Publicado em 28 de abril de 2020 às 17:49
As farmácias do Espírito Santo poderão realizar testes rápidos para indicar o contágio das pessoas pelo novo coronavírus, conforme a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desta terça-feira (28), válida para todo o país, enquanto durar a situação de emergência em saúde pública por causa da pandemia. >
Para especialistas consultados por A Gazeta, a medida é benéfica para diminuir a subnotificação no Estado. No entanto, eles alertam que esse modo de testagem não deve servir, isoladamente, como diagnóstico para a Covid-19, por causa do risco de falso negativo; e ressaltam que o resultado positivo não é sinônimo de imunidade.>
Diferentemente dos testes PCR, que detectam a presença do material genético do coronavírus no organismo do paciente, o teste rápido é feito com base na presença de anticorpos. Ou seja, da reação do corpo ao contato com o agente viral processo que leva, pelo menos, sete dias para acontecer. >
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Por isso, entidades nacionais e internacionais ligadas à saúde esclarecem que tal testagem (feita por meio da coleta de apenas uma gota de sangue e pronta em até 30 minutos) deve ser feita, no mínimo, dez dias após os primeiros sintomas. Evitando, assim, o que os especialistas chamam de falso negativo.>
Crispim Cerutti Júnior
Médico infectologistaAlém desse cuidado, os infectologistas também fazem um importante alerta: pesquisas ainda não conseguiram descobrir se uma pessoa que já contraiu o novo coronavírus mas que se manteve assintomática ou que se recuperou da doença pode ser novamente infectada e, possivelmente, sofrer com os sintomas. >
O resultado positivo desses testes é bastante confiável, mas ele só significa que o indivíduo já teve contato com o vírus. Por isso, ele não pode adquirir uma segurança de que o perigo já passou, porque existe a possibilidade de que essa imunidade não seja permanente, explicou Cerruti Júnior.>
De acordo com Paulo Peçanha, essa imunidade depende da permanência de um anticorpo específico (igG), o que ainda não foi possível verificar, pelo caráter recente da pandemia. Por enquanto, sabemos que depois de 14 dias dos primeiros sintomas, a chance de transmissão é mínima, afirmou.>
Paulo Peçanha
Médico infectologistaOs dois infectologistas também se preocupam com a qualidade dos testes que serão ofertados nas farmácias e a capacitação do profissional que irá aplicá-lo. É muito importante que esses testes sejam validados pela Anvisa; e eu, enquanto médico, fico mais seguro se meu paciente for a um local que sei que faz um bom trabalho, disse. >
Nesse sentido, Cerruti Júnior também defende que as pessoas só façam esse teste mediante um pedido médico. Os protocolos devem seguir os mesmos: em um quadro leve a pessoa deve se isolar em casa; e se apresentar dificuldade para respirar, procurar assistência médica, antes de tentar o autodiagnóstico.>
Como principal fator positivo apontado pelos especialistas está o acesso ampliado da testagem pela sociedade o que, consequentemente, deve contribuir para diminuir os casos de subnotificação da Covid-19, por causa dos assintomáticos e das pessoas com sintomas leves que não acionaram o sistema de saúde. >
Paulo Peçanha
Médico infectologistaPor todos esses prós e contras, o infectologista Cerutti Júnior defende que a estratégia é boa, vista como uma medida de saúde pública. Esses testes rápidos não são um bom recurso para diagnósticos, mas são eficazes para indicar a abrangência da pandemia no nosso território, resumiu.>
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