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Protesto de rodoviários: como bloqueio do trânsito poderia ser evitado

Protesto de rodoviários: como bloqueio do trânsito poderia ser evitado

Professor da Ufes sugere ações que poderiam impedir transtorno como o registrado nesta segunda (29); manifestação de grupo de rodoviários que faz oposição ao atual comando do sindicato da categoria deixou motoristas presos por horas

Publicado em 29 de maio de 2023 às 13:01

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Pela primeira vez em pouco menos de duas semanas, o trânsito na Grande Vitória foi prejudicado devido a bloqueios em Carapina, na Serra. Na manhã desta segunda-feira (29), uma manifestação de um grupo de rodoviários que faz oposição ao atual comando do sindicato da categoria (Sindirodoviários) deixou motoristas presos por horas e levou passageiros a deixarem os ônibus e irem embora a pé.

O Departamento de Operações de Trânsito (DOT) da Serra explicou que, “no caso de bloqueios, é tentado um diálogo com os manifestantes, para desobstrução da via. Não tendo êxito, a Polícia Militar é acionada. Na maioria dos casos, os agentes não encontram resistência, contudo, na manhã desta segunda-feira (29), os manifestantes insistiram em permanecer na via”.

Trânsito causado por manifestação em Carapina, na Serra
Trânsito causado por manifestação em Carapina, na Serra. (Ricardo Medeiros)

Às 11h45, os manifestantes permaneciam na região, mas não impedindo a movimentação dos veículos. “Com isso, não há via obstruída, mas ainda com grande fluxo.”

Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que “todo tipo de manifestação é monitorada pelas inteligências das forças de segurança, principalmente aquelas em que há um planejamento prévio. Em caso de situações imprevisíveis, como o protesto ocorrido nesta manhã, na Serra, a Polícia Militar realiza o monitoramento no local, para impedir que o direito de ir e vir da população seja prejudicado”.

Ainda segundo a pasta, a PM é responsável pela negociação com os manifestantes e, em casos extremos, o uso progressivo da força.

Entretanto, questionada sobre as ações adotadas especificamente nesta segunda (29), considerando que o bloqueio foi mantido durante algumas horas, a Sesp não esclareceu.

O fluxo de veículos na região já tem sido impactado pelas obras do Complexo Viário de Carapina, que estão em reta final. Prevista para dezembro de 2022 e depois para maio deste ano, a obra — que promete melhorar o trânsito entre Serra e Vitória — deve sair em junho.

E, embora situações como a desta segunda (29) nem sempre sejam anunciadas previamente, um esforço coordenado entre as forças de segurança poderia evitar complicações aos motoristas.

A avaliação é do professor da área de transportes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Rodrigo de Alvarenga Rosa, segundo o qual falta uma ação coordenada para manter o fluxo de veículos.

“É algo que dá, sim, para resolver, mas falta um protagonismo da companhia de trânsito da Polícia Militar, da Guarda Municipal e da PRF. Na prática, a gente não vê essas forças trabalhando de forma coordenada. Deveria haver alguma forma de parar os caminhões momentaneamente no contorno, desviar. Entrar com a polícia e dissipar o movimento.”

Aspas de citação

É proibido parar uma via pública sem motivo e sem autorização. Ali tem área estadual, municipal, federal, e tudo deve ser coordenado em conjunto

Rodrigo de Alvarenga Rosa
Professor da área de transportes da Ufes
Aspas de citação

O especialista pontua que, mesmo sem os bloqueios, o fluxo na região já é complicado, no dia a dia, pelas obras — motivo pelo qual considera que é preciso realizar ações preventivas, para evitar transtornos que podem ser impedidos.

“A gente não vê essa atuação. Ali teria que se desligar todos os semáforos e quem faria o controle do fluxo seriam esses agentes. Tem que ser organizado. É um trabalho de inteligência humana, e todos esses órgãos têm capacidade de fazer isso. Desde cedo, isso poderia ser resolvido, como uma blitz, com agentes perto dos postos para, quando der o problema, já estarem no local. Infelizmente, tem acontecido muitos acidentes, sobretudo com motociclistas, então já deixa uma equipe do Samu de prontidão nas proximidades. Já se sabe que tem uma obra… A única forma de coordenar isso é dessa forma, atuando em conjunto e preventivamente.”

A Polícia Rodoviária Federal foi questionada sobre quais medidas vêm sendo tomadas para evitar problemas de mobilidade e interrupção do fluxo de veículos na BR 101, na região de Carapina, mas ainda não se pronunciou. Quando houver o retorno, esta matéria será atualizada.

Diante da paralisação, o presidente do Sindirodoviários, Marcos Alexandre da Silva, destacou que a entidade "não organizou tal movimento e tampouco concorda com o mesmo, pois está sendo realizado ao arrepio da lei e da prática organizacional deste sindicato".

Trânsito monitorado a partir das 6 horas

O Departamento de Operações de Trânsito (DOT) da Serra informou, em nota, que realiza um trabalho diário para tentar garantir o fluxo de veículos nas principais vias do município, pela manhã, das 6 às 8h30 e, à tarde, das 17 às 18h30.

“Entre essas vias estão a Rodovia Norte Sul, Avenida Eldes Scherrer Souza, Avenida Talma Rodrigues Ribeiro, e, consequentemente, as vias perpendiculares a essas avenidas, como no cruzamento da Rua M com a Norte Sul; Rua Carioca, com a Nortes Sul; Rua Projetada (ao lado da UPA de Carapina) com a Norte Sul; Avenida dos Metarlúrgicos com a Norte Sul; Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, com a Norte Sul. Também atuam, nos momentos de maior fluxo, no cruzamento da Norte Sul com a Eldes Scherrer Souza, nos dois sentidos (Laranjeiras e Barcelona).”

Ainda de acordo com o órgão municipal, nesses locais, os agentes de trânsito ficam desembarcados, durante o horário de pico, posicionados nesses principais cruzamentos. Já no caso da Avenida Talma Rodrigues Ribeiro, as equipes de agentes de trânsito monitoram toda a extensão, por meio de patrulhamento.

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