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Tarifa de Trump é oportunidade para ES buscar novos mercados, diz Pablo Lira

Tarifa de Trump é oportunidade para ES buscar novos mercados, diz Pablo Lira

Diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves analisa as possibilidades comerciais do Brasil e do Estado após o tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA

Publicado em 11 de julho de 2025 às 09:01

Espírito Santo não pode ver o tarifaço do presidente dos Estados UnidosDonald Trump, aos produtos brasileiros apenas como uma perda, mas como uma oportunidade de diversificar os parceiros comerciais e reduzir a dependência do mercado norte-americano. Essa foi a análise feita pelo diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, a respeito da medida que começa a valer no dia 1° de agosto. Confira a análise completa a seguir.

Pablo Lira
Presidente do IJSN
Pablo Lira vê tarifas impostas pelos EUA como oportunidade para o Estado diversificar parceiros Crédito: Divulgação

ES deve encarar o tarifaço como oportunidade de diversificar parcerias

A medida de Donald Trump de aplicar uma tarifa de até 50% sobre produtos importados, incluindo os do Brasil, volta a colocar o comércio exterior no centro do debate econômico. Para o Espírito Santo, o impacto pode ser duplo: se por um lado há riscos à atividade econômica local, por outro surge a chance de ampliar e diversificar parcerias internacionais.

A decisão representa mais uma investida do presidente americano para pressionar parceiros comerciais. Assim como em mandatos anteriores, Trump busca usar o discurso protecionista para forçar vantagens tarifárias. 

O gesto se insere mais no campo político do que no econômico. Trata-se de uma estratégia para tentar colocar outras economias de joelhos diante do peso norte-americano. No entanto, o cenário global atual é diferente e mais interconectado. Apesar da importância dos Estados Unidos como potência mundial e parceiro comercial do Brasil, o contexto de uma economia globalizada exige outro tipo de resposta.

Essa é a hora de o Brasil e o Espírito Santo atuarem de forma estratégica. É preciso aproveitar o cenário para diversificar a balança comercial e reduzir a dependência do mercado estadunidense. O momento é favorável ao fortalecimento de parcerias multilaterais, com destaque para o Mercosul, no qual o Brasil exerce papel de liderança.

Além do bloco sul-americano, o avanço de acordos com a União Europeia, o estreitamento de relações com a China, já um dos principais destinos das exportações brasileiras, e o fortalecimento de laços com Índia, Coreia do Sul, países da Ásia, África e América Latina. A lógica é expandir o alcance comercial e mitigar os riscos associados à instabilidade dos Estados Unidos, que têm enfrentado um cenário político e econômico turbulento.

Ainda assim, os efeitos das tarifas devem ser sentidos também nos EUA. Como o país não é autossuficiente, segue dependente da importação de insumos como aço, minério e café, que vêm do Brasil e, especialmente, do Espírito Santo. A imposição de tarifas mais altas aumenta o custo desses produtos, com reflexos diretos na inflação americana, no custo de vida e até na geração de empregos, atingindo inclusive a base de apoio do próprio Trump.

No Espírito Santo, os efeitos também seriam significativos. O Estado tem um dos maiores graus de abertura comercial do país, com inserção direta nas cadeias internacionais. Esse grau de exposição amplia a vulnerabilidade diante de medidas protecionistas. Empresários, diante de um cenário internacional mais instável, podem recuar em projetos ou planos de expansão, afetando a geração de empregos e a atividade econômica.

Apesar dos possíveis impactos negativos, o mais importante agora é observar a evolução das negociações. O desenrolar das conversas entre Brasil e Estados Unidos será fundamental para entender o alcance real da medida.

Mais do que temer as tarifas impostas, o Brasil deve adotar uma postura propositiva e estratégica, aproveitando o momento para rever sua posição no comércio internacional. Para o Espírito Santo, é uma janela de oportunidade para buscar novos mercados, fortalecer acordos regionais e assumir protagonismo na agenda comercial do país.

Pablo Lira é doutor em Geografia, mestre em Arquitetura e Urbanismo e diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves

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