Após a divulgação de uma carta dos coronéis do alto comando da Polícia Militar, com críticas à gestão da Corporação e ao governo estadual, o governador Renato Casagrande diz não haver ambiente para nova greve na PM, que as queixas dos coronéis já estão sendo discutidas internamente e que categoria precisa se animar com as conquistas.
No documento enviado pelo coronelato ao secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, no último dia 1º, é feita menção à greve de 2017, sem citar o evento, diretamente, ao se referir ao "clima de inquietação na tropa". “Sobressalta uma inquietação em vários níveis, que tem sido vivenciada no dia a dia desse colegiado da Corporação. A preocupação maior é certamente a formação de um cenário, já presenciado em tempo pretérito, onde a ausência de diálogo conduziu a consequências inesquecíveis e danosas para toda Corporação”.
Mas o governador avalia que não existe ambiente para que se repita o movimento grevista de 2017. “Hoje temos diálogo, investimento, respeito e um histórico do que foi feito nos meus governos (2011 a 2014, e nos anos de 2019, 2020 e 2021), e que tenho certeza que a maioria dos policiais reconhece”, destacou.
Casagrande lembrou que foi aprovado um reajuste para os militares que já vem sendo pago desde o ano passado. “Um reajuste que estamos aplicando até dezembro de 2022. Foi a única categoria que recebeu. Agora estamos analisando o reajuste linear, o percentual que daremos a todos”, disse.
Por último disse ainda que diversos investimentos têm sido feitos na área de segurança e que as demandas que ainda existem estão sendo discutidas. "Foram investimentos recordes", destacou.
A carta enviada pelos coronéis ao secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, foi assinada por um total de 15 coronéis, dos 20 que fazem parte do Alto Comando da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). Eles relatam insatisfação com a gestão da Corporação e cobram mais diálogo com o governo do Estado.
No documento, a que A Gazeta teve acesso, destacam-se alguns pontos:
Enviada ao secretário na quarta-feira (1º), por volta das 14h30, a manifestação foi endossada pelos seguintes gestores da PM:
Um dos trechos da carta cita a falta de diálogo com o comando: “Por inúmeras vezes, solicitamos ao Comandante Geral a abertura do diálogo e a prática da liderança junto a seus Coronéis para compartilhar os assuntos estratégicos e de interesse da Corporação. Porém, não houve êxito até o momento, com a omissão dessa assessoria ou procrastinação de soluções institucionais sugeridas”.
Cita ainda que prerrogativas do Alto Comando da PM, tem a função de assessoramento, não estariam, sendo respeitadas. “Prerrogativas do posto, concursos públicos, processos legislativos, direitos dos militares estaduais, procedimentos administrativos e operacionais, são temas proeminentes e não tratados pelo nível estratégico da PMES”.
Em outro ponto acrescentam: “Atualmente, essa atribuição tem sido menosprezada e, enquanto colegiado, estamos afastados desse processo”. Para a reportagem foi informado que no ano de 2020 ocorreram poucas reuniões e que em 2021, até o momento, nenhuma foi realizada.
Há ainda reclamações em relação ao reajuste salarial. “Somos uma das polícias mais mal remuneradas do país (últimas posições em 27 estados) e com previdência divergente do Sistema de Proteção Social (lei 13.954), com abate teto consumindo a remuneração dos nossos postos, deixando no mesmo patamar um coronel aposentado e um major da ativa antigo. Um soldado está penando para pagar suas contas. Tudo isto num estado com nota A no tesouro”.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública, por nota, informa que o documento do alto comando da Policia Militar foi encaminhado ao secretário Alexandre Ramalho, que por sua vez o destinou ao comandante-geral da PM. “Instância a qual o mesmo deveria ter sido endereçado. O conteúdo será avaliado”, informa o texto da nota.
Em relação ao reajuste, a Sesp informa que o governo está cumprindo rigorosamente o cronograma aprovado na negociação salarial em 2019.
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