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'Queremos movimentar mais carga para o ES', diz presidente da VLI

'Queremos movimentar mais carga para o ES', diz presidente da VLI

Em painel sobre infraestrutura para garantir exportações de produtos capixabas, Fábio Marchiori falou sobre o processo de renovação de concessão e o interesse no Espírito Santo

Publicado em 29 de agosto de 2024 às 16:07

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Painel sobre Infraestrutura para exportações no TecnoAgro
Painel sobre Infraestrutura para exportações durante o TecnoAgro, na Serra. (Ricardo Medeiros)

Os desafios da infraestrutura no Espírito Santo e seu papel no escoamento da produção agrícola do Estado, principalmente quando o assunto é exportação, foram tema, nesta quinta-feira (29), de painel no segundo dia de TecnoAgro 2024, evento da Rede Gazeta que está sendo realizado no Steffen Centro de Eventos, na Serra.

Participaram do painel Infraestrutura para Exportação no Espírito Santo, mediado pelo colunista de A Gazeta Abdo Filho, o vice-governador Ricardo Ferraço, o presidente da VLI, Fábio Marchiori, o CEO da Vports, Gustavo Serrão, e o secretário executivo do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Gleysandro Rodrigues.

Para o vice-governador Ricardo Ferraço, um dos principais gargalos para escoar a produção do Estado passa pela duplicação da BR 101, tratada como prioridade pelo governo para garantir a competitividade do Estado. A discussão está no Tribunal de Contas da União (TCU) e nos próximos meses deve-se chegar a uma conclusão em relação ao contrato de concessão, de forma a destravar os investimentos.

Outros assuntos prioritários elencados por ele passam pela conclusão do contorno de Fundão, que está sendo realizado pelo governo do Estado para ajudar a ligar a BR 101 a Serra, Aracruz, Fundão e Ibiraçu e a três portos.

Além disso, Ferraço destacou que o desenvolvimento do Espírito Santo para o futuro passa por conectar a Estrada de Ferro Vitoria a Minas com o Triângulo Mineiro, para que o Estado tenha mais participação na movimentação de cargas e também faça escoamento pelos portos capixabas, já que hoje boa parte dessa produção vai para Santos (SP).

Diante disso, foi assunto do painel a renovação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que está sendo discutida em Brasília, com audiências públicas a serem realizadas em breve, inclusive em Vitória. “Desde sempre acreditamos que o corredor Centro-Leste é estratégia de escoamento nacional. E o Espírito Santo é alternativa para contribuir para o escoamento da produção nacional. Precisamos pensar em como podemos transformar a ferrovia com mais eficiência”, destaca Ferraço.

Para o diretor-presidente da VLI, Fábio Marchiori, esse é o momento de buscar alternativas para desafios como o contorno da Serra do Tigre, em Minas Gerais, um projeto de construção de cerca de 450 quilômetros de ferrovia, que baratearia os custos de transporte entre o Centro-Oeste e o Espírito Santo. O objetivo é ganhar eficiência e também poder transportar mais cargas, principalmente conectando a ferrovia no Triângulo Mineiro com a EFVM, para facilitar o escoamento de produtos até a chegada no Porto de Tubarão, onde a empresa atua em alguns terminais com direito de uso.

'Queremos movimentar mais carga para o ES', diz presidente da VLI

"Com o processo de renovação da concessão, queremos movimentar mais cargas para o Espírito Santo", disse Marchiori. O presidente da VLI apresentou em números a importância da movimentação de cargas pelo Estado para a companhia logística.

Atualmente, a VLI movimenta aproximadamente 25 milhões de toneladas de carga por ano. No geral, todas os terminais e ferrovias operados pela empresa movimentam 65 milhões de toneladas por ano no Brasil. Portanto, a parcela do Espírito Santo é considerada significativa pela empresa.

"A gente trabalha insistentemente para trazer mais carga. É nosso interesse trazer mais e essa renovação oferece ao governo mais R$ 24 bilhões em investimentos em 30 anos e uma outorga de R$ 1 bilhão. Os investimentos vão beneficiar o Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais e outros", aponta.

Fabio Marchiori, presidente da VLI no TecnoAgro
Fabio Marchiori, presidente da VLI, durante painel no TecnoAgro. (Ricardo Medeiros)

Sobre as discussões em relação ao Contorno da Serra do Tigre, Marchiori cita algumas alternativas que estão sendo avaliadas, mas que ainda dependem de discussões com o governo. O custo avaliado para essa obra é de cerca de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões. Entre as possibilidades avaliadas, está a sugestão de alteração no traçado, que depende de política pública para fazer o investimento, com injeção direta de recursos do governo federal.

A segunda alternativa é uma mudança na portaria das ferrovias, o que já foi feito no passado. Isso permitiria investimento privado, com a chamada autorização ferroviária, que, a partir das licenças, daria a possibilidade de a empresa fazer o traçado e construir a estrada de ferro.

A interligação da EFVM com regiões de Minas Gerais tem o potencial de ampliar em 7 bilhões por ano o volume de cargas destinadas para serem escoadas pelo Espírito Santo.

Portos

Nesse sentido de aumentar a movimentação de cargas e a exportação de produtos no Espírito Santo, a Vports apresentou resultados dos dois anos de operação da empresa no Porto de Vitória.

Segundo o CEO Gustavo Serrão, no primeiro semestre de 2024 a movimentação de cargas cresceu 30% em relação ao ano anterior, batendo recorde de movimentação. Além disso, ainda há berços para crescimento de movimentação na casa de 20%.

Para o agro, foram entregues dois silos horizontais reformados que dobram a capacidade de armazenamento, prontos para receber café e outras cargas.

"Os próximos passos são a interligação de um ramal com a ferrovia, o que vai proporcionar a capacidade de dobrar a movimentação portuária", afirma.

Sobre Barra do Riacho, no Norte do Estado, Gustavo Serrão destaca que, neste ano, está sendo feita a primeira dragagem, para dar condições de utilização do terminal. A intenção é criar condições para operação de áreas de vocação do terminal como indústria térmica e offshore, segundo o CEO da Vports.

Os desafios do escoamento do café

Diante dos desafios apresentados em 2024 no setor logístico no Estado, principalmente sobre o gargalo para escoar as produções de café e rochas ornamentais, demandas do setor, o secretário executivo do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Gleysandro Rodrigues listou alguns pontos importantes para o setor.

O café produzido no Espírito Santo vai para 60 países e, segundo ele, o dono da carga é quem acaba pagando a conta do gargalo logístico. Entre os problemas, ele elencou a dificuldade de contêiner, por haver apenas um operadora no Espírito Santo e pela alta demanda em geral do produto.

Diante desses problemas, destacou a carta que fizeram para levar a público o problema e o que tem sido feito desde então para tentar melhorar a situação. No caso das regiões portuárias, destacou que a Vports está apresentando alternativas para transporte como a modalidade chamada breakbulk, além de mais áreas para estocar contêines.

“O Espírito Santo precisa melhorar a frequência de viagens e navios aqui para dar mais dinamismo à exportação no Brasil”, relata.

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