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"Este ainda não é o momento para lockdown no ES", diz secretário de Saúde

"Este ainda não é o momento para lockdown no ES", diz secretário de Saúde

Atualmente, a rede estadual hospitalar tem 694 leitos de UTI reservados para tratar pacientes de Covid-19, com taxa de ocupação em torno de 70%

Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 20:51- Atualizado há 3 anos

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Secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em pronunciamento nesta quarta-feira (09)
Secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, defende que o país precisa de  soluções em conjunto, com articulação nacional  . (Divulgação / Sesa | Arquivo)

Em meio ao agravamento da pandemia da Covid-19, estados de norte a sul do país resolveram decretar lockdown, medida para restringir a circulação de pessoas e garantir o isolamento social, com o fechamento de atividades não essenciais, toque de recolher e proibição de acesso a parques e praias, por exemplo.

No Espírito Santo, no entanto, a disseminação da doença ainda não exige medidas mais extremas, avalia o secretário Estadual de Saúde, Nésio Fernandes. “Este ainda não é o momento para lockdown no ES”, afirmou.

O Estado vinha registrando uma tendência de queda nas estatísticas de infecções, internações e óbitos por Covid-19, mas que, há pouco mais de uma semana, a redução parou e os números se estabilizaram.

Segundo dados do Painel Covid, a rede estadual hospitalar tem 694 leitos de UTI reservados para tratar pacientes de Covid-19, com taxa de ocupação em torno de 70%. Somando com os 649 leitos de enfermaria, há reserva de 1.343 vagas de internação para essa especialidade.

Diante do quadro capixaba atual, Nésio afirmou que medidas extremas precisam ser tomadas no tempo certo, mas que ainda não há necessidade de um fechamento total das atividades no Estado.

"Temos um critério consolidado sobre o fechamento extremo de atividades e nenhum estado brasileiro adotou medidas extremas antes de alcançar pelo menos 90% de ocupação de leitos. No Espírito Santo, temos uma matriz própria que até agora funcionou, preservamos vidas e conseguimos adotar testagem ampla. Vamos continuar nos atualizando, atualizando nossa estrutura. Por exemplo, decidimos ampliar a oferta de leitos de UTI Covid para 900 até abril. Um Estado muito maior, como a Bahia, já precisou de 900 leitos para enfrentamento, então, acreditamos que aqui esse quantitativo será suficiente", pontuou. 

No entanto, o secretário destaca que, caso o Brasil decida tomar soluções em conjunto, com novas medidas para conter a pandemia, o Espírito Santo participará delas. "Se o presidente (Jair Bolsonaro), o Congresso Nacional ou o STF decidirem em conjunto, o Estado ingressará. Enquanto não há esta coordenação nacional, continuaremos com as metodologias já adotadas, atualizando diversas ações para responder às características novas da pandemia", disse.

MAPA DE RISCO

Uma das principais estratégias adotadas pelo governo do Espírito Santo para direcionar as ações de controle da doença é o Mapa de Risco, que classifica cada município capixaba quanto às chances de contaminação pelo vírus e estabelece ações a serem seguidas pela administração municipal. 

"O Mapa de Gestão de Risco tem como base um critério técnico coeso para qualificar as medidas de cada região. Não tivemos colapso em nenhum momento. Mas vimos um espalhamento da doença veloz no interior. A partir do mês de outubro,  100% dos municípios capixabas foram afetados", explicou. 

O Estado, explica Nésio, encontra-se agora numa fase de estabilização da curva de óbitos, que tende a ser interrompida entre março e abril, por conta de um novo aumento de casos. Ele vislumbra que é provável que até junho ou julho ocorra aumento da curva das síndromes respiratórias agudas graves e, a partir daí, o número de casos pode voltar a cair.

"Assim foi o comportamento da doença no ano passado. Somente o movimento no final do ano não correspondeu à sazonalidade, com crescimento dos casos, influenciado pelo comportamento de naturalização da pandemia pela população, com ampla circulação das pessoas", aponta.

O secretário avalia que, após o fechamento de algumas atividades até julho de 2020, as pessoas se sentiram "sufocadas". "A população precisou respirar, sair um pouco de casa. Mas vivemos agora, infelizmente, uma naturalização da doença. Por outro lado, na ausência de auxílio emergencial, as pessoas precisam trabalhar para comer e isso também pesa para analisar uma medida mais radicalizada. Países que adotam medidas extremas têm tomado medidas para ajudar a população necessitada". 

NOVAS CEPAS

Além do relaxamento do isolamento social, contribui para a disseminação da Covid-19 a circulação de novas cepas do coronavírus, que têm maior poder de transmissão, além de também permitir a reinfecção, ou seja, contaminar novamente pessoas que já tiveram a doença. 

"Sou cético em acreditar que o aumento dos casos e mortes no país esteja só ligado ao aumento de variantes. As cepas originárias são transmitidas por via aérea e por contato direto. Então a contaminação também tem relação com o abandono das medidas de proteção - uso de máscaras e higiene -  e maior exposição ao vírus, com desrespeito ao distanciamento social. Além disso, estamos vendo que a imunidade trazida por uma infecção anterior não se sustenta por muitos meses, com probabilidade de evolução de casos de reinfecção para formas mais graves", afirmou.

O secretário acrescenta que é preciso estar atento à terceira onda da Covid. "Não há razões ainda para implementar outras medidas nesta fase da possível construção da terceira onda. Nós tivemos no Estado duas expansões da doença e já no ano passado alertamos que poderíamos viver aberturas e fechamentos (de atividades). Mas precisamos adotar medidas avançadas e prudentes no tempo certo, ou haveria um custo alto. Saídas e soluções em conjunto nacionais possuirão resposta epidemiológica e econômica melhor do que uma ação isolada", defende. 

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