> >
Anúncio de epidemia de gripe no ES provoca corrida por vacina em clínicas

Anúncio de epidemia de gripe no ES provoca corrida por vacina em clínicas

Secretaria de Estado da Saúde alertou sobre aumento de casos na terça-feira (14) e pediu ajuda dos municípios para ampliar cobertura vacinal; clínicas privadas já registram alta

Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 20:35- Atualizado há 2 anos

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura

Depois do alerta sobre a epidemia de gripe que o Espírito Santo enfrenta atualmente, a procura pela vacina contra a Influenza já registrou um aumento significativo na rede particular, segundo a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVac). O mesmo comportamento foi observado em São Paulo e na Bahia.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente da associação, Geraldo Barbosa, explicou que o mercado tem doses que sobraram do início da campanha deste ano, por isso, está podendo ofertar o imunizante — que ainda não protege contra a variante Darwin, que causa a Influenza A do tipo H3N2.

Influenza
Assim como a Covid-19, a Influenza também é transmitida por via respiratória. Usar máscara, evitar aglomerações e higienizar mãos ajudam a evitar a transmissão. (Unsplash)

A nova cepa é apontada como a responsável pelas epidemias no Rio de Janeiro e em São Paulo, por ser potencialmente mais transmissível. Apesar da circulação em Estados próximos, o Espírito Santo não confirmou nenhum caso dela, mas ainda aguarda resultados de análises feitas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Mesmo assim, na última terça-feira (14), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, alertou sobre a epidemia e articulou com os municípios uma espécie de "força-tarefa" para aplicar cerca de 500 mil vacinas em duas semanas. O objetivo é ampliar a cobertura vacinal, passando dos então 78% para 90% do público-alvo.

Cientes do atual cenário capixaba, muitas pessoas têm se preocupado e procurado clínicas particulares para se vacinarem contra a gripe. O impacto já é sentido de maneira significativa em, pelo menos, dois locais de vacinação consultados pela reportagem de A Gazeta nesta quinta-feira (16).

A procura no Centro de Vacinação da Praia, com unidades na Grande Vitória, aumentou cinco vezes em relação à semana passada. Membro da equipe médica, o infectologista Paulo Peçanha detalhou que o número de pessoas vacinadas por dia passou de cerca de 30 para 150, aproximadamente.

Aspas de citação

A procura pela vacina da gripe aumentou nitidamente. A demanda ainda é menor que a do período tradicional (nos meses de abril, maio e junho), mas cresceu e entendemos que é em decorrência da percepção do surto

Paulo Peçanha
Médico infectologista do Centro de Vacinação da Praia
Aspas de citação

Comportamento semelhante também foi visto na Clínica Prophylaxis, uma rede fluminense que possui unidade em Vila Velha. Na semana passada, a procura era baixa, de uma ou duas doses aplicadas por dia. Entretanto, desde terça-feira (14), esse número já subiu para cerca de 15 a 20 vacinas diárias.

"A vacinação se inicia em abril e se estende até agosto. Depois, são só demandas esporádicas. De repente, tivemos esse aumento. Está sendo um caso bem atípico. As pessoas que achavam que iam passar batidas estão correndo atrás da vacina", disse Cláudio Sanmiguel, proprietário da unidade capixaba.

Na rede pública, a vacina contra a gripe é trivalente
Na rede pública, vacina contra a gripe é trivalente. (Divulgação | Sesa)

A Clínica Prophylaxis tem 1.300 doses contra a gripe, cada uma custando R$ 80. No Centro de Vacinação da Praia, ela sai por R$ 100. Em ambos, o imunizante é tetravalente, que protege contra duas variantes da Influenza A e da Influenza B — uma a mais que a disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).

Colunista de A Gazeta, o infectologista Lauro Ferreira Pinto afirma que é sempre importante se imunizar. "A vacina da rede privada protege contra uma cepa B a mais, mas as duas protegem da H3N2, embora nenhuma contenha a variante Darwin, que está causando os surtos no país. A proteção cruzada ainda é uma dúvida e divide especialistas", explicou.

QUAL A SITUAÇÃO NA REDE PÚBLICA?

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforçou que "a vacina contra a Influenza é segura e considerada uma das medidas mais eficazes para evitar casos graves e óbitos por gripe". Para a campanha deste ano, o imunizante utilizado protege contra as cepas do vírus Influenza A (H1N1 e H2N3) e Influenza B.

Em relação à cobertura vacinal, a pasta informou que foram aplicadas mais de 1,7 milhão de doses, sendo aproximadamente 839 mil nos grupos prioritários. Até a semana passada, a meta de 90% só havia sido atingida nos povos indígenas, cuja cobertura já correspondia a 108%. Nas demais, a cobertura era a seguinte:

  • Gestantes: 87%
  • Crianças: 85,9%
  • Puérperas: 82,2%
  • Idosos: 75,9%
  • Profissionais da saúde: 67,8%

"Devido à instabilidade no sistema do Ministério da Saúde (que chegou a sair do ar no último dia 10 devido a um ataque hacker), a Sesa aguarda o restabelecimento do serviço para atualização das coberturas", esclareceu. Dados sobre a procura por vacinas nos últimos dias também estão inacessíveis no momento.

VACINE-SE!

Neste ano, quase toda a população pode receber o imunizante no SUS, com exceção de crianças com menos de seis meses e quem teve reação alérgica grave à vacina anteriormente. Em setembro, o Ministério da Saúde também eliminou o intervalo de 14 dias entre a da Influenza e a da Covid-19.

Além de vacinar nas unidades de saúde, município também realiza ações em terminais e shoppings
Homem é vacinado: proteção. (PMS/ Divulgação)

Na Região Metropolitana, as pessoas podem se vacinar em qualquer unidade de saúde nos municípios de VitóriaVila VelhaSerra e Viana, de segunda a sexta-feira. Em Cariacica e Guarapari, é preciso procurar uma das que ofertam a imunização, também em dias úteis. Veja aqui onde e como se vacinar.

INFLUENZA: O QUE É?

As "influenzas" são tipos de gripe e isso já ajuda a entender do que se trata a doença. Os sintomas mais comuns são: nariz escorrendo, congestão nasal, espirros, tosse, febre, dor de cabeça, mal estar, mialgia (dores musculares) e dor de garganta – que costumam desaparecer em até sete dias.

Algumas pessoas têm mais chances de desenvolver um quadro grave. É o caso de crianças até cinco anos de idade, idosos, gestantes, imunossuprimidos e diabéticos. Assim como quem possui algum problema ou doença no coração (cardiopatas) ou nos pulmões (pneumopatas).

Assim como a Covid-19, a Influenza também é transmitida por via respiratória. Ou seja, usar máscara, evitar aglomerações, deixar os ambientes ventilados e reforçar a higienização das mãos e superfícies são atitudes que ajudam a evitar a transmissão do vírus. Além da vacinação contra a gripe, é claro.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais