Publicado em 13 de agosto de 2023 às 14:51
Cachaça, gim, vinho, espumante… Seja para comemorar, seja para socializar, o Espírito Santo produz diferentes tipos de bebidas alcoólicas. Com variações de cores, sabores e aromas, há opções para todos os gostos. Mas, claro, é preciso apreciar com moderação. >
Os destilados e os fermentados no Espírito Santo têm muita força. Vinícolas, destilarias, alambiques e cachaçarias por todo o Estado produzem bebidas que conquistaram não só o gosto dos capixabas, mas também são vendidas para outros Estados e já ganham até o mundo, inclusive com premiações internacionais. >
O Anuário da Cachaça 2021, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), revela que o Espírito Santo é o terceiro Estado do Brasil com maior número de estabelecimentos produtores registrados, com 64 empresas, e ocupa a segunda colocação no que diz respeito à densidade cachaceira, apresentando uma cachaçaria para cada 65.214 habitantes.>
O levantamento também mostra a quantidade de municípios por unidade federativa com pelo menos uma cachaçaria. O Espírito Santo ocupa a quinta posição, com 37 cidades.>
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São Roque do Canaã, no Noroeste do Estado, está na quarta colocação no ranking das cidades que apresentam o maior número de cachaçarias do país, totalizando 10 estabelecimentos. Fica empatada com Viçosa do Ceará, no Ceará, e Córrego Fundo, em Minas Gerais. >
Castelo, no Sul do Espírito Santo, tem cinco estabelecimentos produtores de cachaça registrados e ocupa a sexta posição no ranking. >
Em relação ao número de cachaças registradas, o Espírito Santo está na sexta colocação, dividindo a posição com a Paraíba, com 238 produtos cadastrados.>
Quando o assunto é exportação, o levantamento do Mapa destaca que a cachaça brasileira teve significativa recuperação em 2021 e exportou 7.221.219 litros para 67 países. >
O montante que corresponde a essa exportação, em 2021, foi de US$ 13.178.050. Como a cachaça é um produto típico brasileiro, o levantamento informa que não há importação do produto. >
Os países que receberam a maior quantidade em litros de cachaça foram, respectivamente: Paraguai, com 1.631.503 litros; Alemanha, com 1.630.407 litros; e Estados Unidos, com 903.714 litros.>
Da cachaça ao vinho, o Espírito Santo se destaca em premiações nacionais e mundiais. Em 2018, a Aquarela, do Alambique Princesa Isabel, em Linhares, Norte do Estado, foi premiada como a melhor cachaça branca do país. >
O prêmio foi concedido na terceira edição do Ranking da Cúpula da Cachaça, principal premiação do segmento, que a cada dois anos escolhe as 50 melhores do Brasil.>
Uma produção que tem ficado famosa é o gim da Zucchi Destilaria, localizada na Serra. A bebida conquistou a medalha de prata em um concurso internacional, o Spirits Selection by Concours Mondial, de Bruxelas, na Bélgica, em 2021.>
Outra bebida capixaba se profissionalizou após ter começado na área de serviço de um apartamento. Hoje, é produzida em uma destilaria que fica em Cariacica. Com o novo espaço, a produção aumentou e já foi premiada internacionalmente.>
Essa é a história do gim da Sanctvm Destilaria, que se desenvolveu após os amigos de Rodrigo Ribeiro, inventor da receita, chegarem à conclusão de que a bebida desenvolvida de forma artesanal era viável e a qualidade encontrada na produção era muito alta.>
A partir daí, Rodrigo decidiu inaugurar a destilaria, aberta oficialmente no dia 18 de dezembro de 2022. >
“Começamos de forma totalmente amadora, produzindo o gim como muitas pessoas hoje fazem cerveja em casa. Começamos testando a ideia de produzir um gim artesanal, dentro da área de serviço mesmo. O produto final foi tão bom que os amigos começaram a incentivar que aumentássemos a produção”, conta Rodrigo Ribeiro, de 56 anos, sócio da Sanctvm Destilaria.>
Os três litros de gim que eram produzidos, inicialmente, no apartamento foram parar em um destilador de cobre estilo inglês com capacidade para 200 litros.>
“Atualmente, na destilaria, trabalham quatro pessoas. Nós mantivemos a tradição de ter o gim 100% destilado em cobre. Mas, quando mudamos de um destilador pequeno de caráter amador e de fato profissionalizamos, adicionamos sensores e tecnologia de controle digital de ponta. O cobre remove elementos que são danosos para o gosto final. Normalmente, retira o amargor e, então, torna a bebida mais agradável, muito mais macia”, detalha Rodrigo.>
A matéria-prima na produção do gim, de acordo com Rodrigo, precisa obrigatoriamente de dois componentes, que são o zimbro e a semente de coentro. A partir daí, na produção podem ser feitas misturas e combinações que são ilimitadas. >
“Atualmente, usamos 13 ervas que produzem o sabor final e a característica do nosso gim. Também estamos finalizando uma receita que trará, entre os ingredientes, várias plantas oriundas do Espírito Santo, com características muito fortes no nosso Estado”, garante o responsável pela receita.>
O gim da Sanctvm é comercializado pelos parceiros físicos da destilaria e também pelo e-commerce da marca, que vende para os demais Estados brasileiros. >
Rodrigo lembra que a técnica da destilação é antiga. Tornou-se popular na Europa e foi disseminada por diversos países, mas o princípio permanece o mesmo.>
“Você pega uma solução líquida, aquece e vaporiza. Depois, você resfria. Ao resfriar, condensa e a solução volta da forma gasosa para a líquida. A diferença é que a temperatura faz o álcool presente naquela solução evaporar primeiro que a água. Então, tem uma extração mais pura. O nosso gim, por exemplo, é pentadestilado, o que garante um produto final extremamente puro”, observa Rodrigo.>
Como o Estado tem área de montanha e forte influência da Itália, também produz uvas e vinhos. A Região Serrana, com o clima frio, é um convite para a degustação da bebida. Vinícolas recebem turistas durante todo o ano, atraídos sobretudo pelos vinhos finos. >
Um dos destaques é a bebida da Vinícola Tabocas, de Santa Teresa, que tem ganhado premiações nacionais por conta da qualidade. Em 2021, a safra 2019/2020 ficou entre os 25 melhores cabernet sauvignon do Brasil, na Wines Of Brazil Awards.>
Pensando no Estado como uma potência para a produção de destilados e fermentados, empreendedores e produtores capixabas investem cada vez mais no setor.>
“Hoje, é possível encontrar alambiques espalhados por todo o território capixaba e, ao contrário do que se imagina, produzimos uma grande variedade de destilados. Alguns, como a cachaça e o gim, já têm um mercado mais consolidado. Outros, como o rum, o conhaque e a vodca, estão em busca dessa consolidação”, explica o coordenador comercial do Uaine Group, Rafael Pedroni.>
Como o Espírito Santo tem regiões de mar a montanhas, com diferenças climáticas, alguns produtores têm mais dificuldades do que outros na hora da produção.>
“Nosso Estado é bem heterogêneo quanto ao clima, relevo, tipo de solo e a outras coisas, mas, graças ao avanço tecnológico e à modernização de diversos alambiques, hoje o Espírito Santo tem produção em todas as regiões. Os alambiques registrados se espalham de Norte a Sul”, relata Pedroni.>
Analista sensorial e sommelier de cachaça, Pedroni destaca que o grupo Uaine, onde trabalha, recentemente fez a aquisição do alambique Da Mata, em Santa Teresa. Lá, é produzida uma cachaça que carrega o mesmo nome. >
“É possível encontrar a cachaça Da Mata em sites de vendas que atendem a todo o Brasil”, ressalta.>
O especialista enaltece a força do mercado no Espírito Santo. “Grande parte da produção é consumida dentro do Estado, mas, graças ao trabalho dos produtores, estamos chegando a outros Estados e até mesmo a outros países”, pontua.>
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