O município de Vitória anunciou na quarta-feira (29) a regulamentação, por lei, do tempo integral para a educação infantil e também a ampliação da oferta da modalidade nesta etapa e no ensino fundamental. Com jornada diária de 9 horas, a proposta é oferecer às crianças e aos adolescentes mais do que carga horária estendida, e sim uma formação diferenciada.
Atualmente, quatro Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) já experimentam a jornada ampliada. Com a legislação do tempo integral aprovada, elas também passarão a contar com uma prática pedagógica diferente. A secretária municipal da Educação, Juliana Rohsner, aponta que as unidades atendem crianças de seis meses a 5 anos e, considerando a etapa de ensino, não são oferecidas disciplinas, mas "campos de experiências" - linguagem, processos investigativos, espaços temáticos e diferenças e diversidade.
Para 2022, a expectativa é abrir mais um Cmei com tempo integral e outras duas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs). Atualmente são três. Nestas unidades, que contemplam crianças a partir de 6 anos, além dos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), tais como Português e Matemática, há uma parte diversificada que é aplicada justamente porque a jornada ampliada possibilita a prática.
Nesse contexto estão as disciplinas eletivas, ofertadas semestralmente pelas escolas. No cardápio, entre outras opções, estão aulas de música, clube de matemática, cinema e jogos africanos.
Outro aspecto que a secretária considera imprescindível é o que se propõe a dar à criança e ao adolescente o protagonismo para as suas escolhas. Assim, o Projeto de Vida é uma disciplina no ensino fundamental e um conceito trabalhado de forma lúdica na educação infantil.
Também é primordial, segundo afirma Juliana, a metodologia de ensino que considera as vivências dos alunos. Ela cita como exemplo os estudantes da região de Goiabeiras que têm as paneleiras em sua comunidade, uma referência cultural do município.
"É importante olhar para o território, pensar no contexto. Esses alunos são filhos das paneleiras, vivem daquilo. Então, podemos falar da preservação do mangue, mostrar que aquele não é só lugar de exploração", exemplifica.
Questionada se a realidade dos estudantes não deveria ser a base também para o processo de aprendizagem nas escolas de ensino regular, Juliana reconhece que sim, mas afirma que a jornada nem sempre favorece a prática; os professores acabam limitados a executar o que é comum a todos. Por isso, ressalta a secretária, o tempo integral é tão importante e possibilita uma formação diferenciada, sobretudo para aqueles que não têm condições de usufruir de outros recursos, como espaços culturais ou ferramentas tecnológicas.
Na educação infantil, não há disciplinas em uma grade curricular. As atividades são desenvolvidas considerando campos de experiência para os pequenos. Desde essa etapa, também é trabalhado o Projeto de Vida de maneira lúdica para que comecem a perceber a importância de suas escolhas.
Um dos campos de experiência é de Linguagem, no qual são desenvolvidas atividades motoras, musicais, culturais, de espaço e tempo.
É uma metodologia para despertar a curiosidade das crianças como, por exemplo, de onde vem a chuva, para onde a água é levada e, daí, explorar outros temas, como a escassez hídrica, o consumo consciente. "Nenhuma pergunta é desperdiçada", ressalta Juliana Rohsner.
Criação de espaços e de tempos dedicados à aprendizagem em ambientes temáticos, para desenvolver o conhecimento de maneira mais lúdica.
As questões relacionadas às diferenças individuais e o respeito à diversidade são tratados desde a educação infantil.
A partir do ensino fundamental, Projeto de Vida passa a ser uma disciplina voltada a ajudar o aluno a refletir sobre si e o que pretende para o futuro, como se planejar para realizar seus planos.
Ser protagonista da própria história é mais que um conceito, também é uma disciplina do tempo integral nas Emefs e visa auxiliar os estudantes a se conhecer e fazer suas escolhas.
São disciplinas diferenciadas às quais os alunos podem aderir conforme sua afinidade. Entre as opções há aulas de música, cinema, clube de matemática e jogos africanos.
É uma atividade que orienta o aluno sobre como se planejar para estudar e, assim, ter melhor aproveitamento dos conteúdos oferecidos.
São atividades experimentais ou com uso de recursos tecnológicos para fomentar o espírito científico e de investigação.
Os alunos são divididos em grupos e recebem tutoria da equipe pedagógica, com reuniões semanais, para identificar eventuais dificuldades, discutir resoluções de problemas e estabelecer um vínculo mais forte entre escola e estudantes.
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