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'Talvez eu não volte a pescar', diz criador do Macakids após ficar 2 dias à deriva

'Talvez eu não volte a pescar', diz criador do Macakids após ficar 2 dias à deriva

Maikel Araujo dos Santos contou as experiências vividas durante as 50 horas em que ficou em alto-mar com um amigo pescador

Lucas Gaviorno

Estagiário / [email protected]

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Publicado em 1 de outubro de 2025 às 15:11

 - Atualizado há 2 meses

Maikel Araujo dos Santos conversou com a TV Gazeta nesta quarta-feira (1º)

Após dias de muita angústia e desespero, Maikel Araujo dos Santos, criador do Macakids, disse que talvez não volte mais a pescar. O relato foi feito durante uma entrevista ao vivo no telejornal Gazeta Meio Dia, da TV Gazeta, nesta quarta-feira (1°). Ele e o pescador Ronald Menezes desapareceram em alto-mar no domingo (28) e foram encontrados na altura de São João da Barra, no Rio de Janeiro, na tarde de terça-feira (30), após ficarem 50 horas à deriva devido a uma pane elétrica na lancha.

Talvez eu não volte mais a pescar. Quero ver minha filha crescendo, cantando as músicas do 'Macakids' comigo. Quero ter essa oportunidade de ver a minha filha nascer e crescer. Acho que a pesca não rola mais

Maikel Araujo dos Santos

Criador do Macakids

Maikel também detalhou como foram as 50 horas à deriva: "Passou um filme na minha cabeça. Foram três dias e duas noites dormindo no mar muito revoltado, com ondas de mais de cinco metros e ventos de 60 a 70 km/h sendo anunciados no rádio. Foi assustador e não desejo isso pra ninguém", disse.

O criador do Macakids relatou que eles passaram perto de dois rebocadores, mas não conseguiram ajuda. Após isso, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) também passou por eles, mas sem sucesso. Depois disso, a dupla ficou mais sete horas à deriva.

Ele se emocionou ao contar que achou que não voltaria vivo para a terra firme. "Não achei que fosse voltar, ver minha filha nascer, dar um abraço nos meus pais. Eu fiz um vídeo me despedindo deles, porque foram muitos dias e não tinha mais água pra beber. Havia sobrado apenas um litro e meio de água e comíamos peixe cru. Não imaginávamos ficar com o motor à deriva e sem o rádio funcionar."

O criador do Macakids ainda contou à TV Gazeta que fazia a pesca semanalmente e ficava cerca de cindo horas em alto-mar. No caso da última pesca, ele disse que não imagina o que pode ter causado a pane na lancha, destacando que nunca havia acontecido algo parecido em outras ocasiões.

Maikel afirmou ainda que o parceiro Ronald não era o piloto da embarcação. "Ele era o meu parceiro de linha enquanto eu mergulhava, mas quem pilotava era eu", relatou.

Comeram peixe cru

A experiência com pesca marítima ajudou a dupla a sobreviver. Para fortalecer o corpo e manter a energia até serem encontrados, o empresário e o piloto de lancha comeram peixe cru que eles mesmo pescaram e racionam água potável. A estratégia deu certo e Maikel e Ronald foram levados para terra firme após serem avistados e resgatados por ocupantes de uma embarcação a serviço da Petrobras no litoral de São João da Barra, no Rio de Janeiro.

O empresário Maikel Araujo dos Santos, criador do Macakids, e pelo piloto de lancha Ronald Menezes, foram encontrados nesta terça-feira

Passo a passo do resgate

  • No final desta tarde de terça-feira (30) o navio mercante Santos Supplier, da empresa Bram, a serviço da Petrobras, foi fundeado (ancorado) no Porto de Açu, em São João da Barra (RJ);
  • Às 17h30, ao retomar o trabalho, o comandante do Santos Supplier avistou a embarcação Monkey Sub com tripulantes sinalizando e pedido por socorro;
  • Ao se aproximar da Monkey Sub, o comandante encontrou Maikel e Ronald, que estavam a cerca de 2 milhas (3,2 km) do Porto de Açu (RJ) em direção a alto-mar; 
  • Para retirá-los do mar, a tripulação do Santos Supplier puxou a Monkey Sub para contrabordo e resgatou a dupla;
  • A bordo do Santos Supplier, Maikel e Ronald informaram que houve uma pane no sistema elétrico da embarcação, o que os deixou à deriva;
  • Sob escolta da Marinha do Brasil, Maikel e Ronald chegaram por volta de 20h30 ao Porto de Açu (RJ) – para onde também foi rebocada a Monkey Sub.

Ventos mostraram direção

Resgate
Após serem resgatados, a dupla que saiu de Anchieta para pescar recebeu comida e bebida na embarcação de onde foram avistados Crédito: Reprodução/Redes Sociais

O tenente Malacarne, do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, contou que os estudos de ventos e correntes feitos pelas equipes da corporação, da Capitania dos Portos e da Marinha do Brasil já haviam indicado que o barco estaria em direção ao litoral do Rio de Janeiro.

As análises nos ajudaram, mostrando os ventos e as correntes registradas na tarde de domingo (28), quando eles desapareceram. A Capitania dos Portos ajudou bastante. As correntes mostraram que eles poderiam passar por São Thomé (RJ) e seguir para o Rio de Janeiro devido ao vento noroeste

Tenente-coronel Cristiano Malacarne

Diretor-adjunto de Operações do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES)

A Marinha do Brasil também se manifestou sobre o resgate da dupla, que mobilizou Corpo de Bombeiros, Núcleo de Operações e Transporte Aéreo da Secretaria da Casa Militar (Notaer) e até avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Veja abaixo a nota na íntegra:

Marinha do Brasil | Nota na íntegra

"A Marinha do Brasil (MB), por meio do Comando do 1º Distrito Naval, informa que, hoje (30), foram encontrados com vida os tripulantes da embarcação "Monkey Sub", que estavam desaparecidos desde o último domingo. Os dois homens foram resgatados por um rebocador offshore que se encontrava operando nas proximidades da área de busca e serão recebidos ainda nesta terça-feira por uma equipe da Agência da Capitania dos Portos em São João da Barra (RJ). 

Participaram da operação de Busca e Salvamento (SAR) da Marinha a Corveta "Caboclo", o Navio Patrulha “Gurupi, embarcações da Capitania dos Portos do Espírito Santo, uma aeronave SC105 da Força Aérea Brasileira, além de equipes e meios do Corpo de Bombeiros do Estado do Espírito Santo e uma aeronave do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), do Governo do ES. 

Por fim, cabe destacar que a Marinha incentiva e considera importante a participação da sociedade, que pode ser feita pelos telefones 185 (número para emergências marítimas e pedidos de auxílio) e (027) 2124-6526 (diretamente com a CPES para outros assuntos, inclusive denúncias). Também estão disponíveis o e-mail [email protected] e o aplicativo "NavSeg", que pode ser baixado gratuitamente em aparelhos celulares Android e iOS."

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