Publicado em 20 de maio de 2020 às 21:46
O governo do Espírito Santo anunciou uma nova Matriz de Risco que será usada para avaliar a situação em que cada município se encontra diante da pandemia do novo coronavírus. A partir de domingo (24), dados de isolamento e o número de pessoas acima de 60 anos terão peso na hora de classificar o grau de risco em cada cidade e, com isso, estabelecer restrições, que podem chegar ao "lockdown", ou seja, bloqueio total da circulação de pessoas.>
Os outros dois modelos, até então usados pelo Estado, consideravam apenas o coeficiente de incidência da Covid-19 (proporção de contaminados em relação à população) e a taxa de ocupação de leitos em cada local. A partir daí, os municípios eram classificados com risco baixo, moderado e alto. A nova matriz inclui a classificação do risco extremo.>
Renato Casagrande
GovernadorDois fatores serão levados em conta no novo modelo: ameaça e vulnerabilidade. O índice de ameaça poderá ser classificado como leve, moderado, severo ou extremo. Essa variável vai ser cruzada com a vulnerabilidade dos municípios, baseada na ocupação de leitos. Neste caso, o risco poder ser: adequado, alerta, crítico ou plano de crise. >
Para calcular o nível de ameaça, serão analisadas quatro variáveis com pesos diferentes, que são: o coeficiente de incidência do vírus (com peso de 50% no cálculo), a taxa de letalidade da doença (20%), o índice de isolamento (20%) e a porcentagem de população acima de 60 anos (10%). >
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O cruzamento dos dados dessas quatro variáveis levarão a um número final, que permitirá classificar o nível de ameaça do coronavírus nos município de leve a extremo. >
"Vamos supor que a gente tem um município com coeficiente de incidência baixa do coronavírus. Nesse quesito, ele obtém uma nota e ganha pontos. Mas aí ele tem grande quantidade de mortes e o isolamento é pequeno, perdendo pontos. Se tiver muitas pessoas com mais de 60 anos de idade, a nota cai mais ainda. A partir desses dados, a gente faz uma equação matemática que estabelece o índice de ameaça de cada lugar", explicou Casagrande. >
A nova Matriz de Risco vai considerar também a vulnerabilidade dos municípios, que é baseada na taxa de ocupação de leitos de UTI. Atualmente, o Estado possui 69% dos leitos ocupados, o que o coloca numa situação de alerta. Acima de 80%, essa classificação se torna crítica e, ao atingir 91%, entra o plano de crise, o que pode levar ao isolamento total nos municípios. >
Todos esses fatores, juntos, definirão se uma cidade está em risco baixo, moderado, alto ou extremo. É esta classificação que determinará quais medidas de restrições serão adotadas nos municípios. >
Em caso de alto risco, há alternância no funcionamento do comércio. O caso extremo, uma classificação nova do modelo, pode levar ao "lockdown", que é o isolamento compulsório da população, com fechamento de comércio, proibição de andar em ruas e paralisação total do transporte público.>
A partir desse domingo, quando entra em vigor a nova matriz, três municípios que possuíam risco moderado passam a fazer parte do grupo de alto risco: Marataízes, Alfredo Chaves e Afonso Cláudio. >
Juntamente com a Grande Vitória, Fundão, Santa Teresa e Presidente Kennedy que já estavam em alto risco , 11 cidades terão agora que tomar medidas mais restritivas no funcionamento de comércio. A maior parte das cidades capixabas, um total de 45, passa a ter nível moderado de risco. Outras 22 dias permanecem em risco baixo.>
"A gente pode observar a mudança de coloração dos mapas desde a primeira matriz de risco. Agora, grande parte dos municípios passou para risco moderado, 22 com risco baixo e 11 com risco alto. Claro que, até sexta-feira (22), vamos ter mais dados que poderão tornar um outro município de moderado ou alto risco, mas é importante observar que as ameaças cresceram", declarou Casagrande. >
Apesar de não ter nenhum município que se encontre em risco extremo, o governo estadual apresentou uma simulação de como ficaria o cenário nos municípios, caso o Estado alcançasse a taxa de 91% de ocupação dos leitos de UTI. De acordo com Casagrande, seria necessário isolamento total na maior parte do Espírito Santo. >
"O mapa ficaria todo vermelho [o que mostra o risco alto], com vermelho mais forte de risco extremo. Os municípios teriam que parar completamente suas atividades econômicas, porque é um passo além do risco alto", concluiu. >
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