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Coronavírus: 105 mil idosos moram com estudantes no Espírito Santo

Coronavírus: 105 mil idosos moram com estudantes no Espírito Santo

Especialistas apontam que manter o isolamento social e o cancelamento das aulas presenciais é uma forma também de proteger os idosos da Covid-19, doença causada pelo novo corinavírus

Publicado em 15 de maio de 2020 às 06:00

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Pandemia do novo coronavírus evidencia solidão de idosos
532 mil (83,2%) idosos moram com alguma pessoa no ES. (Freepik)

Os idosos fazem parte do grupo mais propenso de ser infectado pelo novo coronavírus e o quadro evoluir para a morte. No Espírito Santo, há 638 mil pessoas com 60 anos ou mais, sendo que 532 mil (83,2%) moram com alguma pessoa. E em 105 mil dos casos, o morador é um estudante.

Por conta dessa configuração, os especialistas apontam que manter o isolamento social e o cancelamento das aulas presenciais são formas também de protegê-los da enfermidade.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geogra?a e Estatística (IBGE). Eles foram organizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse).

Para o infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Paulo Mendes Peçanha, os dados comprovam que é importante manter o isolamento social horizontal, em que somente os serviços essenciais funcionam.

Para ele, como a maioria dos idosos vive com outra pessoa, não adianta o eles ficarem em casa enquanto os jovens estão nas ruas. Por isso, é importante sair de casa somente quando há necessidade, suspender as aulas presenciais e manter o comércio fechado.

“Fora da pandemia é bom que pessoas mais velhas dividam casas com outros parentes, isso acaba sendo um suporte porque eles que têm companhia e continuam mantendo a socialização. No entanto, nesse período atual há riscos porque o mais novo trabalha, estuda e pode se infectar, desenvolvendo pouco ou nenhum sintoma. No entanto, ele pode  passar o vírus para um idoso que faz parte do grupo de risco e que poderá ter um agravamento do caso”, afirmou.

O infectologista e professor da Ufes, Crispim Cerutti Junior, reforça que não adianta o idoso estar protegido em casa, mas se quem vive com ele continua circulando. Por isso, é importante o isolamento social  e a não proximidade física com a pessoa que tenha 60 anos ou mais. O toque, o abraço e o  aconchego precisam ser evitados.

“Estou preocupado porque depois de tanto exemplo, de tanto esclarecer, as pessoas ainda não mudaram o comportamento, continuam circulando, interagindo e isso prolonga a curva. As pessoas precisam começar a levar a sério, olhar para os números e acreditar neles”, disse Crispim Cerutti Junior.

Segundo Paulo Mendes Peçanha, o isolamento vertical, em que somente as pessoas do grupo de risco ficam isoladas, não funcionaria no Brasil. Isso porque elas vivem, na maioria das vezes, com outras pessoas, são os donos dos imóveis e responsáveis pelo sustento da família. No Espírito Santo,  149 mil (23,5%) idosos contribuem com 50% ou mais da renda familiar, segundo dados da Dieese.

"Como isolar os idosos se, muitas vezes, são eles que abrigam as pessoas mais jovens? Há muitos casos que o restante da família  não tem condição de sair da casa. Acredito que se nós não fizermos o isolamento rigoroso, o que pode acontecer é o aumento de casos e mortes dos mais vulneráveis a cada dia", finaliza. 

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