Publicado em 17 de novembro de 2020 às 18:26
O Espírito Santo apresenta uma tendência clara de crescimento de casos graves da Covid-19. Esse é o resumo de uma análise feita pelo secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, sobre a evolução dos quadros de infecção por coronavírus em todo o Estado, com base nos dados da doença registrados nos últimos dias. >
Em publicações em uma rede social, Nésio expôs o panorama do enfrentamento da Covid-19 no Espírito Santo, pontuando o atual aumento de casos e da ocupação de leitos, da estruturação da rede assistencial, da ampliação da testagem, e de uma espera de pelo menos mais oito meses até o início da vacinação.>
Em uma série de postagens, o secretário explicou a situação atual do novo coronavírus no território capixaba, e já iniciou citando o aumento na ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e do número de casos graves. Segundo Nésio, no fim do mês de outubro, a quantidade de internações passou a oscilar, rompendo o ritmo de estabilidade que vinha sendo registrado. >
A partir do dia 27 de outubro, o movimento de oscilação da internação em UTI-Covid passou a ocorrer no Espírito Santo. Nos três últimos dias a ocupação ultrapassou a variação de 330, apresentando tendência clara de crescimento de casos graves. Esse comportamento foi precedido de um aumento sustentado de internações em enfermarias (Covid-19) a partir de 14 de outubro, destacou.>
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Como exemplo desse aumento, ele cita os casos da Região Metropolitana de Saúde que, além da Grande Vitória, também compreende municípios das regiões Serrana e Noroeste. Nas cidades citadas por Nésio em um dos gráficos - Afonso Cláudio, Brejetuba, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Fundão, Guarapari, Ibatiba, Itaguaçu, Itarana, Laranja da Terra, Marechal Floriano, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e Viana - o pico de casos da primeira onda já foi ultrapassado, dado observado após alta na média móvel de 14 dias registrada em 8 de novembro. >
No interior da Região Metropolitana, houve estabilização de casos entre 7/9 e 14/10. A partir desta data, os casos chegando a 132,64, na média móvel de 14 dias, no dia 8/11, já ultrapassando o limite do pico de casos observados anteriormente na primeira onda, disse.>
Na explicação, o secretário prevê um pico de casos ainda maior do que o registrado no início da pandemia. Segundo Nésio, no entanto, a letalidade se faz menor do que no período anterior, ainda que outubro tenha apresentado mais mortes pela doença que setembro. >
A explicação do secretário é de que a queda foi registrada devido à melhoria na estrutura da rede de saúde, e do aumento da testagem, tanto de pessoas que apresentassem sintomas quanto de pessoas que tiveram contato direto com pacientes assintomáticos confirmados. >
Além da testagem plena de todos os sintomáticos e dos contatos intradomiciliares assintomáticos, a queda da letalidade ocorreu por melhora do manejo clínico e garantia do acesso aos serviços de saúde; entre setembro e outubro, a letalidade caiu mais do que a queda do número total de óbitos, analisou.>
O cenário do momento estava entre os previstos no planejamento de combate à doença no Espírito Santo, segundo o secretário. A ação de resposta foi tomada ainda no começo do mês, com a disponibilização de mais leitos exclusivos para a Covid-19, a fim de estruturar e evitar uma pressão na rede assistencial. Na ocasião, foi anunciado um aumento de 120 leitos em hospitais da Grande Vitória e interior do Estado. E uma nova ampliação, com contratação de vagas na rede particular e filantrópica, também já foi anunciada.>
Apesar disso, o secretário também destaca o aumento na demanda de outras doenças nos hospitais da rede pública. Diferentemente do início da pandemia, agora são muitos os casos externos que precisam ser atendidos nas unidades - doenças infecciosas e problemas nutricionais conhecidos, causas externas e doenças crônicas descompensadas - que se somam à pressão para atendimento de pacientes do novo coronavírus. >
Para exemplificar, ele expôs um gráfico em que mostra que o número de pacientes aguardando leitos de isolamento em UTI para Covid-19 é menor que o de pacientes que aguardam para outras especialidades.>
Neste exato minuto em que escrevo (a publicação foi feita na madrugada desta terça-feira, 17), somente cinco pacientes aguardam leito de isolamento de UTI-Covid em toda a Grande Vitória. A demanda por UTI, não-Covid é maior que a pressão assistencial de pacientes com Covid-19. O mesmo comportamento ocorre com a demanda de leitos de enfermaria, comparou. >
O secretário também citou o aumento na testagem como um dos fatores que levaram ao crescimento do registro de casos a partir de setembro. Antes, apenas casos graves suspeitos e pessoas do grupo de risco eram testadas. Com o aumento no rastreio da doença, realizando testes também em contatos diretos de pessoas positivadas, fez com que o registro da doença aumentasse. Ele cita a alta na Região Metropolitana como reflexo disso. >
No Espírito Santo, em setembro, ocorreu mudança no critério de testagem, recomendando testar com RT-PCR todo paciente com sintomas suspeitos de Covid-19 e os contatos intradomiciliares dos positivos, levando a um aumento de casos observados na Região Metropolitana nos meses subsequentes, ressaltou. >
Como contraprova de que a testagem foi uma das responsáveis pelo aumento no número de casos, o secretário destacou a queda sustentada na quantidade de óbitos, que teve início em julho e agosto, e continuou nos meses seguintes, mesmo com uma alta do número de casos confirmados. >
No mês de setembro, houve aumento da detecção de casos sem correspondente aumento de óbitos. No entanto, as internações em UTI-Covid e os óbitos relacionados à doença seguiram caindo e tendo tendência de estabilização, como se observa no gráfico do período de 5/7 a 28/10", relacionou Nésio, na publicação. >
Ao concluir a análise, o secretário destacou o fato de que ainda vivemos em meio a uma pandemia, que a vacinação contra o vírus ainda vai demorar pelo menos oito meses, e que a colaboração e disciplina da população são importantes para enfrentar a doença. >
A pandemia não acabou, temos pelo menos mais 8 meses de resistência até ter o processo de vacinação alcançando os primeiros grupos prioritários. Seguiremos convivendo com o uso de máscaras, protocolos sanitários, isolando sintomáticos e testando/monitorando amplamente a população, concluiu.>
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