> >
Testes para detectar coronavírus devem custar até R$ 300 em farmácias do ES

Testes para detectar coronavírus devem custar até R$ 300 em farmácias do ES

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a venda de testes rápidos em farmácias. A preocupação de especialistas é a possibilidade de um falso resultado negativo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 11:31

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Data: 15/03/2020 - Coronavírus Freepik - Homem em laboratório faz testes para infecção de coronavírus
Testes rápidos passarão ser feitos em farmácias. (Freepik)

Os testes rápidos para o novo coronavírus devem custar entre R$ 200 a R$ 300 em farmácias do Espírito Santo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta quarta-feira (29), no Diário Oficial da União, a liberação dos exames, que devem começar a ser disponibilizados nos próximos dias. A resolução é temporária e vale enquanto durar a situação de emergência provocada pela pandemia da Covid-19.

Em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, na manhã desta quarta-feira (29), o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo, Luiz Carlos Cavalcanti, informou que acredita que os testes deverão ser oferecidos em breve. Ele explica que, para os estabelecimentos, cada exame tem um custo de R$ 150 e, com os custos e impostos, devem chegar ao mercado no valor de R$ 200 a R$ 300.

Para disponibilizar os testes, é necessário que as farmácias façam uma adequação da estrutura, treine os profissionais e tenham autorização da Anvisa para a realização do exame. E especialistas alertam para os benefícios e cuidados com relação a esses testes.

Cavalcanti explica que os testes rápidos serão usados para detectar se a pessoa tem ou não da doença. Ele alerta que o exame deve ser feito com bastante cautela e que os estabelecimentos precisam ter uma estrutura apropriada para receber pessoas com suspeita da Covid-19.

“Será preciso ter uma sala de atendimento, sala de espera e até uma forma de pagamento do serviço, todos diferenciados demais clientes que procuram os serviços farmacêuticos. O farmacêutico vai entrevistar o paciente para verificar se ele está apto a fazer o teste. Existe a chamada janela imunológica, que é o tempo que o organismo leva para produzir anticorpos necessários para ser detectado”, explica Cavalcanti.

Segundo ele, é recomendável que a pessoa faça o teste sete dias depois do surgimento dos sintomas da doença, pois somente após este período é possível detectar se o paciente teve contato com o vírus.

O presidente do Conselho Regional de Farmácia alerta ainda que o grande problema desse teste é o resultado de falso negativo, ou seja, não necessariamente a pessoa não teve o vírus.

“São duas as preocupações com a realização dos testes. A primeira é com a biossegurança dos profissionais que vão realizar os exames, dos funcionários da farmácia e com os demais clientes que procuram o serviço farmacêutico. Também estamos preocupados com o grande número de falso negativo do teste, já que ele tem o problema da janela imunológica. É preciso um tempo para detectar os anticorpos”, ressalta.

O receio, segundo ele, é que a pessoa possa receber esse falso resultado negativo e passe a adotar um comportamento que traga risco para ela e para os demais membros da casa e da sociedade.

“Ela pode achar que não tem a doença, pois o teste foi falho ao detectar. O profissional que fizer o teste precisa orientar muito bem o paciente para que ele continue adotando as medidas de combate ao coronavírus. O organismo precisa de um tempo para produzir anticorpos para depois saber se ele teve contato com a doença de forma assintomática”, avalia.

O objetivo da Anvisa, segundo ressalta Cavalcanti, é fazer uma triagem da população para conhecer o real número de infectados e, assim, tomar decisões a partir do número de pessoas que já estão imunizadas.

Durante entrevista concedida ao Bom Dia ES, a infectologista e pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, o teste provoca muitas dúvidas sobre quem teve ou não a doença.

“É preciso entender que o exame vai fazer uma fotografia daquele momento do paciente. Ele vai à farmácia e dá resultado negativo, mas se amanhã a pessoa vai até um local de aglomeração, ela pode se infectar. O negativo de ontem não significa que ele não possa ser infectado amanhã ou daqui a dois dias. Quem pensar que não tem a doença e relaxar nos cuidados pode contrair a Covid-19”, explica a médica.

Ela alerta que ainda não há informações se uma pessoa que já foi infectada pode novamente contrair a doença.

“Por isso, reforçamos a necessidade da prevenção da doença para nós e para quem está ao nosso redor. Antes de fazer o teste, a pessoa deve pensar se realmente vale a pena investir esse dinheiro no teste. O mais importante é continuar com todas as medidas de higiene enquanto durar a pandemia”, diz a professora.

O total de pessoas positivas ajudam que os órgãos responsáveis tomem as melhores decisões, conforme a informação de Ethel.

Este vídeo pode te interessar

“A preocupação atual é que pessoas infectadas que forem até as farmácias possam propagar a doença se os estabelecimentos não estiverem bem preparados. Ainda não sabemos a real dimensão de contaminados. Nos Estados Unidos, a estimativa é de um para 50. No Brasil, acredita-se que seja alta, em torno de 20”, relata.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais