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Espírito Santo entra no mapa mundial da produção de baunilha

Espírito Santo entra no mapa mundial da produção de baunilha

Cultura está em expansão no Estado, mas enfrenta desafio de achar mão de obra, pois é um cultivo detalhista que demanda certos cuidados

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 11:11

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Baunilha é conhecida como rainha das especiarias por sua importância na produção de alimentos
Baunilha é conhecida como rainha das especiarias por sua importância na produção de alimentos. (Shutterstock)

Você sabia que a baunilha é considerada a “rainha das especiarias”? Seu uso na gastronomia e nas indústrias farmacêutica e de perfumes faz dela uma planta cada vez mais valorizada no mercado nacional e internacional, segundo informações do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

De acordo com o engenheiro-agrônomo José Arcanjo Nunes, doutor em Produção Vegetal, a baunilha é o segundo produto agrícola de maior preço no mercado mundial, ficando atrás apenas do açafrão produzido na Espanha. Por esses motivos, a especiaria tem despertado, de forma crescente, o interesse dos agricultores em produzi-la em terras capixabas.

“Há um grande interesse de produtores rurais e agricultores familiares no conhecimento sobre a cultura da baunilha. Isso tem levado alguns a iniciarem o cultivo. Normalmente começam com algumas plantas, mas, assim que já dominam as técnicas de cultivo, aumentam as áreas de plantio”, comenta.

“Em 2022, a Prefeitura de Muqui, a empresa Inovar e o Incaper realizaram o primeiro Encontro de Produtores de Baunilha do Estado do Espírito Santo. Esse encontro despertou o interesse de várias pessoas em procurar informações sobre a cultura da baunilha e principalmente a disponibilidade de mudas no Estado”, completa.

A produção capixaba acontece principalmente em Muqui, no Sul do Estado, e São Mateus, na Região Norte. Porém, novos plantios estão sendo feitos em Guarapari, Santa Leopoldina e Aracruz. “A produção ainda é pequena. O Estado é abastecido com baunilha vinda da Bahia e Madagascar, via Europa. Mas a perspectiva é que dentro de alguns anos tenhamos produção própria para abastecer o Espírito Santo”, diz José Arcanjo, que é consultor da Prefeitura de Muqui e da Inovar.

Um dos pioneiros na produção de baunilha no Espírito Santo é Claudio Cozer, dono da propriedade Cachoeira do Cravo, em São Mateus. Há seis anos ele planta a espécie Vanilla planifolia, a mais cultivada no mundo, e há quatro começou a vender o produto. “Neste primeiro momento, estamos trabalhando com as grandes docerias, sorveterias e restaurantes aqui no Brasil. Já temos um pequeno lote que foi para a França. O problema é o mundo entender que ‘sim, nós temos baunilha’. É um trabalho que estamos garimpando com negócios em andamento”, afirma.

Baunilha da forma como é usada na culinária
Baunilha da forma como é usada na culinária. (Shutterstock)

Além da França, a baunilha capixaba ainda tem como principais mercados Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Mas, apesar da ascensão da especiaria aqui no Estado, ainda há desafios.

Para o produtor, por exemplo, o maior deles foi preparar a baunilha para venda (fazer a cura). “Não tínhamos literatura nem experiência com resultados satisfatórios no Brasil, trata-se de um produto novo”, conta. “Outra dificuldade é a falta de mão de obra na agricultura, pois a cultura da baunilha é extremamente detalhista”, complementa.

Levar conhecimento para os produtores é, de fato, um desafio para o segmento, assim como a implementação de inovações. “Estamos trabalhando para que os interessados no cultivo da baunilha tenham as informações corretas para o sucesso na produção. O incentivo é para que o cultivo seja feito em ambiente natural, junto das espécies de árvores mais apropriadas para o desenvolvimento das plantas. Outra questão são os cuidados com o processo de cura das vagens de baunilha. A técnica tem que ser bem realizada para se ter vagens de excelente qualidade”, explica José Arcanjo.

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