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Robô de MDF: estudantes do ES ganham prêmio internacional inédito

Robô de MDF: estudantes do ES ganham prêmio internacional inédito

Turma de alunos de Cachoeiro de Itapemirim superou 21 concorrentes de diferentes países. Projeto ainda incluiu ações sociais e uso criativo de materiais acessíveis

Ana Elisa Bassi

Repórter do g1 ES / [email protected]

Publicado em 31 de maio de 2025 às 17:42

Turma de alunos de Cachoeiro de Itapemirim superou 21 concorrentes de diferentes países. Projeto ainda incluiu ações sociais e uso criativo de materiais acessíveis

Uma equipe composta por seis estudantes de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, fez história ao conquistar o 1º lugar geral no FTC Premier Event México, evento de robótica educacional realizado entre os dias 22 e 24 de maio, na cidade de Monterrey, no México. É primeira vez que uma equipe brasileira vence essa categoria da competição internacional.

Representando o Brasil com o robô Fúria da Noite, nome inspirado no filme 'Como Treinar o Seu Dragão', os estudantes enfrentaram 21 equipes de países como Estados Unidos, México, Venezuela e Guatemala, incluindo também três equipes brasileiras, dos Estados do Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo.

A equipe é composta pelos estudantes Alicia Lima Carari, Laura Gomes Roberte Silva, Henrique Silva Sant’Anna, Gabriel Fragoso Ferreira, Eduardo Cereza Rodrigues e João Vitor Miranda de Oliveira, todos do 1º e 2º anos do Ensino Médio, com idades entre 15 e 16 anos, e orientação dos professores Leandro Bayerl e Natanael Tomazeli.

Alunos do Sesi de Cachoeiro ganharam prêmio internacional por robô feito com MDF
Alunos do Sesi de Cachoeiro ganharam prêmio internacional por robô feito com MDF Crédito: Sesi/Divulgação

O professor Natanael acompanhou os jovens na viagem, destacou o ineditismo da conquista. “É um resultado inédito para o Brasil. Nunca uma equipe brasileira havia vencido essa categoria. Foi a primeira competição internacional dos alunos, e também a primeira vez que eles viajaram para fora do país. Estão todos muito felizes”, celebrou o professor.

A equipe participou do torneio na categoria First Tech Challenge (FTC), uma das divisões da instituição FIRST, voltada ao desenvolvimento de robôs autônomos e controlados, que confirmou o ineditismo da vitória na categoria por uma equipe do Brasil.

A competição simula desafios do mundo real com temáticas anuais, e, neste ano, o foco foi a exploração sustentável dos oceanos.

Tecnologia acessível e inspiração na natureza

Com dimensões de 45x45x43 cm, o robô Fúria da Noite foi projetado para coletar e manipular peças em uma arena de 6x6 metros, simulando a retirada de amostras do fundo do mar.

Durante a ação, o robô precisava coletar amostras na área demarcada e depositar em cestas que ficavam em diferentes alturas e distâncias, ou então entregavam o material para o membro da equipe colocar uma identificação e depois o equipamento pegava novamente o objeto.

Uma das inovações que chamou a atenção dos juízes foi o uso de MDF curvado e conceitos de biomimética, inspirados na estrutura do bambu, para tornar a criação leve, resistente e de baixo custo. Toda a caixa principal do Fúria da Noite - que aparece pintada de preto - é feita do material. O robô também tem um braço articulado.

“Somos uma equipe iniciante, com recursos limitados. Buscamos soluções criativas. Essa escolha pelo MDF e o conceito de flexibilidade inspirado no bambu foi o que nos garantiu o prêmio de inovação na etapa nacional e nos credenciou para essa disputa internacional”, explica o professor.

O MDF (Medium Density Fiberboard) é um material composto por fibras de madeira trituradas e aglutinadas com resina sintética, sob alta pressão e temperatura.

Além da construção do robô, os alunos também precisaram desenvolver documentação técnica e apresentar o projeto a juízes internacionais, tudo em inglês. Apenas dois alunos da equipe são fluentes no idioma, o que foi mais um desafio superado.

Robô criado por alunos do Sesi, em aula de robótica, que tem sua estrutura feita por MDF
Robô criado por alunos do Sesi, em aula de robótica, que tem sua estrutura feita por MDF Crédito: Sesi/Divulgação

Impacto social da robótica

Uma das exigências da competição é a demonstração do impacto social do projeto, incluindo ações comunitárias. A aluna Alicia Lima, de 16 anos, destacou essa parte como uma das mais transformadoras da experiência:

“Não é só construir o robô. A gente tem que mostrar como isso impacta outras pessoas. Fizemos oficinas em escolas públicas, levamos a robótica para uma comunidade quilombola, demos workshops em bairros de vulnerabilidade social e apresentamos nosso projeto em um shopping da cidade. Isso mudou a minha vida completamente”, falou.

Alicia entrou na turma de robótica no início de 2023 e ajudou a fundar a equipe Tech Dragons. Desde então, mergulhou no aprendizado técnico e humano que o projeto proporciona.

“Foi difícil conciliar tudo, porque somos uma equipe pequena, começando do zero. Mas aprendemos muito. Vencer esse prêmio mostrou que valeu a pena cada esforço”, contou.

Recepção com festa

A premiação “Innovate Award” para o grupo consistiu em um troféu e medalhas, trazidos com muito orgulho para o Espírito Santo.

No retorno ao Brasil, na última segunda-feira (26), os campeões foram recebidos com direito a desfile em carro aberto acompanhado pelo Corpo de Bombeiros e festa na chegada à escola, localizada no bairro Alto Monte Cristo.

Nos vídeos divulgados pela escola, os jovens chegam em grande estilo com o troféu e são aplaudidos pelos colegas, professores e funcionários.

Apoio educacional

A preparação da equipe começou em setembro de 2024, com o lançamento da nova temporada da FTC. Após vencerem o prêmio de inovação na etapa nacional, em março, os alunos garantiram vaga no evento internacional.

Todo o transporte, alimentação e hospedagem foram custeados pela escola dos alunos, o Sesi de Cachoeiro de Itapemirim. Apenas as despesas com passaporte e visto ficaram por conta das famílias. A delegação contou com os seis alunos, dois professores e uma representante regional da instituição.

“A escola nos dá toda a estrutura — laboratório, maquinário, espaço físico. Isso faz muita diferença e aumenta a vontade dos meninos de continuar. Estamos muito orgulhosos”, afirmou o professor Natanael.

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