Publicado em 3 de julho de 2020 às 06:03
O ano de 2020 não está sendo fácil sob vários aspectos. Um deles é o econômico. Na última semana, por exemplo, o Banco Central brasileiro revisou a expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional para -6,4%. Já o Banco Mundial prevê uma queda de 8% a maior em 120 anos de história. No Espírito Santo, segundo a Tendências Consultoria, o recuo deve ser de 4,3%. >
Mas a queda, tanto em nível nacional quanto estadual, só não será maior por conta da liberação de dinheiro aos trabalhadores brasileiros feitas por meio do auxílio emergencial, voltado para os informais, e do saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), voltado para quem está no mercado formal. >
Estimativas do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam para que mais de um milhão de pessoas sejam contempladas com o auxílio do governo federal, o deve injetar R$ 3,4 bilhões na economia local até o final do ano considerando o pagamento de cinco parcelas do benefício. O FGTS, por sua vez, deve liberar para os capixabas valores em torno de R$ 700 milhões, segundo informou o superintendente de Rede da Caixa, Denis Matias. Somados, os dois valores alcançam R$ 4,1 bilhões o equivalente a 3,2% do PIB capixaba registrado em 2019.>
A economista da Oppen Social Danielle Nascimento explica que os benefícios sociais vão ajudar a reduzir a queda do PIB porque eles serão utilizados para movimentar a economia local. As pessoas estão precisando desse dinheiro para comprar comida, pagar contas, para sobreviver. É um dinheiro que movimenta o comércio e retorna para o Estado em forma de impostos, explica.>
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Danielle destaca que, apesar de os benefícios não resolverem o problema da falta de renda nas famílias, eles proporcionam uma condição mínima de alimentação e subsistência. São duas ajudas importantes. O auxílio emergencial é uma primeira onda, voltada para os trabalhadores informais, e o saque do FGTS uma segunda onda voltada para ajudar os trabalhadores formais, esclarece.>
O professor da Fucape e PhD em Contabilidade e Finanças André Moura concorda que os valores liberados pelo governo federal vão dar um fôlego para as famílias e também para o comércio. Algumas dessas pessoas têm necessidades imediatas. Ninguém deve usar esse valor para fazer investimentos em renda fixa ou algo semelhante, imagina. >
Apesar de concordarem que os benefícios sociais vão reduzir a queda do PIB estadual, nem Nascimento, nem Moura arriscam dizer qual será o impacto final na economia. Difícil fazer uma previsão numérica porque ainda existem pessoas que podem receber o auxílio emergencial e não sabemos quantos trabalhadores vão efetivamente sacar o FGTS, justifica o PhD em Contabilidade e Finanças.>
Se fazer a distribuição de renda às pessoas que precisam reduz a queda do PIB, bastaria distribuir mais dinheiro para que a economia voltasse a crescer, certo? Não exatamente. André Moura destaca que um dos grandes desafios do governo está sendo manter o equilíbrio das contas. É uma situação complicada porque é preciso investir no lado social, mas sem soltar a mão de vez, a ponto de ficar sem dinheiro para fazer outros investimentos, pondera.>
Já Danielle Nascimento destaca que, como a verba do governo federal é limitada, é preciso pensar em outras possibilidades. Essas duas primeiras ondas já ajudam as pessoas, mas na medida que a pandemia se prolongar pode ser preciso vir com outras medidas até para o caso de precisarmos conviver muito mais tempo com a pandemia. É preciso um plano B. Sem isso, a situação pode ficar bastante problemática, conclui.>
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