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Com tecnologia, quase 70% dos empregos do ES podem ser extintos

Com tecnologia, quase 70% dos empregos do ES podem ser extintos

Mais de 568,5 mil postos de trabalho no Estado devem ser substituídos por máquinas até 2050. Especialistas ressaltam que, nesse meio tempo, novas profissões devem surgir

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 07:36

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Agricultura usará cada vez mais máquinas nos próximos anos. (Pixabay)

Quase 70% dos empregos com carteira assinada no Espírito Santo estão ameaçados de extinção nos próximos 30 anos. O percentual representa cerca de 568,5 mil postos de trabalho que vão deixar de existir até 2050. Essa mudança deve ocorrer porque muitas profissões podem ser ocupados por robôs ou sistemas de inteligência artificial. Os dados são do levantamento Futuro do Trabalho, do  Laboratório do Futuro da Coppe/UFRJ.

Apesar do índice, é preciso lembrar que esta não é a primeira vez na história que ocorre uma mudança nos postos de trabalho. A tendência, dizem especialistas, é que outras ocupações surjam no lugar.

Segundo Yuri Oliveira de Lima, pesquisador do Laboratório do Futuro da Coppe/UFRJ, os dados vêm sendo pesquisados há um ano. Durante esse período, foram observados inicialmente três pontos em que a tecnologia ainda precisa se desenvolver e que tem maior potencial para avanço tecnológico: relação interpessoal, criatividade e manipulação avançada.

Com base nessas necessidades, foi traçado o perfil de quais áreas e profissões devem sofrer os maiores impactos ao longo dos próximos anos. As tarefas que são mais repetitivas, podendo ser braçais ou cognitivas, tendem a ser mais automatizadas independente da área.

“No Espírito Santo, por exemplo, 67% dos postos de trabalho formais podem ser extintos. O número tem uma certa diferença marcante em relação ao nacional devido às principais ocupações do Estado serem as que mais devem ser impactadas, como por exemplo vendedor de comércio varejista e auxiliar de escritório”, explica o pesquisador.

Em todo o Brasil, de acordo com o estudo, 60% dos trabalhadores brasileiros que hoje têm carteira assinada - mais de 27 milhões de pessoas -, correm o risco de perder seus empregos para as máquinas nas próximas três décadas.

MUNICÍPIOS AGRÍCOLAS SERÃO OS MAIS IMPACTADOS

Já considerando os dados municipais, os avanços tecnológicos em 44 cidades devem enxugar o volume de mão de obra em mais de 70% nos próximos 30 anos. Os municípios que vivem basicamente da agricultura serão os mais impactados de acordo com o levantamento do Laboratório do Futuro. As fazendas estão ficando cada vez mais automatizadas. Marechal Floriano, Vargem Alta e São José do Calçado terão 76% das funções que existem hoje extintas. Ao todo, 7,8 mil postos de trabalho devem ser eliminados. Confira no final da matéria os dados por município.

Já São Gabriel da Palha, Iconha, Atílio Vivácqua e Pedro Canário terão 75% de redução da força de trabalho devido os impactos da tecnologia. E, em Mimoso do Sul e Conceição do Castelo o impacto será em 74% dos trabalhadores.

Na outra ponta, Presidente Kennedy (60%) e Vitória (59%) tem os menores percentuais de força de trabalho suscetível a automação.

TRANSFORMAÇÕES NO MERCADO DE TRABALHO SEMPRE EXISTIRAM

Sebastião Demuner, que é economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), destaca que as transformações no mercado de trabalho sempre ocorreram. Ele cita o exemplo da revolução industrial, no início do século passado, onde os homens foram substituídos pela máquina a vapor.

“Essas mudanças acontecem desde que o mundo é mundo e sempre geraram muita preocupação por parte dos trabalhadores. Apesar de toda a tensão, a humanidade se desenvolveu. Quando uma profissão é extinta, outras surgem para atender às novas demandas”, afirma o economista.

Demuner lembra que, há cinco anos, os taxistas que conheciam todas as ruas da cidade eram considerados os melhores. “Hoje, eles usam um aplicativo para chegar até o destino. E há ainda os motoristas de corrida por aplicativo, que não existiam antes. O ser humano tem que ser criativo, aprender com a diversidade, ter capacidade de ser diferente e se antecipar aos fatos. Desta maneira, ele não será tão atingido por essa inteligência artificial”, opina. Por isso, é importante se qualificar, buscar se atualizar.

O economista acredita que os trabalhadores que têm entre 50 e 60 anos e que possuem mais dificuldades com a tecnologia serão os que mais vão sofrer com essas mudanças no mercado de trabalho.

“No caso do interior, é preciso montar um planejamento para recolocação dos trabalhadores, que hoje tem como maior empregador as prefeituras. A ideia é que as empresas interessadas em se instalar em Ecoporanga ou Dores do Rio Preto, por exemplo, possam aproveitar a mão de obra local. Essa é um importante saída para diminuir as desigualdades”, ressalta Demuner.

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