tarifaço de Donald Trump, o grupo que representou o setor produtivo pleiteou a prorrogação do início da vigência da nova tarifa, prevista para 1° de agosto, por pelo menos 90 dias.

Quem representou a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) foi o superintendente Giovanni Francischetto. O capixaba integrou o grupo de líderes industriais convidados e teve a oportunidade de se manifestar durante a reunião.

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Em reunião com Alckmin, empresários do ES pedem negociação para adiar tarifaço

Em sua fala, destacou a representatividade e a importância do mercado americano para o setor brasileiro de rochas naturais, que tem nos Estados Unidos seu principal destino exportador. Reforçou ainda a necessidade de negociação da tarifa como medida essencial para preservar a competitividade do arranjo produtivo nacional.

Quem também participou da reunião com Alckmin foi o ex-governador Paulo Hartung, atual presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Ele também defendeu que o Brasil aja com diplomacia na negociação sobre o tarifaço, mas sem perder a firmeza em defesa da economia.

"Sobre o tarifaço, o Brasil precisa agir com firmeza para proteger os empregos dos trabalhadores e a competitividade das nossas empresas. Neste momento, é fundamental evitar bravatas e apostar na negociação e na diplomacia", publicou Hartung nas redes sociais.

Durante o encontro, foi relatado que diversos setores da indústria já enfrentam impactos concretos da medida, incluindo a suspensão temporária de pedidos por parte de importadores norte-americanos. No setor de rochas naturais, esse movimento também já é percebido.

Exportadores brasileiros têm recebido comunicações de clientes solicitando a retenção de embarques até que haja clareza sobre os prazos e a efetiva aplicação da tarifa, prevista para 1º de agosto

Giovanni Francischetto

Superintendente do Centrorochas

Houve consenso entre os participantes do encontro de que buscar novos mercados não é, neste momento, a solução mais eficaz, e que o governo brasileiro deve intensificar o diálogo diplomático com urgência, tentando prorrogar o início da vigência da tarifa, prevista para 1º de agosto, por pelo menos 90 dias.

Após a reunião, em entrevista à imprensa, o vice-presidente destacou que os representantes do setor industrial presentes à reunião também defendem a busca de negociação com seus congêneres nos Estados Unidos.

Segundo Alckmin, os empresários brasileiros solicitam ainda a busca por um adiamento de 90 dias para a entrada em vigor das sobretaxas estipuladas pelo governo estadunidense. "Se necessário, vamos trabalhar nisso [no pedido de mais prazo]", disse ele.

Ações para reverter taxa

A criação do comitê foi anunciada na segunda-feira (14) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conjunto com a regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica. A iniciativa tem como objetivo coordenar ações estratégicas do governo brasileiro em resposta a sanções comerciais impostas por países parceiros.

Considerando esse cenário, o Centrorochas está articulando uma série de ações institucionais e buscando apoio internacional para mitigar os impactos da medida.

Entre as iniciativas em andamento, destaca-se o diálogo com o Natural Stone Institute (NSI), dos Estados Unidos, que organiza nesta semana uma agenda em Washington com entidades representativas de importadores americanos, com o objetivo de buscar esclarecimentos junto ao governo norte-americano.

Além disso, a Centrorochas mantém contato com a Emerald, maior organizadora de eventos do mundo e responsável pela KBIS, feira referência nos Estados Unidos.

O CEO da empresa enviou uma carta ao governo brasileiro, por meio da ApexBrasil, destacando a relevância estratégica dos setores de rochas naturais (representado pela Centrorochas) e móveis (representado pela Abimóvel) para a economia local.

A associação também está em diálogo com a ApexBrasil, colocando-se à disposição para participar das rodadas de negociação com representantes do governo norte-americano, reforçando sua postura colaborativa e propositiva frente aos desafios impostos pela nova política tarifária.

Peso do mercado americano

Em 2024, os Estados Unidos responderam por 56,3% das exportações brasileiras de rochas naturais. No primeiro semestre de 2025, o setor registrou um recorde histórico, com US$ 426 milhões exportados ao mercado norte-americano, crescimento de 24,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Espírito Santo, principal estado exportador, foi responsável por mais de 94% desse volume.

A Associação Brasileira de Rochas Naturais segue acompanhando de perto os desdobramentos do cenário e atuando de forma ativa junto às autoridades e parceiros institucionais, com o objetivo de contribuir para soluções que assegurem a previsibilidade das relações comerciais e a manutenção da competitividade do setor no mercado internacional.

Participaram da reunião

  • Francisco Gomes Neto, Presidente da Embraer;
  • Ricardo Alban, Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI);
  • Josué Gomes da Silva, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp);
  • José Velloso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq);
  • Haroldo Ferreira, Presidente-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados);
  • Janaína Donas, Presidente-Executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL);
  • Fernando Pimentel, Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT);
  • Paulo Roberto Pupo, Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
  • Paulo Hartung, Presidente Executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ);
  • Armando José Giacomet, Vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
  • Rafael Lucchesi, CEO da Tupy;
  • Giovanni Francischetto, Superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas);
  • Edison da Matta, Diretor Jurídico e de Comércio Exterior do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças);
  • Cristina Yuan, Diretora de Relações Institucionais do Instituto Aço Brasil;
  • Daniel Godinho, Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG;
  • Fausto Varela, Presidente do Sindifer;
  • Bruno Santos, Diretor Executivo da Abrafe;
  • Alexandre Almeida, Diretor RIMA.

Entidade fala sobre prejuízo a empresas americanas

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos, maior organização empresarial do mundo, representando empresas de todos os portes e setores da economia, divulgou nesta terça-feira (15) um posicionamento sobre a imposição de 50% de taxa aos produtos brasileiros.

Para a entidade, que tem entre seus membros desde pequenos negócios e câmaras de comércio locais até grandes corporações e associações setoriais, a taxação afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos dos Estados Unidos.

Segundo a entidade, mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas norte-americanas têm investimentos naquele país. O Brasil está entre os dez principais mercados para exportações dos Estados Unidos e é destino, a cada ano, de cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços norte-americanos.

Em posicionamento conjunto com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), as entidades defendem que uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias das Américas beneficia consumidores, sustenta empregos e promove prosperidade em ambos os países.

A U.S. Chamber e a Amcham Brasil solicitam aos governos dos Estados Unidos e do Brasil que se engajem em negociações de alto nível a fim de evitar a implementação da tarifa de 50%. A imposição dessa medida como resposta a questões políticas mais amplas tem o potencial de causar danos graves a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, além de estabelecer um precedente preocupante.

U.S. Chamber e Amcham Brasil

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