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Coronéis negam planejar nova greve da PM no ES

Coronéis negam planejar nova greve da PM no ES

Em nova carta, 15 coronéis do alto comando da PM negam participação em um suposto plano para levar os militares do ES a uma nova paralisação dos serviços, semelhante ao que ocorreu na greve de 2017

Publicado em 8 de dezembro de 2021 às 15:17

Ícone - Tempo de Leitura 7min de leitura
Quartel da Policia Militar do ES
Quartel da PMES: maioria do alto comando assina carta. (Carlos Alberto Silva)

Em uma nova carta, 15 dos 20 coronéis que fazem parte do alto comando da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) negaram  participação em um suposto plano que resultaria na paralisação das atividades dos militares no Estado, semelhante ao movimento grevista de 2017. O documento vem sendo divulgado nas redes sociais dos militares e foi ainda registrado no site de documentos oficiais da administração estadual.

Nova carta dos coronéis da PM
Nova carta dos coronéis da PM. (Assomes)

Em um trecho, o documento assinado pelos coronéis afirma que estão ocorrendo "inúmeras manipulações e distorções da verdade", ao se referirem a outra carta, escrita e assinada pelo mesmo coronelato, e divulgada no último dia 1, onde relatam insatisfação com a gestão da Corporação e cobram mais diálogo com o governo do Estado.

Na carta desta quarta-feira (8), afirmam "repudiar com veemência as falsas ilações e afirmações". Destacam que o documento anterior, enviado ao secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, não teria relação com um suposto plano ou ameaça de paralisação dos serviços da Polícia Militar.

"O que obviamente se trata de uma campanha caluniosa e difamatória perpetrada por interesses escusos, sem qualquer compromisso com a proteção da sociedade, o que não é o caso destes coronéis, fiéis defensores da lei e da ordem, da hierarquia e disciplina, conforme já se testemunhou no passado e até hoje por seus pares e subordinados. Quanto aos agentes responsáveis por tamanha leviandade serão adotadas as medidas judiciais próprias", afirmam os 15 coronéis em carta desta quarta (8).

Explicam ainda que o documento anterior "era de natureza interna, dirigido a autoridade máxima da segurança pública, mediante ciência dada ao Comandante-Geral". E que visava "tão somente solicitar agenda de reunião do coronelato justamente para que fossem restabelecidos os canais de comunicação internos essenciais para a boa gestão estratégica da corporação, sobretudo os que envolvem assuntos sensíveis de interesse geral da Instituição".

O comandante da PM, coronel Douglas Caus, foi apenas avisado da correspondência, não tendo recebido o documento, que foi endereçado apenas a Ramalho. No dia seguinte, quinta-feira (2), realizou uma reunião com o alto comando, que segundo informaram a reportagem, não ocorreu de forma pacífica. Encontro citado agora pelos coronéis no novo documento.

"Na última quinta-feira, logo após o secretário despachar de volta a solicitação de agenda de reunião, uma reunião de Alto Comando foi convocada pelo Comandante-Geral sendo que todos os assuntos corporativos foram apresentados e comprometendo-se o Cmt Geral em dar encaminhamento interno e aos escalões superiores para resposta ao Alto Comando da PMES, como sempre foi a praxe gerencial na PMES, de maneira que reafirmamos nosso compromisso com a ética, lealdade, verdade e integridade institucional, respeitando as autoridades legais e instituídas do Comando-Geral, Secretário de Segurança Pública e Governador do Estado", diz o texto da nova carta.

GOVERNADOR DIZ QUE PMS PRECISAM RECONHECER CONQUISTAS

Na última segunda-feira, o governador Renato Casagrande destacou não haver ambiente para nova greve na PM, que as queixas dos coronéis já estão sendo discutidas internamente e que categoria precisa se animar com as conquistas. Assinalou ainda que os policiais podem solicitar reajuste salarial, mas precisam reconhecer as conquistas.

Aspas de citação

É bom solicitar reajuste e ter outras demandas, mas é importante que reconheçam o que foi feito, porque se não se animar com o que foi feito, vai ficar eternamente insatisfeito

Renato Casagrande
Governador
Aspas de citação

No documento enviado pelo coronelato ao secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, no último dia 1º, é feita menção à greve de 2017, sem citar o evento, diretamente, ao se referir ao "clima de inquietação na tropa". “Sobressalta uma inquietação em vários níveis, que tem sido vivenciada no dia a dia desse colegiado da Corporação. A preocupação maior é certamente a formação de um cenário, já presenciado em tempo pretérito, onde a ausência de diálogo conduziu a consequências inesquecíveis e danosas para toda Corporação”.

Mas o governador avalia que não existe ambiente para que se repita o movimento grevista de 2017. “Hoje temos diálogo, investimento, respeito e um histórico do que foi feito nos meus governos (2011 a 2014, e nos anos de 2019, 2020 e 2021), e que tenho certeza que a maioria dos policiais reconhece”, destacou.

Casagrande lembrou que foi aprovado um reajuste para os militares que já vem sendo pago desde o ano passado. “Um reajuste que estamos aplicando até dezembro de 2022. Foi a única categoria que recebeu. Agora estamos analisando o reajuste linear, o percentual que daremos a todos”, disse.

Por último disse ainda que diversos investimentos têm sido feitos na área de segurança e que as demandas que ainda existem estão sendo discutidas. "Foram investimentos recordes", destacou.

PROTESTO DO CORONELATO

A carta enviada pelos coronéis ao  secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, foi assinada por um total de 15 coronéis, dos 20 que fazem parte do Alto Comando da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). Eles relatam insatisfação com a gestão da Corporação e cobram mais diálogo com o governo do Estado.

No documento, a que A Gazeta teve acesso, destacam-se alguns pontos:

  • Desmotivação e insatisfação com a gestão da Corporação;
  • Falta de diálogo com o governo do Estado;
  • Reclamações pela não concessão de reajuste salarial pleiteado;
  • Reclamação contra a criação de legislação para que os três mais altos cargos de comando da PM sejam de ocupação mais permanente, independente do prazo de aposentadoria;
  • Não participação do alto comando nas principais decisões que envolvem a corporação;
  • Alertas para um clima de insatisfação nos quadros da Corporação que poderia levar a uma nova paralisação;
  • Utilização de escalas especiais levando a excesso de trabalho dos PMs.

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Veja a carta dos coronéis da PMES

Documento enviado por 15 coronéis para o secretário de Segurança Pública do ES

Tamanho de arquivo: 2mb

Enviada ao secretário na quarta-feira (1º), por volta das 14h30, a manifestação foi endossada pelos seguintes gestores da PM:

  • CEL QOCPM Alessandro Juffo Rodrigues - diretor de Administração de Frota
  • CEL QOCPM Alessandro Marin - diretor de Educação
  • CEL QOCPM Carlos Alberto Bariani Ribeiro - comandante do 5° Comando de Polícia Ostensiva Regional (CPOR)
  • CEL QOCPM Carlos Ney de Souza Pimenta - comandante de Policiamento Ostensivo Especializado
  • CEL QOCPM Edmilson Batista Santos - diretor de Saúde 
  • CEL QOCPM Evandro Teodoro de Oliveira - diretor do Ciodes Metropolitano
  • CEL QOCPM José Augusto Piccoli de Almeida - controlador da PMES
  • CEL QOCPM Laurismar Tomazelli -  comandante do 6° Comando de Polícia Ostensiva Regional (CPOR)
  • CEL QOCPM Moacir Leonardo Vieira Barreto Mendonça - Corregedor 
  • CEL QOCPM Marcelo Pinto Abreu - comandante do 1° Comando de Polícia Ostensiva Regional (CPOR)
  • CEL QOCPM Marcio Eugênio Sartório - diretor de Finanças 
  • CEL QOCPM Odilon José Pimentel - comandante de Policiamento Ostensivo Noroeste
  • CEL QOCPM Oscar Paterline Mendes - comandante de Policiamento Ostensivo Norte 
  • CEL QOCPM Paulo Cesar Garcia Duarte - diretor de Logística 
  • CEL QOCPM Robson Antonio Pratti - diretor de Direitos Humanos e Polícia Comunitária

FALTA DE DIÁLOGO

Um dos trechos da carta cita a falta de diálogo com o comando: “Por inúmeras vezes, solicitamos ao Comandante Geral a abertura do diálogo e a prática da liderança junto a seus Coronéis para compartilhar os assuntos estratégicos e de interesse da Corporação. Porém, não houve êxito até o momento, com a omissão dessa assessoria ou procrastinação de soluções institucionais sugeridas”.

Cita ainda que prerrogativas do Alto Comando da PM, tem a função de assessoramento, não estariam, sendo respeitadas. “Prerrogativas do posto, concursos públicos, processos legislativos, direitos dos militares estaduais, procedimentos administrativos e operacionais, são temas proeminentes e não tratados pelo nível estratégico da PMES”.

Em outro ponto acrescentam: “Atualmente, essa atribuição tem sido menosprezada e, enquanto colegiado, estamos afastados desse processo”. Para a reportagem foi informado que no ano de 2020 ocorreram poucas reuniões e que em 2021, até o momento, nenhuma foi realizada.

Há ainda reclamações em relação ao reajuste salarial. “Somos uma das polícias mais mal remuneradas do país (últimas posições em 27 estados) e com previdência divergente do Sistema de Proteção Social (lei 13.954), com abate teto consumindo a remuneração dos nossos postos, deixando no mesmo patamar um coronel aposentado e um major da ativa antigo. Um soldado está penando para pagar suas contas. Tudo isto num estado com nota A no tesouro”.

O QUE DIZ A SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

A Secretaria de Estado da Segurança Pública, por nota, informa que o documento do alto comando da Policia Militar foi encaminhado ao secretário Alexandre Ramalho, que por sua vez o destinou ao comandante-geral da PM. “Instância a qual o mesmo deveria ter sido endereçado. O conteúdo será avaliado”, informa o texto da nota.

Em relação ao reajuste, a Sesp informa que o governo está cumprindo rigorosamente o cronograma aprovado na negociação salarial em 2019.

Errata Correção
8 de dezembro de 2021 às 15:31

Uma versão anterior deste texto afirmava erroneamente, por uma falha de digitação, que 50 coronéis fazem parte do alto comando da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). No entanto, o número correto é 20. A informação foi corrigida.

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