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Fogões, alimentos e botijão proibidos em ônibus de turismo em Guarapari; entenda regras

Fogões, alimentos e botijão proibidos em ônibus de turismo em Guarapari; entenda regras

A medida é apenas uma das ações para controlar a chegada e a circulação de turistas durante a alta estação. Cidade também estabelece rotas, horários e pontos de desembarque

Publicado em 6 de dezembro de 2025 às 13:38

Guarapari atrai turistas do país todo com suas praias
Guarapari atrai turistas do país todo com suas praias Crédito: Marcelo Moryan/Divulgação

Além de prever a cobrança de tarifas para ônibus de turismo, o conjunto de novas regras criado pela Prefeitura de Guarapari restringe também o que os visitantes podem ou não trazer para a cidade praiana, localizada na Região Metropolitana da Grande Vitória. As normas passam a proibir já neste verão que veículos de excursão de fora transportem fogões, botijões de gás, caixas de alimentos e outros itens usados para montar cozinhas improvisadas dentro de imóveis de temporada.

A medida é apenas uma das ações para controlar a chegada e a circulação de turistas durante a alta estação. As determinações estão no Decreto 645/2025, que também estabelece rotas, horários e pontos de desembarque dentro da cidade.

A regulamentação publicada no Diário Oficial dos Municípios na última quinta-feira (4) também cria barreiras sanitárias, que passarão a operar nos acessos com fiscalização das condições dos veículos, da documentação exigida e do conteúdo transportado, conforme mostrou reportagem de A Gazeta.

Sobre a proibição da entrada de ônibus turísticos transportando itens como fogões, geladeiras, freezers, eletrodomésticos, botijões e alimentos, o texto do decreto do Executivo municipal frisa que esses objetos representam riscos sanitários e operacionais. A prefeitura argumenta que o transporte desse material em veículos lotados, somado ao calor típico da alta temporada, aumenta o risco de incêndio e deterioração de alimentos.

Ainda é informado no documento que veículos flagrados transportando materiais proibidos podem ser retidos e ter os itens apreendidos, com destinação a entidades sociais cadastradas na base de dados da prefeitura.

Tarifas e obrigações para empresas e organizadores

Para operar em Guarapari, excursões deverão pagar tarifas calculadas em IRMG (índice municipal). A cobrança vale para ônibus, vans, city tours e excursões do tipo “day use”, essas últimas com valores mais altos.

Além disso, todas as empresas que trabalham com turismo — incluídas as plataformas de aluguel por temporada — passam a ser obrigadas a se registrar no Cadastur, condição necessária para obter autorizações, participar de ações promovidas pela prefeitura e manter regularidade tributária.

Autorização prévia obrigatória

Pelas novas regras, nenhum ônibus, micro-ônibus ou van de turismo proveniente de outro município pode entrar em Guarapari sem autorização da Secretaria Municipal de Segurança, Trânsito e Transporte (SEMSET).

A solicitação deve ser feita com pelo menos 20 dias úteis de antecedência, via formulário eletrônico, acompanhada de documentos como:

  • comprovante de pagamento da tarifa municipal; 
  • registro do veículo no Cadastur e na ANTT;
  • reserva de hospedagem ou documentação de city tour;
  • contrato de locação, no caso de imóveis de temporada.

A autorização só é emitida após análise e depende da disponibilidade de vagas no estacionamento oficial da cidade.

Segundo o Executivo municipal, as medidas integram uma estratégia da prefeitura para tentar reduzir impactos do turismo de massa, especialmente no verão, "quando o fluxo de visitas aumenta drasticamente". A expectativa da gestão é melhorar a fluidez no trânsito, reduzir riscos sanitários e garantir que visitantes usem a estrutura da cidade dentro de parâmetros de segurança.

O decreto propõe ainda penalidades que incluem multas, remoção do veículo para o pátio municipal, advertências e suspensão de autorizações.

Circulação e desembarque ficam restritos

Mesmo os veículos autorizados deverão seguir um único trajeto ao entrar em Guarapari: da barreira de fiscalização para a Rodoviária Municipal, e de lá para o estacionamento oficial.

O embarque e desembarque de passageiros passa a ser exclusivamente na rodoviária, salvo autorização excepcional. Paradas em vias públicas, mesmo que rápidas, deixam de ser permitidas.

A cidade também instituiu Zonas de Acesso Controlado (ZAC), cada uma com horários rígidos para circulação:

  • Zona Vermelha: acesso das 5h às 8h; 
  • Zona Amarela: das 5h às 8h e das 12h às 14h; 
  • Zona Verde: acesso liberado, mantendo a obrigatoriedade de estacionamento no local oficial.

Medidas geram tensão

Segundo revelado pelo colunista Abdo Filho, de A Gazeta, a decisão da prefeitura, entretanto, provocou tensão imediata no setor turístico. Empresas, operadores e organizadores de excursões foram pegos de surpresa pela velocidade da implantação das normas, especialmente a menos de três semanas do início da alta temporada. O decreto acendeu o alerta no trade local, que teme consequências diretas nas operações e na economia do turismo, responsável por movimentar boa parte da renda de hotéis, pousadas, serviços e comércio durante os meses mais quentes do ano.

Prefeitura afirma que haverá período de transição

Um dia após a entrada em vigor do decreto que muda as regras para entrada de veículos de turismo na cidade, a Prefeitura de Guarapari divulgou nota à imprensa, na sexta-feira (5), em que sustenta que haverá um período de transição até março de 2026 para a devida efetivação das medidas.

Conforme o comunicado do Executivo municipal, nesse primeiro momento não haverá, por exemplo, cobrança de embarque e desembarque na rodoviária, apenas será cobrada a taxa de estacionamento. O município reforçou ainda que a taxação é feita por veículo, e que o turista propriamente dito não paga para entrar e permanecer na cidade. A proibição de fogões e alimentos já tem validade imediata.

“O turista é muito bem-vindo na nossa cidade. Ninguém será impedido de entrar em Guarapari e não existe qualquer taxa para que o visitante permaneça aqui. Esses veículos já pagavam outros estacionamentos que não eram legalizados. O que muda agora é que teremos o estacionamento público”, frisou o prefeito Rodrigo Borges.

A taxa do estacionamento é diária, com base no número de dias que a excursão permanecerá na cidade. No caso dos ônibus, por exemplo, a cobrança é R$ 60,79 por cada 24 horas.

No momento, ainda não é necessário pedir autorização para entrar na cidade, contudo, para organizar a entrada dos veículos durante o período de transição, serão implantadas três barreiras sanitárias nos seguintes pontos: Porto Grande, Village do Sol, e na entrada da BR 101.

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